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Cia Pia Fraus leva arte para o Brasil com Teatro Portátil

Beto Andreetta, diretor da cia, revela um pouco sobre o projeto do grupo que chama atenção por onde passa e permite levar cultura para o Brasil todo.

Foto de Beto Andreetta, criador do Teatro Portátil e diretor da Cia Pia Fraus.

A cia Pia Fraus tem um vasto histórico de apresentações teatrais em diversos locais do Brasil e do mundo, afinal em 40 anos a cia comandada por Beto Andreetta já viajou por mais de 20 países com diversos espetáculos.

E foi observando essas viagens que surgiu, há dez anos, o projeto Teatro Portátil.

Foto da frente do Teatro Portátil da Cia. Pia Fraus.

Com uma estrutura grande e inflável nas cores vermelha e amarela, chamando a atenção por onde passa, o Teatro Portátil é uma atração gratuita e moderna que monta e desmonta rapidamente.

E, para saber mais sobre esse projeto, e comemorar com a cia, nós conversamos com o Beto sobre o Teatro Portátil.

Victor Hugo Cavalcante: Primeiro é sempre um prazer recebê-lo no Jornal Folk, e gostaria de começar com a seguinte pergunta: Como surgiu a ideia de criar o Teatro Portátil e qual foi a inspiração por trás desse projeto da Cia Pia Fraus?

Beto Andreetta: A Pia Fraus tem um histórico muito grande de ter viajado por 24 países, então, acabei vendo muitas estruturas em festivais de teatro de bonecos que são muito criativos, já vi mini circo, teatro em van, kombi, ônibus.

Acho que tudo isso junto que vi ao longo de 40 anos, todo esse histórico, é o que dá origem ao Teatro Portátil, da história de vida do grupo teatral e da minha em particular.

Victor Hugo Cavalcante: Quais são os principais desafios enfrentados ao montar e desmontar rapidamente uma estrutura inflável tão grande como a do Teatro Portátil?

Os desafios são grandes, mas conseguimos dominá-los.

Já tivemos estruturas bem maiores, tivemos um circo que se chamava Circo Roda, com os Parlapatões, o que era uma grande estrutura com mastro de 18 metros de altura, com quase 50 pessoas para montar, um conhecimento técnico muito apurado, como monta a lona e a arquibancada.

Temos o projeto BuZum! que são ônibus-teatro, então, por incrível que pareça, o Teatro Portátil é grande, mas é simples para quem domina a estrutura de infláveis.

O universo do inflável é muito rico e dinâmico. E depois do circo, o Teatro Portátil é razoavelmente simples.

Conseguimos montar em mais ou menos duas horas e meia e desmontar em uma hora e meia e tem ar-condicionado e luz.

É uma solução até para a coisa pública, o que pode ser adotado como política pública para locais que não têm teatro.

Victor Hugo Cavalcante: Como projetos como Teatro Portátil contribuem para a promoção da cultura e da arte em regiões onde o acesso a essas formas de expressão pode ser limitado?

O Teatro Portátil é um exemplo como muitos outros no Brasil.

É uma pena que o poder público não entenda isso e não incorpore isso na sua agenda.

Porque são soluções para pequenos municípios que não têm muito dinheiro.

Fazer um teatro físico custa alguns milhões de reais e o Teatro Portátil custa algumas dezenas ou talvez algumas centenas de reais, para uma estrutura que pode circular por uma cidade inteira levando espetáculos ao público.

Então, ele é exemplar.

A cultura, assim como a educação, tem esse dever de promover um país mais justo e melhor para todo mundo viver.

Essas estruturas são exemplo e prova de que é possível a gente melhorar e muito o nosso país.

Victor Hugo Cavalcante: Como a equipe da Pia Fraus trabalha para garantir que os espetáculos do Teatro Portátil sejam acessíveis e cativantes para públicos de diferentes idades?

Os espetáculos realizados no Teatro Portátil são muito acessíveis.

