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Elisa Marques comenta sobre narrativas de novo livro

Escritora conversou conosco sobre o livro Minha Mão na Sua Boca e Um Verso Sobre o Amor que explora as diferentes fases do amor em poemas.

Foto da escritora e entrevistada Elisa Marques.

Elisa Marques é goiana, nascida em 1994, e cresceu em Goiânia.

Estudou Jornalismo e Psicologia nos Estados Unidos e atualmente divide seu tempo entre literatura e cinema, sendo também roteirista e diretora.

Elisa desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita inspirada pelas obras de seu falecido avô, a primeira referência que teve de escritor.

Até minha terapeuta sente falta de você, primeiro livro da autora que traz sentimentos profundos sobre fins de relacionamentos, foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo da Secretaria de Estado de Cultura de Goiás como Melhor Obra Cultural, no ano de 2023.

Agora, lança a publicação poética Minha mão na sua boca e um verso sobre o amor, que ganhará uma adaptação para o audiovisual no segundo semestre de 2024.

E é essa obra literária e sua narrativa que discutimos com a autora nesta entrevista exclusiva.

Victor Hugo Cavalcante: Primeiro, é um prazer recebê-la no Jornal Folk, e gostaria de começar com a seguinte pergunta: Como surgiu a ideia de escrever Minha mão na sua boca e um verso sobre o amor? Houve algum evento ou momento específico que te inspirou?

Elisa Marques: Eu escrevo autoficção, logo, minha escrita parte de mim, da minha vida, dos meus sentimentos, do que eu consigo observar para além do óbvio.

Este livro em específico, por exemplo, foi inspirado em romances que não vingaram, em amores que eu nem cheguei a viver.

E esses são tantos que passam às vezes despercebidos por mim, mas não pela minha escrita.

Victor Hugo Cavalcante: Você poderia nos contar um pouco mais sobre como seu estudo na psicologia influenciou sua escrita e a abordagem poética neste livro?

O estudo da psicologia é muito ligado ao estudo das emoções e como elas interferem no nosso comportamento, no funcionamento do nosso corpo, nos nossos pensamentos.

Então escrever este livro me forçou a parar e olhar para esse conhecimento adquirido anos atrás na faculdade, de maneira que eu pudesse utilizá-lo para traduzir de forma fiel e convincente o que acontece com a gente quando vivenciamos o amor e a paixão.

Victor Hugo Cavalcante: Em muitos dos seus poemas, você aborda tanto o prazer quanto os incômodos do amor. Como você equilibra esses dois aspectos na sua poesia?

A vida é um aglomerado de extremos opostos, ainda mais quando se pensa em amor romântico.

Nunca tive a intenção de caminhar apenas por um lado neste livro.

O equilíbrio vem justamente dessa relação antagônica que é o amor.

A divisão do livro em capítulos também foi algo que ajudou muito nesse processo.

Victor Hugo Cavalcante: O livro é dividido em capítulos que refletem diferentes fases de um relacionamento. Como foi o processo de organização desses capítulos e a escolha dos poemas para cada um?

Assim como fiz no primeiro livro, separei os poemas em pilhas que expressavam sentimentos/emoções diferentes.

Alguns falavam de saudade, outros de desejo sexual, de rancor, de tristeza, de amor.

A partir daí fui escolhendo um verso de algum poema que melhor traduzisse seu respectivo compilado.

Depois de várias mudanças na ordem dos poemas dentro de cada capítulo, chegamos a uma sequência que satisfizesse.

Victor Hugo Cavalcante: A música, como Mania de Você de Rita Lee, e a cultura clássica são referências em seus poemas. Como essas influências moldaram sua escrita?

Sempre digo que escrever é metade observar.

Depois a gente bota no papel e revisa por meses o que foi escrito para garantir que foi BEM escrito.

Mas tudo começa no ato de observar.

Eu escuto música prestando atenção na letra, vejo um filme atenta ao roteiro e como ele foi construído, vou numa aula de filosofia e discuto sobre como Beethoven era triste… ou não.

Minha vida molda a minha escrita.

Victor Hugo Cavalcante: O livro apresenta, por meio de poemas, um processo de cura e autorreflexão, como a escrita poética pode ajudar nesse processo em específico, tanto para quem escreve quanto para quem lê?

Quanto mais eu converso sobre algo mais próximo de uma conclusão eu chego.

Tanto ler quanto escrever me ajudam a entender as coisas.

Escrevendo chego mais perto da minha verdade.

Lendo posso encontrar na escrita do outro a veracidade que procuro.

São duas forças que se complementam.

Victor Hugo Cavalcante: As ilustrações de Thales Campos acompanham seus poemas. Como foi a colaboração com ele e qual a importância das imagens na sua obra?

O Thales tem sido um ponto de segurança na minha escrita.

Desde o princípio, a interpretação visual da poesia era muito importante para mim.

Sempre adorei os livros da Rupi Kaur e do Igor Pires, por exemplo, que tem essa base ilustrativa.

Então quando vi a sensibilidade dos traços do Thales sabia que tinha que ser ele.

O livro poderia existir sem imagens, mas não teria a mesma força.

Sou defensora de livros de poesia ilustrados.

Victor Hugo Cavalcante: Com prefácio de Luca Brandão e endosso de Guilherme Pintto, seu livro já nasce com importantes apoios. Como essas colaborações agregaram valor ao seu trabalho e qual a importância de ter essas vozes na sua obra?

Ter minha escrita validada por profissionais da área que sempre admirei foi um passo muito importante na minha carreira.

São dois nomes que trouxeram um peso e percepções diferentes para o livro.

Eles também têm um público que não só é fiel ao trabalho deles, mas também às suas indicações.

Ter o nome do Luca e do Guilherme para sempre atrelado à minha obra não foi a cereja do bolo.

Foi o bolo inteiro.

Tenho muito orgulho desse feito.

Victor Hugo Cavalcante: Como você acredita que o contexto contemporâneo, especialmente com as redes sociais e a cultura digital, influencia as experiências amorosas descritas em seus poemas?

Antigamente, quando se falava em poesia, pensávamos em cartas de amor.

Hoje, os poetas já escrevem mensagens de WhatsApp, directs no Instagram, e-mails.

Agora, temos termos como ficante, crush, peguete e até “conversante”.

Antes, tudo se confundia com amor.

Hoje, a paixão leva vários nomes.

Essas experiências não são únicas, mas são únicas dessa geração.

Passear por elas é constantemente reinventar a literatura. 

Victor Hugo Cavalcante: O que você espera que os leitores sintam ou aprendam ao ler Minha mão na sua boca e um verso sobre o amor? Qual é a mensagem principal que você deseja transmitir através de seus poemas?

Quero que quem leia o livro encontre-se em diversas linhas.

Que sintam paixão, amor, tesão, raiva, tristeza.

E quero que em cada poema lembrem de alguém e, se der na telha, envie aquele versinho de amor para aquele de quem muito se gosta.

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