Ao longo da história, o ceticismo e a inclinação para questionar verdades estabelecidas têm sido forças poderosas para promover mudanças e crescimento.
Atualmente, somos constantemente bombardeados por anúncios, estudos científicos exaltando os mais recentes superalimentos e discursos políticos, tornando uma dose saudável de ceticismo amplamente recomendada.
No entanto, quando esse ceticismo é legítimo, atuando como um catalisador para novas ideias, e quando se torna problemático?
E qual o papel que adotar uma perspectiva cética pode desempenhar na busca de uma vida intelectualmente virtuosa?
É a essas perguntas que Duncan Pritchard busca oferecer respostas em Ceticismo: uma brevíssima introdução, que chega pela Editora Unesp.
“Em poucas palavras, ceticismo é duvidar, de modo que ser cético sobre algo é ter dúvidas sobre isso. Ceticismo pode ser aplicado a muitas coisas: alguém pode ser cético em relação a uma pessoa (por exemplo, sobre os famosos vendedores de carros usados), um assunto (por exemplo, previsões de horóscopo) e mesmo objetos (por exemplo, alguém pode ser cético sobre se um ar-condicionado capenga vai sobreviver ao verão)”, escreve o autor.
“O que essas diferentes formas de ceticismo têm em comum é que nelas se está preocupado com se é possível confiar naquilo que está em questão, seja o conselho do vendedor de carros usados, as previsões do horóscopo ou a efetividade do ar-condicionado. Em suma, o ceticismo mina a crença (crença de o vendedor de carros dizer a verdade, crença de que o aparelho de ar-condicionado vai sobreviver ao verão, e assim por diante). É nisso que nos concentraremos neste livro”.
Neste livro curto, mas potente, Duncan Pritchard investiga as vantagens do ceticismo, especialmente quando desafia noções ultrapassadas, e destaca também as consequências sociais prejudiciais que podem surgir de posturas céticas que promovem a desconfiança.
Ele examina o ceticismo como uma fonte de movimentos sociais e políticos contemporâneos, mas também como a base da negação das mudanças climáticas, da política da pós-verdade e das fake news.
Além disso, ele explora os argumentos filosóficos de uma forma radical de ceticismo que afirma ser o conhecimento impossível, e discute algumas das principais respostas a essa perspectiva.
Finalmente, ele considera o papel do ceticismo na busca por maximizar o pensamento crítico e no aprendizado para uma vida mais significativa.
“Então, como podemos diferenciar, baseados em princípios, um ceticismo saudável que mira somente afirmações específicas de um ceticismo generalizado que tem as consequências perniciosas mostradas anteriormente?”, pergunta-se Pritchard.
Essa é uma das questões-chave que explora com maestria.