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Livro retrata protagonismo feminino à beira do mar

Não se esqueça de mim!, escrito por Solange Ocker, destaca a luta das famílias de pescadores e o protagonismo feminino nos lares brasileiros.

Capa do livro Não se esqueça de mim!, escrito por Solange Ocker.

Quantas foram as vidas levadas pelo mar daqueles que tiram dele o sustento?

As famílias, que um dia foram dilaceradas pela perda de um ente desaparecido, encontram voz e alento nas páginas de Não se esqueça de mim!.

O romance de Solange Ocker revive as difíceis décadas de 1960 e 70 ao resgatar não só a dor profunda da ausência e da saudade, mas a coragem e força para seguir adiante em meio ao luto.

A história se desenrola pelo olhar da jovem Amélia, que, ainda criança, precisa lidar com o desaparecimento do pai provedor da casa, em um trágico acidente no barco pesqueiro.

Mais velha de três irmãos, a menina testemunha a luta da mãe que desafia os padrões da época ao enfrentar assédio e misoginia no comércio de peixes, dominado por homens.

Já fazia algum tempo, Amélia tinha se tornado o braço direito da mãe. […]

Eram duas mulheres responsáveis pelo sustento da casa, pensou, estufando
o peito de orgulho. Pelo menos alguma coisa estava dando certo. Aprendeu com a mãe que esse era um bom pensamento para cultivar enquanto realizavam as duras tarefas.

Não se esqueça de mim!, p. 14.

Perto dali, um velho casal celebra o retorno do filho do exterior.

Sem memórias, o jovem precisa se readaptar à vida ao lado da mãe com demência e do pai que esconde segredos.

É questão de tempo para que as vidas das duas famílias se entrelacem e a história ganhe novos contornos.

Inspirada nas muitas histórias que cresceu ouvindo, a especialista em literatura Solange Ocker traça um retrato vívido da pitoresca vila catarinense da Armação da Piedade, na cidade de Governador Celso Ramos.

Explora locais emblemáticos da região, como a histórica Igreja Nossa Senhora da Piedade, erguida em 1745 e símbolo do orgulho dos moradores, e resgata memórias afetivas da cultura açoriana, como pratos típicos e a tradição da pesca, que moldaram a identidade da comunidade local.

Nomes da literatura clássica, como a inglesa Jane Austen e o brasileiro José Lins do Rego, e contemporâneos como o romancista Nicholas Sparks, conduziram a autora na escrita deste romance regional, que mergulha em temas profundos da existência.

Com sensibilidade, aborda questões como o empoderamento feminino, síndrome do ninho vazio e assédio sexual, mas, sobretudo, resgata a resiliência das comunidades litorâneas e o poder do amor em meio às adversidades.

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