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Carlos Meceni aborda controle social e opressão em peça

Confira a entrevista com o diretor de Se Chovesse, Vocês Estragavam que usa a metáfora para denunciar à opressão e que será apresentada no Teatro Ruth Escobar.

Foto do entrevistado do dia: Carlos Meceni, diretor de espetáculos teatrais.

Carlos Meceni é um dos grandes nomes do teatro brasileiro, com uma carreira que começou nos anos 70, no icônico Teatro de Arena de São Paulo, participando de espetáculos históricos como Arena Conta Zumbi e Arena Conta Tiradentes.

Ao longo de sua trajetória, Meceni atuou, dirigiu e escreveu mais de cem peças teatrais.

Além disso, construiu três teatros na cidade de São Paulo e foi um dos fundadores da Cooperativa Paulista de Teatro.

Com uma vasta experiência em cinema e televisão, Meceni participou de 22 filmes e 19 novelas, além de séries recentes como O Mecanismo, Rua Augusta e Treze Dias Longe do Sol.

No cinema, integrou o elenco de produções como Arigó e Gosto se Discute.

No teatro, participou de importantes espetáculos, incluindo Roda Viva e Coriolano.

Sua formação acadêmica inclui cinema na FAAP, pedagogia na UNISA, além de trabalhos com grandes mestres como Eugenio Kusnet e Augusto Boal.

Meceni também se dedicou à orientação vocal e a mais de 30 cursos livres nas áreas de teatro, cinema e vídeo, consolidando uma carreira marcada pela inovação e pelo compromisso com a arte.

Carlos Meceni também é diretor do espetáculo Se Chovesse, Vocês Estragavam Todos, que estará sendo apresentado nas duas últimas sextas-feiras do mês de setembro (20 e 27), às 20h30, no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, e com direito a intérprete de Libras e audiodescrição.

Se Chovesse, Vocês Estragavam Todos é um espetáculo que mergulha nas tensões entre educação, família e poder durante um período de repressão.

A peça narra a história de uma jovem estudante, dividida entre a opressão da escola e o silêncio em casa, onde seus familiares, transformados em bonecos, simbolizam aqueles que ousaram questionar o sistema.

Sob a direção de Meceni, o espetáculo ainda conta com um elenco talentoso, uma trilha sonora imersiva de Fernando Peiter e texto de Clóvis Levi e Tânia Pacheco, que utiliza metáforas sutis para criticar o controle social e o papel das instituições.

Conheça mais do espetáculo nesta entrevista com o diretor.

Victor Hugo Cavalcante: O que o público pode esperar da produção teatral Se Chovesse, Vocês Estragavam Todos em termos de metáforas e simbolismos que refletem a opressão da época retratada?

Carlos Meceni: Na verdade, Victor Hugo, o espetáculo não se trata de refletir sobre uma opressão datada e sim uma realidade onde a educação obedece um reflexo da realidade.

Victor Hugo Cavalcante: A escola e a família são cenários importantes na peça. Como você escolheu representar esses dois espaços como instrumentos de controle e repressão?

A família (quando presente e formada), a religião e a escola são objetos de controle social e o texto mostra isso de certa forma metaforicamente.

Victor Hugo Cavalcante: Em casa, a aluna interage com familiares transformados em bonecos. Qual o significado desse simbolismo na trama?

O simbolismo, se é que podemos chamar assim, está sempre ligado na relação família e você, eles dificilmente estão disponíveis aos seus problemas, a existência, na nossa sociedade é tão complexa que cada um tem um mundo submerso e vê o outro sem conseguir sair da própria existência.

Victor Hugo Cavalcante: O Teatro Ruth Escobar tem um papel histórico de resistência à ditadura. Qual a importância de apresentar a peça Se Chovesse, Vocês Estragavam Todos nesse local, que carrega um legado tão forte?

Sim, verdade, o Ruth tem esse valor, porém estamos lá, por se tratar de um local que pertence a uma entidade da classe de produtores, a APETESP, e a peça não cabe num teatro puramente comercial.

Victor Hugo Cavalcante: Como foi o processo de trabalhar com os atores para desenvolverem personagens que remetem a figuras oprimidas, mas que também têm sutis momentos de resistência?

Ensaios e discussões, mais ensaios e discussões, discussões e ensaios e uma força de vontade imensa por parte das atrizes e dos atores.

Victor Hugo Cavalcante: O espetáculo Se Chovesse, Vocês Estragavam Todos possui um forte componente de crítica social. Como você vê a relevância de se discutir temas como opressão e controle social em um momento em que o mundo também enfrenta diversas formas de repressão?

Esse é o motivo principal da montagem, poder dizer essas coisas artisticamente.

Victor Hugo Cavalcante: A peça é carregada de metáforas e simbolismos. Como você equilibrou esses elementos com a necessidade de manter a narrativa acessível ao público?

Esse é o nosso trabalho, contar histórias e emocionar o espectador, nossa arma ou a única arma da arte de representar.

Victor Hugo Cavalcante: Que reflexões ou emoções você espera que o público leve para casa após assistir Se Chovesse, Vocês Estragavam Todos?

Nós do espetáculo esperamos que quem assista se emocione com tantas verdades que apresentamos e que constatem nas suas existências.

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