Cansados de tocar em projetos separados, o casal Alexandre Fon (bateria) e Raphaella Souza (vocal), em 2011, juntaram suas influências comuns e montaram uma banda diferente de todas dos points undergrounds do Rio de Janeiro.
Convidaram então Rafael Lichotti, um dos melhores guitarristas da cena local, amigo de longa data e o excelente baixista Renan Oliver para completar o time.
Já em 2012, Renan Oliver precisou deixar o grupo, dando lugar ao também excelente baixista Leonardo Lopes, que chegou agregando, com seu instrumento pesado e brutal, mais intensidade e ótimas composições com suas letras ácidas e urgentes ao repertório do Noise Under Control.
Agora a banda, que apresentou dois shows no último final de semana em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres, revela tudo e mais um pouco sobre suas músicas, novos trabalhos e muito mais.
Victor Hugo Cavalcante: Primeiro, é um prazer poder recebê-los novamente no Folk, e gostaria de começar perguntando: Como foi o processo de união das influências musicais de vocês para criar o som característico do Noise Under Control?
Noise Under Control: Na verdade, acabou sendo um processo bem natural apesar de tantas influências diferentes.
A gente não tinha um direcionamento fixo para o tipo de som que pretendíamos fazer.
Talvez isso aconteça um pouco mais agora, mas já estamos bem maduros e sintonizados musicalmente.
Victor Hugo Cavalcante: As letras do baixista Leonardo Lopes são ácidas e urgentes. Quais são as principais temáticas abordadas nas letras das músicas cridas por ele?
Leonardo Lopes: Distúrbios, opressão e exclusão sempre estiveram presentes nas minhas letras; abordando o sentimento do indivíduo e também de como a sociedade encara a violência causada por cada um desses fatores.
Houve um momento muito pessoal em Lista de Respostas; sobre a esperança de vida e na melhora de todo o caos descrito nas outras canções. Letras tristes e pesadas, mas um grito de alerta antes de tudo.
Victor Hugo Cavalcante: Como vocês veem o papel da música (e do rock alternativo) como forma de expressão artística e como ela pode influenciar ou impactar a sociedade atual?
Acho que a música tem um papel muito importante no comportamento de todas as sociedades em todos os tempos.
Na verdade, ela é um retrato da sociedade, mas esses papéis às vezes se invertem conforme a necessidade de cada época.
Nós achamos superimportante essa virada de chave.
A música, principalmente a alternativa; lê se a não predominantemente pop, tem que ser protagonista do seu tempo.
E a gente leva isso muito a sério.
Será uma tendência forte nos nossos próximos trabalhos e esperamos que também seja no cenário geral artístico.
São tempos difíceis e as artes têm que se pronunciar sempre e, sim, inspirar as pessoas a tomarem atitudes para mudar o mundo.
Victor Hugo Cavalcante: O lançamento do álbum Caixa dos Esquecidos parece ser um momento importante para a banda. Quais são as expectativas do grupo para esse lançamento e como vocês esperam que ele seja recebido pelo público?
O primeiro álbum é sempre um parto bem complicado, principalmente no nosso caso que já passamos por tantas fases e tantos problemas de distância.
Raphaella e Alexandre moraram em várias cidades nos últimos anos, enquanto Lichotti e Léo continuaram morando no Rio, mas a banda nunca parou.
É um projeto bem antigo que finalmente vai sair esse ano.
Estamos muito ansiosos pelo feedback do público.
Teremos só mais um lançamento em single e entramos em estúdio com força total para preparar o resto do álbum que terá todos os singles já lançados e algumas músicas inéditas.
Victor Hugo Cavalcante: Vocês poderiam compartilhar conosco um pouco sobre o processo de gravação e produção do álbum mencionado acima? Houve algum desafio específico que enfrentaram durante esse processo?
O processo de criação das músicas é feito a partir de riffs de Rafael Lichotti e Leonardo Lopes, ou músicas praticamente prontas servindo de rascunhos para elaboração e melhora de arranjos em conjunto, após isso, a harmonia e letras.
Não é uma regra, mas instintivamente acontece dessa maneira.
Para a gravação encontramos o produtor perfeito para compreender a dinâmica e como queríamos soar; Celo Oliveira.
A maior dificuldade no processo foi a distância, quando estávamos morando em cidades diferentes; Rio, São Paulo e Salvador.
Ainda assim, o costume com o procedimento minimizou os problemas.
Victor Hugo Cavalcante: Como é a cena underground no Rio de Janeiro atualmente? Vocês sentem que o cenário musical tem evoluído nos últimos anos?
A cena vem crescendo exponencialmente, mas ainda enfrenta diversos desafios, principalmente referentes a mobilidade do público!
Mas existem alguns movimentos que se destacam como o coletivo Rio + Rock que além de promover esse ambiente colaborativo entre as bandas, tem criado oportunidade para que as mesmas se apresentem para mais e mais pessoas.