Written by 10:55 Cultura, esportes e entretenimento, Matérias do Folk Views: 11

Monólogo expõe feridas da identidade periférica em SP

O espetáculo Não Tem Meu Nome de Adelino Costa segue em cartaz até o fim de abril, abordando silenciamento, racismo e pertencimento nas periferias.

Imagem-montagem com banner de divulgação do evento.

Espetáculo criado a partir da leitura do romance O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório e Pertencimento: Uma Cultura do Lugar, de Bell Hooks, o monólogo Não Tem Meu Nome, escrito, dirigido e interpretado por Adelino Costa, segue em cartaz no Cemitério de Automóveis (Rua Francisca Miquelina, 155, Bela Vista, São Paulo–SP), às 20h30 das quartas-feiras, até o dia 30 de abril.

Ao longo do processo criativo, o artista resgatou memórias de sua infância e observou os desafios enfrentados pela população local, como barreiras sociais, econômicas e geográficas.

Essa imersão resultou em personagens inspirados em amigos de infância e no próprio autor, que exploram como as comunidades subalternizadas se adaptam para se encaixar em uma sociedade predominantemente burguesa e branca.

A dramaturgia questiona a suposta universalidade dessa visão de mundo e revela suas camadas de opressão.

A peça foi desenvolvida a partir da pesquisa de conclusão do curso de Pós-Graduação em direção teatral na FPA, sob orientação do Prof. Dr. Marcelo Soler.

Adelino Costa, seu criador, é ator, produtor e diretor com mais de duas décadas de experiência nos palcos.

A obra tem suas raízes na experiência pessoal de Adelino, que cresceu na COHAB de Guaíba, região metropolitana de Porto Alegre.

“Se o espetáculo conseguir provocar no público 10% da reflexão que o processo me proporcionou, aposto que sairá tocado pela proposta”, afirma Adelino.

Para viabilizar a montagem, o artista contou com o apoio da Galeria Olido e da Braapa Escola de Atores.

A encenação se estrutura em uma linguagem minimalista, onde o ator interage com objetos, luz e trilha sonora para construir a narrativa.

Algumas das outras referências teóricas e literárias citadas por Adelino na criação do espetáculo são Conceição Evaristo (Ponciá Vicêncio), Djamila Ribeiro (Pequeno Manual Antirracista), Chimamanda Ngozi Adichie (No Seu Pescoço), Itamar Vieira Júnior (Torto Arado), Cida Bento (O Pacto da Branquitude), Zygmunt Bauman (Identidade), Grada Kilomba (Memórias da Plantação) e Frantz Fanon (Pele Negra, Máscaras Brancas).

Já na cinematografia, Adelino destaca os longas Marte Um, de Gabriel Martins, e o documentário A Negação do Brasil, de Joel Zito Araújo.

Sinopse do espetáculo

Cena do monólogo Não Tem Meu Nome. Créditos: Arthur Santos.

Em Não Tem Meu Nome, o público é recebido pelo ator e personagem que se fundem na narrativa.

A partir de relatos de sua vivência como pessoa periférica na infância e adolescência, o performer apresenta uma dramaturgia que mistura ficção com elementos e fatos reais, trazendo questões como o silenciamento de comunidades subalternizadas por uma visão particular de mundo que mascara a violência, desprezo e crueldade por meio de uma ideia falsa de visão universal.

O ator, solitário no palco, utiliza-se de elementos narrativos para contar relatos que propõem uma reflexão urgente a respeito das relações sociais e, sobretudo, humanas.

Colocadas todas as reflexões, ao fim, em um depoimento pessoal, revela-se a sua principal necessidade de criação desta obra.

(Visited 11 times, 1 visits today)
Close