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Entrevista: Comanche fala sobre o rap que encanta

Renomado rapper carioca revela mais sobre sua carreira musical, influências e muito mais em entrevista exclusiva ao Jornal Folk.

Foto do cantor e entrevistado Comanche.

Comanche, um renomado rapper carioca conhecido por suas letras impactantes e produções audiovisuais, alcançou mais um marco em sua carreira com o lançamento do seu mais recente álbum, Positividade, em 22 de março de 2024.

Disponível agora em todas as principais plataformas digitais, o álbum apresenta cinco faixas distintas: Mundo de Terror, Lute, Acredite e Tenha Fé, Positividade, Mar que Encanta e Saber Viver.

Enquanto os fãs já estão familiarizados com Mundo de Terror e Saber Viver, as outras faixas prometem surpreender com novos sons e letras envolventes, consolidando ainda mais o impacto de Comanche no cenário do hip-hop nacional.

O rapper deu uma pausa em seus trabalhos e nos contou sobre suas experiências na música, suas influências e muito mais, confira:

Victor Hugo Cavalcante: Primeiro, é um prazer poder recebê-lo no Folk, e gostaria de começar perguntando: Ao longo de mais de duas décadas de carreira, você lançou uma variedade de trabalhos musicais. Como você vê a evolução do rap no Brasil desde o início da sua carreira até agora, e quais são os principais desafios que os artistas enfrentam atualmente na cena musical?

Comanche: Muito obrigado pelo convite, é uma honra estar aqui no Folk hoje.

Desde que comecei no rap, a evolução do gênero aqui no Brasil tem sido um caminho de aprendizado constante, apesar das dificuldades.

A música segue sendo uma ferramenta fundamental de expressão cultural e denúncia social, e o rap nacional desempenha um papel primordial nisso.

Quanto aos desafios, os MCs brasileiros enfrentam diversas barreiras.

A falta de reconhecimento, visibilidade e oportunidades ainda são grandes obstáculos.

A concorrência acirrada e a saturação do mercado também dificultam as coisas.

Além disso, a instabilidade financeira e a ausência de suporte profissional são problemas frequentes.

Mesmo com tantos percalços, o rap brasileiro continua crescendo e evoluindo, demonstrando a força e criatividade dos artistas.

A cada ano, vejo a cena se expandindo e conquistando mais espaço. Isso me enche de orgulho e fico feliz de ter a oportunidade de fazer parte disso.

Victor Hugo Cavalcante: Como a inspiração em bandas de rock influenciou o início da sua carreira no rap aos 17 anos e como ela se manifesta em sua música hoje em dia?

De fato, o rock teve um papel fundamental no início da minha carreira no rap, na década de noventa.

Quando comecei a escrever minhas primeiras letras, queria trazer a energia e atitude do metal para minhas rimas.

Ao iniciar minha jornada no rap, busquei mesclar o som pesado do metal com o ritmo underground do rap.

Hoje em dia, a inspiração do rock ainda é evidente na minha música.

Embora o rap seja o meu gênero principal, sempre procuro incorporar elementos do rock em minhas composições.

Isso pode ser observado no uso de guitarras em alguns instrumentais ou na forma direta e emocional como escrevo as letras.

A inspiração em bandas de rock não só influenciou o início da minha carreira, mas também continua se manifestando até hoje.

Acredito que essa fusão de estilos é o que torna o meu som único e autêntico.

Gosto de trazer a atitude do metal para o rap, mesclando energia, ritmo e sentimento.

Essa mistura de gêneros é o que me motiva a continuar criando música. 

Victor Hugo Cavalcante: Como você descreveria a evolução musical e temática de seus álbuns anteriores para o mais recente, Positividade?

A evolução da minha música ao longo dos anos reflete claramente o meu amadurecimento pessoal e artístico.

Meu primeiro álbum, Hip Hop Carioca, lançado em 2004, foi fortemente influenciado pelo cenário do Hip Hop da época.

As letras abordavam temas do cotidiano e questões sociais, com uma sonoridade caracterizada por bases pesadas e flow rápido.

Na Mixtape, continuei explorando a mesma pegada, mas ampliei as influências.

Já em Positividade, lançado recentemente, represento uma nova fase.

Inspirado pelo reggae, traz uma vibe mais leve e otimista, com letras focadas em mensagens positivas.

Em suma, observei uma evolução do rap tradicional para uma mistura mais eclética de estilos musicais, acompanhada por uma mudança temática, de assuntos sociais e políticos para introspecção e mensagens inspiradoras.

Acredito que essa transformação reflete não só o meu amadurecimento enquanto artista, mas também as mudanças internas vividas ao longo do caminho.

Hoje me sinto mais consciente e preparado para usar a música como veículo de conscientização positiva.

