A cantora e compositora Lara Lopes, que possui deficiência visual (baixa visão), está lançando seu primeiro single, Té (ou Chá em português), uma canção envolvente que une sensualidade e uma forte mensagem de inclusão.
Com uma carreira que mistura gêneros latinos, música popular e urbana, Lara usa sua arte para dar visibilidade às pessoas com deficiência, mostrando que elas são parte ativa na sociedade, inclusive quando se trata de temas como liberdade sexual.
A canção Té explora a descoberta da atração mútua entre duas amigas em uma narrativa sensorial e envolvente.
Tudo começa quando a protagonista, sozinha em casa assistindo Netflix, é surpreendida pela chegada de uma amiga, que confessa seu desejo.
A letra é um jogo de sedução, com trocas de olhares e desejos, culminando em uma experiência íntima que vai além da amizade.
“Dice que quiere saber cuál e’ el sabor de mi té” (“disse que quer saber qual é o sabor do meu chá”, em português) se torna a frase central que resume o clima de aventura e atração entre as duas.
A música faz uma conexão simbólica com o universo de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.
A protagonista se compara ao Chapeleiro Maluco, enquanto a amiga é vista como Alice.
Essa analogia dá um toque de fantasia à narrativa, comparando a relação das duas a uma “festa do chá” mágica e transgressora, onde regras são quebradas e novas possibilidades são exploradas.
O uso dessa referência fortalece a ideia de que a canção é uma viagem pelo desconhecido, assim como a experiência da própria descoberta sexual.
O videoclipe: Elementos visuais e não visuais
O videoclipe de Té reforça o conceito da música, alternando entre dois cenários: um quarto e uma festa do chá.
As cenas do quarto, animadas, representam a protagonista sonhando em viver a experiência que canta, enquanto as cenas da festa do chá, filmadas, revelam o lado real e lúdico da trama.
A troca entre animação e live action enfatiza a “loucura” e a magia envolvidas na narrativa, criando uma atmosfera quase surreal.
As cores do clipe, que variam entre tons de roxo, azul e rosa, fazem referência às bandeiras bissexual e sáfica, reforçando o tema da liberdade sexual feminina.
A intenção é transmitir que o desejo e a intimidade fazem parte da vida de qualquer pessoa, independentemente de sua orientação ou condição.
Mais do que uma simples narrativa de descoberta entre amigas, Té busca quebrar os tabus sobre a sexualidade de pessoas com deficiência.
Lara Lopes, que estudou música clássica e canto lírico antes de se encontrar no canto popular, sempre teve como foco a luta pela inclusão no meio musical.
Com este trabalho, ela desafia a visão estereotipada de que pessoas com deficiência são puras ou desprovidas de desejos.
“Acredito que a música e o clipe gerarão um debate construtivo sobre esse tema, que não é amplamente abordado no meio musical. Isso pode impactar positivamente minha trajetória artística e minha luta pela inclusão. Essa obra mostra ao mundo que pessoas com deficiência são pessoas normais, que não só podem como devem fazer o que os demais fazem”, comenta Lara.
Assista ao videoclipe da música abaixo:
Uma trajetória em ascensão
Nascida no Brasil, Lara Lopes passou parte de sua infância no México, onde o espanhol se tornou seu primeiro idioma.
Essa vivência trouxe uma forte influência dos gêneros latinos para sua música.
Atualmente, ela cursa licenciatura em música na Faculdade de Música do Espírito Santo (FAMES), onde se dedica ao estudo da voz.
Além disso, luta pela valorização da música urbana, especialmente o reggaeton, dentro do ambiente acadêmico, um gênero que também permeia sua arte.
Com Té, Lara Lopes não só afirma sua identidade como artista, mas também sua missão de dar visibilidade e reconhecimento às pessoas com deficiência, mostrando que elas, como todos, têm direito à liberdade, ao desejo e ao prazer.