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Entrevista: A jornada transformadora de Carla Carvalhosa

Entrevista com a artista plástica destaca como sua arte é um reflexo de seu próprio processo de transformação e crescimento.

Foto da artista plástica entrevistada Carla Carvalhosa.

Carla Carvalhosa nasceu no Rio de Janeiro em 1967 e desde muito jovem descobriu sua paixão pelo desenho.

Sua trajetória é marcada por várias premiações e participação em diversas exposições.

Há 30 anos, a artista plástica ministra cursos que vêm formando vários artistas e desenvolvendo trabalhos terapêuticos através da arte.

Sua maior característica sem dúvida é a versatilidade, onde usufrui total liberdade em técnicas e estilos, sem com isso, perder sua identidade artística.

Ela ainda se apropria de diversos materiais de maneira espontânea e autodidata, expressando suas emoções e faz isso com maestria.

Em janeiro de 2020, Carla apresentou a exposição individual com o tema LIBERDADE no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro e em setembro/2020 no Espaço Cultural Correios Niterói.

Carla Carvalhosa propôs, através de suas obras, uma reflexão sobre o que é viver em uma época tão conturbada, tempos de pandemia, quando o significado de liberdade estava sendo tão questionado, sendo assim, ela também se desafia a criar em novas e múltiplas linguagens plásticas buscando a própria liberdade de criar.

Conheça agora um pouco mais da artista plástica, de suas obras e muito mais.

Victor Hugo Cavalcante: Primeiro é um prazer recebê-la novamente no Jornal Folk, e gostaria de começar com a seguinte pergunta: Você realizou exposições individuais com temas provocativos, como LIBERDADE, Mulher: O que te Sustenta e Ser Mulher: um Percurso de Papéis. Qual é a importância para você de abordar temas sociais e emocionais em sua arte, e como você espera que suas exposições impactem o público e promovam reflexão e diálogo?

Carla Carvalhosa: Sempre tive interesse nesses temas e a parceria da curadoria de Marcia Costa, arteterapeuta Junguiana agrega a possibilidade de aprofundar temas tão diversos, profundos e sensíveis que buscam trazer o público para uma reflexão do seu próprio processo e se possível dialogar com a imagem.

Trabalhamos juntas na construção de todo processo da exposição, buscando despertar sensações e sentimentos ao público por meio de diversos recursos: visuais, literários (letra de música, lendas, mitos…) e sonoros.

Pensamos ser esse um bom caminho a reflexão e ao diálogo.

Victor Hugo Cavalcante: A liberdade de criar é um tema central em sua obra. Como você define essa liberdade artística e como ela se reflete em seu processo criativo e em suas obras de arte?

Durante muitos anos utilizei a pintura como minha principal linguagem expressiva em diversos estilos e técnicas, mas foi a partir da exposição LIBERDADE, durante a pandemia, que experimentei a tridimensionalidade utilizando a modelagem em papier machê e a escultura em papietagem.

Isso trouxe, analogamente, uma visão ampla das possibilidades de novas vivências pessoais e artísticas, abrindo novos horizontes.

Victor Hugo Cavalcante: Sua trajetória artística de 30 anos inclui não apenas a criação de obras de arte, mas também o ensino e a terapia através da arte. Como você acha que essas diferentes facetas do seu trabalho se complementam e se influenciam?

Quando iniciei no ensino da arte, foi visando ensinar as técnicas que sabia, porém, fui surpreendida com as histórias de vida que essas pessoas me traziam durante as aulas e que, após determinado tempo, relatavam o quanto a arte as havia transformado.

Nesses 30 anos vi o quanto é potente a arte para auxiliar no processo criativo das pessoas e o poder transformador dela em mim e nos alunos do meu ateliê.

Victor Hugo Cavalcante: Ao longo dos seus 30 anos de carreira, você acumulou várias premiações e participou de diversas exposições. Qual você considera ser o ponto alto ou o momento mais significativo até agora em sua trajetória artística?

Eu considero o momento atual o mais significativo da minha trajetória artística e pessoal.

A exposição SER MULHER é uma autobiografia e só me dei conta após sua montagem e principalmente, após a construção da Árvore da Vida montada na última galeria, nela está representada minha jornada pessoal cheia de desafios e superações.

Victor Hugo Cavalcante: Você possui uma versatilidade como uma característica marcante em sua obra. Como você equilibra a exploração de diferentes técnicas e estilos enquanto mantém sua identidade artística coesa?

Descobri há algum tempo que o artista está sempre se construindo e desconstruindo, isso é saudável, para isso precisei me permitir, experimentar aquilo que minha alma estava pedindo em cada momento e fui em busca disso.

Sou curiosa e essa curiosidade me permitiu transitar por diversos estilos e técnicas.

A minha coesão está em me permitir expressar com liberdade meus sentimentos em qualquer linguagem sem me preocupar com rótulos.

Victor Hugo Cavalcante: O uso de diversos materiais parece ser uma parte importante do seu processo criativo. Você poderia falar um pouco mais sobre como você escolhe os materiais para cada obra e como eles contribuem para a mensagem que você deseja transmitir?

Eu tenho um tema central, pesquiso materiais e me preencho de ideias.

Para cada linguagem, a dinâmica é diferente:

Esculturas: a estrutura é básica para todas as esculturas, exemplo: cabo de vassoura, embalagens plásticas, papelão, jornal, macarrão de piscina.

Para cada personagem, o revestimento é feito com recorte de jornal ou revista, buscando tons ou temas referentes aos personagens.

Os acessórios (brincos, pulseiras, etc.) são feitos de embalagens de achocolatados, cápsula de café, lacre de latinha.

Após a colagem, às vezes, utilizo uma leve camada de tinta spray.

Nos quadros de técnica mista: os recortes de revistas e jornais são selecionados a partir do tema e colados.

Após esse processo, a pintura é sobreposta à colagem, dando uma unidade ao tema.

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