Espero que a evolução constante do meu som e letra possa inspirar e impactar cada vez mais pessoas.

Victor Hugo Cavalcante: O álbum Positividade parece transmitir uma mensagem de otimismo e esperança. Quais foram suas principais fontes de inspiração ao criar esse projeto?

Comecei a desenvolver o álbum Positividade em dezembro de 2023, buscando expressar uma nova fase em minha carreira artística e pessoal.

Minhas principais inspirações foram o reggae, gênero que sempre carregou uma vibe positiva, e minha própria jornada de autoconhecimento nesse período.

Ao longo dos últimos anos, vivenciei diversas experiências que me permitiram amadurecer.

Aprendi que, mesmo diante dos desafios e dificuldades da vida, é possível cultivar otimismo e fé no futuro.

Essa perspectiva mais leve e esperançosa passou a orientar minha visão de mundo.

Foi a partir dessa transformação interior que compus as letras de Positividade, buscando transmitir mensagens que inspirem outras pessoas a também enxergarem as coisas sob uma nova ótica, mais consciente e construtiva.

O álbum representa minha tentativa de usar a música como veículo para propagar sentimentos renovadores.

Espero, com esse trabalho, poder tocar quem ouve e contribuir, mesmo que modestamente, para disseminar um pouco mais de luz e esperança por aí.

Victor Hugo Cavalcante: O videoclipe de Mar Que Encanta, uma das músicas do novo álbum, celebra a beleza natural das praias do Rio de Janeiro e promove a conscientização sobre a preservação marinha, qual foi a sua principal motivação por trás dessa composição e como você espera que ela influencie seus fãs a se envolverem na conservação do meio ambiente?

A canção Mar Que Encanta nasceu da minha profunda admiração pelas belas praias do Rio de Janeiro.

Sua beleza sempre me inspirou artisticamente.

Além disso, quis usar minha música para promover a conscientização sobre a importância da preservação marinha.

Acredito no poder transformador da arte e em seu potencial para provocar mudanças positivas.

Ao abordar a questão ambiental na letra, espero inspirar as pessoas a se envolverem mais na conservação do meio ambiente.

Que, ao ouvir a música, sintam-se motivadas a apreciar e proteger a natureza, seja por meio de ações individuais como reciclagem e redução do uso de plástico, ou por meio de iniciativas coletivas de proteção dos oceanos e praias.

Todos nós temos um papel a desempenhar na proteção do nosso planeta.

Se a minha arte puder contribuir de alguma forma para essa conscientização, estarei satisfeito em cumprir minha missão como artista.

Acima de tudo, espero que a canção Mar Que Encanta transmita a beleza e importância dos mares, inspirando as pessoas a preservá-los por muitas gerações futuras.

Victor Hugo Cavalcante: Considerando a importância da preservação ambiental destacada em Mar que Encanta, como você acredita que os artistas podem usar sua plataforma para conscientizar sobre questões ambientais e sociais?

Os artistas podem usar suas plataformas de várias maneiras.

Eles podem usar suas músicas, como fiz com Mar Que Encanta, é possível educar e inspirar os ouvintes através das letras e melodias.

Os videoclipes são ótimos para conscientizar de maneira impactante, seja mostrando a beleza da natureza ou problemas reais como na favela.

Nas redes, além de compartilhar informações, dá para engajar os seguidores em campanhas importantes.

Durante shows e eventos, os artistas podem falar sobre essas questões ou organizar eventos beneficentes para arrecadar fundos para causas ambientais e sociais.

Os artistas também podem se associar a organizações sem fins lucrativos e outras entidades que trabalham para resolver questões ambientais e sociais.

Essas parcerias podem ajudar a ampliar o alcance e o impacto das mensagens.

Acredito que o uso estratégico e consistente dessas ferramentas pode realmente promover mudanças.

Victor Hugo Cavalcante: Você recebeu reconhecimento significativo por seu videoclipe Old School, inclusive sendo premiado como o melhor do ano no Prêmio Resistência Urbana. Como você vê o papel desses tipos de premiações na valorização do trabalho dos artistas do rap brasileiro?

Premiações como o Prêmio Resistência Urbana desempenham um papel fundamental na valorização e divulgação do trabalho dos artistas do rap brasileiro.

Mais do que simplesmente reconhecer a excelência artística, a criatividade e a inovação, elas servem como vitrine para mostrar a diversidade e riqueza desse estilo musical no Brasil.

Ser premiado como Melhor do Ano significa muito mais do que uma honra pessoal é a validação do esforço, dedicação e talento empregados na criação de obras como o videoclipe Old School.

Ao receber este reconhecimento, meu trabalho ganha visibilidade para um público maior, expondo meu trabalho a novos fãs e possibilitando que mais pessoas se conectem com a mensagem por trás da música.

