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Entrevista: Rebeca revela sobre sua carreira e novo álbum

A artista de Niterói nos conta um pouco mais de sua carreira e sobre o lançamento de Espiral, seu segundo álbum produzido por Rodrigo Martins.

Foto da cantora e entrevistada Rebeca.

Cantora, compositora e produtora musical niteroiense, Rebeca iniciou sua trajetória na música em 2014 participando do DVD Acústico do grupo de rap Oriente.

Uma das faixas em que canta, Linda Louca e Mimada, atingiu mais de 155 milhões de streams no YouTube, alcançando sucesso nacional.

A partir disso, ela integrou turnês do grupo, apresentando-se em palcos renomados ao redor do Brasil.

No mesmo ano, começou a lançar canções, e mais tarde um álbum, com sua banda de MPB, Gragoatá.

Em 2015, chegou às oitavas de final do programa The Voice Brasil como parte do time de Lulu Santos e Carlinhos Brown.

A cantora iniciou carreira solo em 2019 com o lançamento do disco Corar (Mangolab), com produção sua e do indicado ao Grammy Latino, Rodrigo Martins.

Em seguida, foi selecionada pelo programa do Spotify Escuta As Minas, e gravou a canção autoral Só Sei Pensar Em Você, além de ter lançado versões acústicas de faixas do álbum, rendendo uma participação do cantor e compositor Rubel, e a inserção da canção Fantasia na trilha sonora do filme da Netflix Diários de Intercâmbio.

Rebeca também é conhecida pelas faixas Quero ir para Bahia com você e Jovem (acústico), feitas em parceria com Julio Secchin.

Em 2023, tornou-se artista da gravadora Deck e lançou os singles que antecederam o lançamento do seu segundo disco solo: Foge de Casa, Cada Amor, Cofre, Flecha (feat. Nina Fernandes) e Caixas.

Agora no mês de abril, Rebeca se prepara para lançar ao disco Espiral, produzido por Rodrigo Martins.

É claro que nos interessamos por mais informações sobre a carreira da cantora e sobre este novo álbum.

Victor Hugo Cavalcante: Primeiro é um prazer recebê-la no Jornal Folk, e gostaria de começar com a seguinte pergunta: Você teve uma jornada bastante diversificada, desde participar do DVD Acústico do grupo Oriente até integrar o programa The Voice Brasil e lançar seu próprio disco solo. Quais foram os momentos mais marcantes ou significativos para você ao longo desse percurso?

Rebeca: Oi, Victor! O prazer é meu.

Cada momento me proporcionou sentimentos diferentes.

São dez anos desde que comecei, então talvez eu não fale de bastante coisa que foi impactante.

Acho que, de forma mais externa, sair em turnê com o Oriente me arrebatou bastante.

Conheci grandes palcos, passei por muitos festivais e vi muito mar de gente cantando a minha música, é bonito e emocionante.

Ter uma banda (Gragoatá) me fez aprender como é difícil levantar um projeto sem recurso e, ao mesmo tempo, me proporcionou um crescimento musical muito especial, a possibilidade de compartilhar nervosismos antes de começar um show e me sentir mais forte no palco com eles, celebrar junto as conquistas.

Internamente, o processo de produção de Corar foi muito especial também, eu e Rodrigo Martins fizemos um disco em um quarto, e eu pude vasculhar mais minha sonoridade. Espiral agora marca um momento de maior abertura sobre quem sou para o público, através dessa narrativa mais confessional, então até mesmo antes do lançamento, sinto que já me marcou.

Victor Hugo Cavalcante: Sua participação no programa The Voice Brasil em 2015 certamente teve um impacto significativo em sua carreira. Como essa experiência influenciou sua música e sua abordagem como artista?

Ter participado do The Voice Brasil não me influenciou muito nas escolhas musicais e na minha abordagem como artista.

Quando entrei no programa, estava produzindo o álbum com a Gragoatá e havia acabado de entrar em turnê com o Oriente.

Amadureci um direcionamento artístico um pouco depois dessa fase, mais para perto da época que fiz Corar.

Embora tenha me dado bastante visibilidade, o programa teve mais um papel de me apresentar como cantora.

Eu ainda não tinha uma estética definida como hoje em dia.

