Há quatro anos, Thais Aguiar começou suas pesquisas para materializar a musa modernista no espetáculo Pagu — Do Outro Lado do Muro, com o texto de Tereza Freire.
O espetáculo terá duas apresentações em Paraty durante a FLIP 2023, no dia 22, na Casa Pagã, e no dia 24, na Casa Gueto, pouco antes de sua morte completar 61 anos.
“É impressionante como a história de Pagu ainda faz uma provocação extremamente atual sobre a luta por justiça social e retomando uma cultura de papel transformador. As pessoas poderão vivenciar uma jornada cheia de detalhes para entender toda a complexidade dessa personalidade”, explica Thais.
O texto é baseado no livro Dos Escombros de Pagu, resultado de uma tese de mestrado de Tereza Freire.
A pesquisa, que durou quatro anos, resgata a vida e a obra dessa importante precursora de comportamentos político-sociocultural brasileiros de uma feminista, militante política, ilustradora, comunista e crítica literária e teatral.
Ela marcou a história do Brasil, revolucionando e chocando a sociedade dos anos de 1930, com suas ações e pensamentos inovadores.
“Ao ler o livro fiquei extremamente apaixonada por Pagu e por tudo o que ela representa para o feminismo no Brasil, levantando essa bandeira em um período no qual as mulheres tinham pouco espaço para se expressar. Eu me agarrei a essa história que, como mulher, sinto que também é minha”, conta a atriz.
No palco, Thais traz uma Pagu que expõe a sua vida e a sua relação com Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e os modernistas, com seus filhos, amores, amigos, família, viagens, descobertas, alegrias, tristezas.
A concepção cênica se propõe a repensar a linguagem de como o teatro narrativo foi apresentado, por meio dos estudos de Walter Benjamin e o teatro épico desenvolvido por Brecht.
O monólogo
Em Pagu — Do Outro Lado do Muro, a personagem volta para narrar sua trajetória de vida com todos os acontecimentos vividos e superados, sem qualquer sentimento de culpa e vitimização dos fatos.
Uma interpretação que mergulha nas memórias da personagem e emociona pela veracidade dos acontecimentos vivenciados, deixando o público livre para interpretar a história como quiser e com isso a narração atinge uma amplitude para além da informação.
Crédito da foto principal: Orvalho Filmes/Gaspar Lourenço