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A obesidade é fator agravante para muitas doenças e o câncer não é exceção.
Uma pesquisa realizada com 69 mil mulheres canadenses e publicada na JAMA Surgery indica que o risco de incidência do câncer de mama em mulheres obesas é 42% maior em comparação com pacientes que eram obesas, mas que haviam passado por cirurgia bariátrica.
A oncologista do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP) e do Hospital São Marcelino Champagnat, Aline Vieira, explica que o excesso de peso leva ao estado pró-inflamatório crônico das células, tornando-as resistentes à insulina no organismo.
“O desenvolvimento do câncer ocorre quando as células de defesa, além de atacar as de gordura, atacam as células de defesa do organismo. Isso favorece tanto o desenvolvimento quanto o crescimento do tumor”, explica a médica.
Estudos também indicam que o alto índice de massa corporal reduz os benefícios da quimioterapia no tratamento e aumenta as chances de recidiva do tumor.
Bariátrica
No que diz respeito à cirurgia bariátrica, pesquisas mais recentes sugerem que ela pode ter um efeito protetor, reduzindo o risco de desenvolvimento de câncer de mama em mulheres, além de ajudar na perda de peso e diminuir a possibilidade do surgimento de outras doenças.
Um estudo publicado em 2020 no periódico Annals of Surgery mostrou uma redução na incidência do câncer de mama após a cirurgia para redução de peso.
A pesquisa acompanhou mais de 100 mil mulheres obesas ao longo de dez anos e descobriu que aquelas que fizeram cirurgia bariátrica reduziram em 33% o risco de desenvolver câncer.
Segundo o cirurgião bariátrico do Hospital São Marcelino Champagnat, Caetano Marchesini, o bypass gástrico é o procedimento mais associado à perda de peso e tem apresentado resultados significativos na redução dos casos de câncer de mama.
“Estudos científicos demonstram uma correlação positiva entre a cirurgia bariátrica e a diminuição do risco de desenvolvimento desse tipo de câncer”, explica o cirurgião.
“A obesidade está fortemente relacionada ao aumento da produção de hormônios femininos, o que pode promover o crescimento de células cancerígenas. Além disso, outras doenças também relacionadas à obesidade, como a resistência à insulina e diabetes tipo 2, síndrome metabólica, inflamação crônica e alterações hormonais, podem interferir no câncer de mama. No entanto, a relação entre obesidade e câncer de mama é complexa e ainda não está completamente compreendida”, ressalta Marchesini.
Especialistas alertam que, mesmo com as novas possibilidades e avanços no tratamento com a cirurgia bariátrica, o autoexame das mamas e visitas regulares ao ginecologista são fundamentais para a detecção precoce da doença.
Além disso, a manutenção do peso e estilo de vida saudável ajudam a reduzir surgimento do câncer e diversas doenças.