Victor Hugo Cavalcante: Como foi o processo de criação do seu segundo álbum solo, Espiral, e qual foi o principal diferencial em relação ao seu trabalho anterior?

Acho que o principal diferencial é que Espiral é um álbum que gira em torno da canção e essas canções começaram, pela primeira vez, por mim.

O processo de criação aconteceu na minha vontade de entender o que eu sentia e de que forma isso se transformaria para o formato de música.

É um álbum completamente atravessado pelo tipo de música que eu estava ouvindo na época e a maioria das artistas era cantora-compositora: Joni Mitchell, Adriana Calcanhotto, Adrianne Lenker, Björk, Lana Del Rey, Clairo.

Nesse disco acredito mostrar mais quem sou e o que eu estava sentindo na época, de forma mais confessional.

É um filho de sessões de terapia mais exercícios de escrita. (Risos)

Victor Hugo Cavalcante: Poderia nos contar um pouco mais sobre as parcerias presentes no álbum, especialmente com as cantoras Lio e Nina Fernandes? Como foi trabalhar com elas e qual foi a contribuição delas para o projeto?

A presença tanto da Lio quanto da Nina veio da minha vontade de colaborar com artistas mulheres, cantoras, compositoras que eu sentia fazerem sentido no universo de Espiral.

Em Concha, a Lio complementou um arranjo vocal divino e acrescentou o trecho final na letra.

Há tempos que conheço a Lio e há tempos não nos falávamos, mas quando nos reencontramos foi como se esse tempo não tivesse passado.

Admiro muito o trabalho dela e o sentimento que ela coloca nas músicas.

Como ela está apta para falar de sentimentos difíceis e transbordar.

Em Flecha, convidei a Nina Fernandes, a qual é uma compositora de mão cheia e tem um jeito específico de narrar suas histórias.

Assisti a alguns shows da Nina em São Paulo, me emocionei e me identifiquei muito com suas canções, via que ela falava sobre o que eu sentia também sabe?

O encontro foi muito fluido e ela se entregou no dia de gravação, foi super especial.

Victor Hugo Cavalcante: Qual é a mensagem ou tema principal que você gostaria de transmitir através das músicas do álbum Espiral?

O tema percorre sentimentos de frustração, vulnerabilidade, medo e esses sentimentos se desenvolvem por meio de um processo de amadurecimento sobre relações.

Existe uma abordagem melancólica no início, que caminha até um lugar de mais força, ensolarado.

Victor Hugo Cavalcante: Você mencionou a vulnerabilidade transmitida pela Lio na interpretação da música Concha. Como você acha que essa vulnerabilidade se reflete na sua própria arte e como isso influencia sua música?

Acho que criar com vulnerabilidade me permite acessar e passar meus sentimentos mais honestos nas canções.

Victor Hugo Cavalcante: Como você descreveria o estilo musical e as influências presentes em Espiral? Houve alguma mudança significativa em relação ao seu estilo anterior?

O estilo musical transita entre MPB, Pop, Indie, Folk na maioria da produção do disco.

Acho que em Concha a gente experimenta um caminho mais eletrônico, mas, ainda, sim, dramático.

Não sei se o estilo mudou, mas gosto de fazer álbuns diferentes, que possuam direções novas.

Espiral é mais acústico, melancólico, introspectivo em comparação com Corar.

Com certeza o universo é familiar, mas existe uma variedade de sonoridades que adoro e que ressoam conforme o momento que estou vivendo.

O próximo álbum será diferente desse também.

Victor Hugo Cavalcante: Além das colaborações com outros artistas, quais foram os maiores desafios enfrentados durante a produção do álbum e como você os superou?

A distância, no início, foi algo que atrapalhou.

Eu gravava vozes no meu quarto, editava e produzia através do zoom com o Rodrigo, que estava primeiro em Boston e depois em Los Angeles.

Me mudei duas vezes, uma para São Paulo e outra para o RJ.

Comecei como artista independente e terminei como artista de gravadora.

Os recursos mudaram e as coisas foram acontecendo mais rápido.

Foi um álbum de produção longa, começamos em 2020 e terminamos em 2024.

Se não tivesse tomado esse tempo todo, não teria chegado a esse resultado, que eu me orgulho bastante.

Então, apesar da demora, eu tenho muito apreço por cada momento desse processo de produção.

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