Além disso, premiações como esta destacam a variedade de vozes e estilos que compõem o rap brasileiro, um campo em constante evolução e transformação.

Ao dar espaço para diferentes artistas, elas ajudam a consolidar a cena e inspirar novos talentos a seguirem carreira nessa área.

No fim, premiações como o Prêmio Resistência Urbana cumprem um papel social relevante de fomentar a cultura Hip Hop no país.

Victor Hugo Cavalcante: Você fundou a CR Produções visando promover a cultura Hip Hop. Como você vê o papel das produtoras independentes na cena musical atual?

Desde o início, o objetivo da CR Produções sempre foi promover a cultura Hip Hop e dar suporte para que artistas de Hip Hop pudessem dar vida às suas ideias por meio de videoclipes.

Vejo o papel das produtoras independentes como cruciais no cenário musical atual.

Diferentemente das grandes gravadoras, as produtoras independentes possibilitam que os artistas mantenham maior autonomia e controle sobre sua criação musical.

Isso resulta em obras mais autênticas e inovadoras ao terem liberdade para experimentar e expressar sua visão de forma genuína, sem as amarras comerciais com que grandes contratos podem vir.

Essa independência proporciona um terreno fértil para a experimentação, permitindo que novos sons e estilos se desenvolvam organicamente.

Ao longo dos anos, pude presenciar inúmeros talentos emergindo por meio desse modelo, com música que transmitia uma conexão real com a galera.

Acredito que essa liberdade criativa é essencial para a evolução contínua da música e para a expressão artística pura.

As produtoras independentes desempenham um papel social relevante ao democratizarem o acesso aos meios de produção e distribuição, abrindo as portas para que novos artistas mostrem seu potencial.

Victor Hugo Cavalcante: Além de sua carreira musical, você também participou de projetos em programas de TV e na trilha sonora de animes. Como você vê a interseção entre a música e outras formas de mídia?

A fusão entre música e outras mídias demonstra um potencial excelente para ampliar o alcance dos artistas.

Ao longo da minha carreira, tive a oportunidade de explorar essa interseção em projetos como a trilha sonora e participação em programa de TV.

Cada trabalho requer uma abordagem customizada, uma vez que a música deve complementar perfeitamente a história, os personagens e o tom geral da narrativa.

Na composição para trilha sonora, por exemplo, é fundamental compreender profundamente o enredo e a personalidade de cada personagem.

A trilha sonora desempenha um papel crucial ao definir a atmosfera e destacar momentos emocionais, aprofundando a experiência do espectador.

Ao ambientar cenas-chave, a música amplia o impacto da narrativa de forma sutil e imersiva.

Esses projetos me permitiram experimentar novos caminhos para a expressão musical e alcançar públicos diversos.

Além disso, pude aprimorar minhas habilidades ao compor conforme o roteiro e direção.

Acredito que a interseção entre música e outras mídias representa uma oportunidade valiosa para os artistas, funcionando como uma ponte para levar suas obras a novos ouvintes de maneira orgânica e sinergética.

É uma forma poderosa de ampliar o alcance e o impacto da música para além de seu contexto original.

Victor Hugo Cavalcante: Quais são seus planos para o futuro? Podemos esperar mais colaborações, projetos solos ou talvez até mesmo incursões em novas áreas criativas?

Certamente, tenho muitos planos e projetos em mente para o futuro próximo.

Em termos de música, quero continuar a expandir meus conhecimentos musicais, experimentando novos estilos e sons criativos.

Com certeza, a galera pode esperar novas produções e lançamentos ao longo deste ano.

Quanto a possíveis colaborações, estou em contato com alguns músicos para podermos lançar algo juntos ainda neste ano.

Tive a sorte de trabalhar com bons artistas no ano passado e estou sempre aberto a novas parcerias musicais que possam resultar em projetos interessantes.

Além da música, venho me interessando também pelo universo do cinema e considero seriamente a possibilidade de atuar em futuros projetos audiovisuais.

Acredito que essa intersecção entre música e audiovisual pode gerar experiências verdadeiramente únicas e enriquecedoras para a minha carreira artística.

Foi um prazer conversar com vocês!

Agradeço ao Victor Hugo do Folk pela oportunidade de dividir um pouco dos meus planos e projetos.

Espero que eu tenha atualizado a rapaziada sobre o que vem por aí e as novidades. Estou sempre grato pelo carinho e apoio que recebo do público.

Isso me motiva ainda mais a continuar trabalhando, criar coisas novas e me aperfeiçoar a cada dia.

Espero poder retribuir todo esse carinho com música de qualidade.

Mais uma vez, agradeço a oportunidade de falar sobre meus planos.

Foi um prazer estar aqui.

Espero que curtam as novidades e contem comigo para mais conversas como essa no futuro.

Um forte abraço a todos!

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