Às vezes a gente reclama do Brasil, mas o Brasil também tem coisas muito interessantes, como as leis de incentivo à cultura.

O Teatro Portátil nasceu com incentivo do Estado de São Paulo, por meio do ProAC-ICMS e de empresas que entendem que podem direcionar uma parcela de seus impostos devidos ao governo a projetos culturais interessantes e que realmente valorizem a cultura e a cidadania.

Então, conseguimos fazer o Teatro Portátil por meio de uma lei estadual, com isso, ele é grátis para o público.

O Brasil é exemplar dentro da América Latina como suporte para atividade cultural.

Os espetáculos da Pia Fraus são muito populares e muito profundos ao mesmo tempo, porque o ser popular não quer dizer que tem menos qualidade que algo erudito ou intelectualizado.

Procuramos fazer espetáculos de rápida comunicação, de conteúdos profundos e compatíveis com a realidade de hoje, tratando da questão do meio ambiente, da cidadania, desses conceitos básicos de existência contemporânea.

É nisso que a Pia Fraus insiste e acredita.

Fazemos espetáculos de profundidade, de qualidade, gratuitos, via leis de incentivo.

Victor Hugo Cavalcante: Quais são os principais feedbacks que vocês recebem do público em relação aos espetáculos do Teatro Portátil, e como essas opiniões influenciam o trabalho da equipe da Pia Fraus?

Os feedbacks que a gente recebe, na sua imensa maioria, são muito positivos.

Geralmente o Teatro Portátil é montado em um parque ou em uma escola pública, então, muitas vezes as pessoas estão ali passeando e é uma surpresa para elas, que entram em um lugar que tem ar-condicionado, iluminação e uma peça de teatro interessante.

Tem muitas pessoas felizes, emocionadas e que ficam gratas por estarmos fazendo esse trabalho, e assim, incentivando nosso trabalho.

Victor Hugo Cavalcante: Como a Pia Fraus trabalha em parceria com outras instituições ou organizações para levar os espetáculos do Teatro Portátil a diferentes comunidades?

Procuramos sempre estar em contato com instituições porque apesar de o Teatro Portátil ser financiado pelo Estado de SP, por meio da Secretaria de Economia Criativa e Cultura, sempre procuramos estabelecer parcerias com institutos, instituições, tem o contato com a comunidade, ONGs, porque muitas vezes eles estão ali no dia a dia e entendem melhor o horário e o local que são mais convenientes para a população, estão em contato com a população daquela localidade aonde vamos nos apresentar.

Muitas vezes essas localidades são determinadas pelos patrocinadores, às vezes são locais onde eles têm colaboradores, onde está a indústria.

Porque o ICMS é o imposto sobre circulação de mercadorias, então é uma parte do ICMS devido pelas empresas ao Estado, que elas podem conceder para atividades culturais.

Então, é muito importante que todo projeto cultural procure essas parcerias para entender a demanda do projeto cultural.

Porque às vezes você pode apresentar em um horário que é indevido, que vai atrapalhar, em um local que não tenha condições, então é essencial esse contato com as organizações.

Victor Hugo Cavalcante: Considerando a trajetória de 10 anos do Teatro Portátil, quais são os planos para expandir ainda mais esse projeto?

Estamos muito felizes em comemorar a existência do Teatro Portátil e de todo projeto de cultura que resiste.

O nosso objetivo é fazer circular por lugares onde não existam estruturas teatrais, onde o público está, de preferência para uma população que não tem acesso a esse tipo de bem cultural.

Nosso próximo projeto é um espetáculo sobre os dinossauros do Brasil para mostrar essa riqueza para as crianças, no ano que vem.

Também queremos fazer outro espetáculo sobre mudanças climáticas, o que está afligindo todo mundo e percebemos que as crianças estão preocupadas com isso, então, são esses dois projetos: mudanças climáticas e dinossauros, é o que vem por aí!

Muito obrigado pelo espaço e vida longa ao Teatro Portátil.

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