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Curso explora relação entre envelhecimento ativo e arte

Em março a Clínica Pomar promoverá um curso online de pós-graduação lato sensu em Envelhecimento Ativo, Subjetividade e Arte, e fomos saber mais do curso.

Foto da entrrevista e arteterapeuta Angela Philippini.

Em um cenário de transição demográfica acelerada, o Brasil se vê diante do desafio de se adaptar a uma população cada vez mais envelhecida.

Nesse contexto, o enfoque em envelhecimento ativo, subjetividade e arte emerge como uma abordagem essencial para promover o bem-estar e a qualidade de vida dos idosos.

Atenta a essas questões, a Clínica Pomar promoverá em 12 de março o curso online de pós-graduação lato sensu em Envelhecimento Ativo, Subjetividade e Arte, trazendo não só o (re)conhecimento dos momentos de crises e perdas, como a descoberta de talentos e potenciais adormecidos, auxiliando em novas formas de ‘ser’ e ‘estar’.

A coordenação é de Angela Philippini, arteterapeuta, psicóloga, diretora da Clínica Pomar, presidente da Associação de Arteterapia do Rio de Janeiro, Mestre em criatividade pela Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, e Doutora em Ecologia Social pelo EICOS-UFRJ.

E agora ela nos conta tudo e mais um pouco do curso e seus objetivos.

Victor Hugo Cavalcante: Primeiro, é um prazer recebê-la novamente e gostaria de começar perguntando: Qual a importância do enfoque em Envelhecimento Ativo, Subjetividade e Arte no contexto atual da sociedade brasileira?

Angela Philippini: Aqui no Brasil, estamos em plena transição da pirâmide etária que se completará em meados de 2030.

Um acelerado processo de transformação em um “país de velhos”, com sérias consequências para a sociedade em geral, na medida que não há uma preparação prudente para essa realidade e as políticas públicas voltadas para o público idoso são escassas, pouco conhecidas e utilizadas.

Victor Hugo Cavalcante: Quais são os principais desafios enfrentados pelos profissionais que trabalham com idosos no Brasil, e como esse curso (Envelhecimento Ativo, Subjetividade e Arte) busca preparar os participantes para lidar com tais desafios?

Por não haver políticas públicas em quantidade adequada, há uma ampla desinformação, não só das necessidades do público idoso, mas também de quais profissionais podem ajudar e de que forma podem fazê-lo.

Sendo que as famílias de idosos, neste contexto, deixam de receber o suporte necessário e na maioria das vezes não sabem a quem recorrer, quando se agravam as complexidades do envelhecimento de seus familiares.

Assim, profissionais que poderiam ajudar sequer são contatados, causando prejuízo para todos.

Victor Hugo Cavalcante: Como a abordagem da arteterapia contribui para promover o bem-estar e a qualidade de vida dos idosos?

Arteterapia caracteriza-se fundamentalmente por ser um método terapêutico mediado por estratégias criativas diversas, adaptadas a cada indivíduo a ser atendido.

As atividades desenvolvidas, devidamente escolhidas para atender a necessidade do cliente, promovem, entre outras possibilidades, diálogos internos e externos que promovem bem-estar além de correlatos fisiológicos benéficos por propiciarem a liberação de neurotransmissores como serotonina, endorfina e dopamina.

Victor Hugo Cavalcante: Existem exemplos práticos ou casos de sucesso que possa compartilhar?

Uma das dificuldades mais presentes na vida de muitos idosos é a solidão, e o processo arte terapêutico além de assegurar um efetivo espaço de interlocução, incentiva a possibilidade do autocuidado e da compreensão de necessidades emocionais que se tornam claras no desenvolvimento das atividades expressivas.

Além disso, a prática criativa ameniza o estresse e reduz queixas físicas inespecíficas, sobretudo no que se refere a chamada “clínica da dor”, sendo frequente clientes chegarem com queixas de dores diversas e após cerca de meia hora de práticas criativas e relaxantes não sentirem mais os sintomas iniciais.

Vale ressaltar que as atividades arteterapêuticas desenvolvidas em grupo potencializam estes benefícios. 

Victor Hugo Cavalcante: Quais são as expectativas em relação ao impacto que o curso Envelhecimento Ativo, Subjetividade e Arte pode ter na comunidade de profissionais que lidam com idosos, tanto no aspecto pessoal quanto no profissional?

Costuma haver uma prevalência nas intervenções voltadas ao público idoso no eixo: “Saúde-Doença” com uso de tabelas, escalas e medidores diversos para mapear questões físicas e pouca ou nenhuma preocupação com o bem-estar psicológico da pessoa que envelhece, seus planos, desejos e sonhos.

O conceito de Envelhecimento Ativo abrange, entre outras metas, ter um projeto de vida que seja estimulante e que anime o idoso a se cuidar e conservar a própria autonomia.

Um dos propósitos do curso é que profissionais e comunidade em geral, se conscientizem que a cada dia envelhecemos.

Todos e todas, inexoravelmente, assim, buscar as melhores alternativas para construir uma longevidade saudável é prudente e necessário.  

Victor Hugo Cavalcante: Como a interdisciplinaridade, representada pela diversidade de professores e temas abordados no curso online, pode enriquecer a formação dos participantes e ampliar sua visão sobre o envelhecimento ativo?

A interdisciplinaridade no curso atende de forma natural e produtiva os aspectos multifatoriais e polissêmicos do envelhecimento.

Lembrando o Estatuto do Idoso, lá está estabelecido que envelhecer é “Um direito personalíssimo”…

Assim, são bem-vindas as estratégias diversas, para atender de modo mais abrangente as singularidades de quem envelhece. 

Que afinal, somos todos nós a cada dia que passa.

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