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Bate-papo com Mônica Rosales

Quando pensamos no futuro muito se fala sobre esperança e as crianças de amanhã, mas será que pensamos também nas crianças de ontem que são os idosos de hoje? Conheça nesta entrevista um pouco do trabalho da Associação São Joaquim que desde 2006 atua pelo envelhecimento digno e pleno de sentido das pessoas idosas.

Crédito: Divulgação

Cuidar da valorização das pessoas 60+ é essencial para uma vida plena e uma sociedade justa.

Qual é o caminho para que cada vez mais pessoas possam completar o ciclo da vida com dignidade, propósito e sentido? Que velhice queremos?

Estas são algumas questões que a Associação São Joaquim prega e que nos faz refletir.

A Associação oferece serviço de convivência e fortalecimento de vínculos para 350 pessoas idosas de Carapicuíba-SP.

O objetivo do trabalho é oportunizar a socialização, o fortalecimento de vínculos, a manutenção da autonomia, a valorização e a garantia de direitos durante o processo de envelhecimento.

E é para falar sobre a associação, seu trabalho e suas ações que conversamos com Mônica Srur Rosales, fundadora da associação.

Victor Hugo Cavalcante: Primeiro agradecemos por nos conceder esta entrevista e gostaria de começar perguntando: Como funciona o trabalho da Associação São Joaquim (ASJ) e como ela surgiu?

Mônica Rosales (Associação São Joaquim): A iniciativa nasceu fruto do desejo do Sr. Alberto Srur (próximo de completar 80 anos) e sua esposa, Aida Srur, de contribuir para o bem-estar físico e sociocultural de pessoas durante o processo de envelhecimento.

Aida e Alberto Srur tornaram-se os patronos da iniciativa nos seus primórdios, criando um fundo patrimonial e eu, como filha, fundei, então, a Associação São Joaquim.

Com o grupo de cofundadores, definimos uma abordagem de atuação a partir do conceito de ser humano integral.

Atualmente o trabalho é de grande relevância para a melhoria da qualidade de vida de centenas de pessoas idosas no município.

A Associação São Joaquim tem se tornado uma referência de Centro de Convivência para a maturidade ativa no Brasil, fonte de inspiração para profissionais de áreas afins e comunidades.

O objetivo do trabalho todo é oportunizar a socialização, o fortalecimento de vínculos, a manutenção da autonomia, a valorização e a dignidade durante o processo de envelhecimento. Uma oportunidade de viver plenamente esta fase da vida, repleta de possibilidades de realização, apoio mútuo e desenvolvimento pessoal.

Victor Hugo Cavalcante: Para celebrar os vínculos, nutrir relações e apoiar centenas de pessoas idosas a ASJ realizará no dia 28 de maio a quinta edição do evento Dádivas, nascido em 2020 para fomentar a cultura de doação de forma afetiva, gastronômica e consciente, afinal, como surgiu a ideia deste evento?

O evento foi idealizado por mim e pela Regina Helou, da Atobá, que tem bastante experiência com ações beneficentes.

Na Associação temos um planejamento de mobilização de recursos e os eventos sempre fizeram parte do conjunto de entradas com as quais trabalhamos para diversificar as entradas, mantendo a saúde financeira de forma significativa, pois o almoço tem uma sinergia forte com os nossos objetivos: promover vínculos e alcançar diferentes formas de mobilizar recursos, que não são apenas financeiros.

Neste evento, o dar e o receber são vivenciados intensamente, e convidamos a refletir como são ações próximas, sendo que quem doa também recebe: o bem que proporciona para outras pessoas e, além disso, pode vivenciar a convivência que está sendo possibilitado às pessoas vulneráveis.

A convivência é algo sutil e essencial na vida de qualquer pessoa, isso ficou bem evidente durante a pandemia.

No Dádivas reunimos talentos, como os chefes renomados e artistas voluntários/as, e empresas e pessoas físicas, são diversas formas de doação, unindo pessoas em torno da conscientização da importância de cuidarmos do processo e da valorização do envelhecimento na sociedade.

Victor Hugo Cavalcante: O que podemos esperar desta edição do Dádivas que contará com almoço assinado pelos chefs Neka Menna Barreto e Martin Casilli?

A gastronomia é um diferencial do evento, sem dúvida!

Contamos com a doação do talento de Neka Menna Barreto e Martin Casilli, que pensaram um almoço outonal com a tônica da vitalidade e do sabor de infância.

Neka e Martin estão oferecendo seus serviços voluntariamente para Associação São Joaquim de Apoio à Maturidade, agradecemos imensamente esta dádiva!

Victor Hugo Cavalcante: A quinta edição do Dádivas procura não apenas levar aos convidados o conceito de “economia das dádivas”, em que o dar e o receber são vivenciados intensamente, com a proposta de valorização da abundância, sem deixar de lado a sustentabilidade, mas também relembrar os momentos com nossos avós com um exímio menu afetivo, mas afinal, para você o quão importante é mantermos essa memória afetiva de nossos avós e também do convívio entre as diferentes gerações?

A relação e o convívio entre gerações são de suma importância para toda a família e para sociedade.

É por meio das relações entre diferentes idades que podemos valorizar todas as etapas da vida, conhecer a histórias e as memórias que constituem quem somos hoje.

As diferenças de idade estão sempre em movimento, é uma oportunidade de valorizar o presente, se preparar para o futuro com base no que foi construído no passado.

Valorizar a nossa origem e nossos antepassados, é preciso honrar e passar para frente os valores e sabedorias para quem continua a escrever a história.

Victor Hugo Cavalcante: Como você enxerga a política em prol aos idosos hoje em dia?

A lei do nosso país é bastante abrangente e contempla os direitos das pessoas idosas, aquelas que conquistaram 60 anos ou mais anos.

A questão é que nem sempre são cumpridas, nem pelas famílias (a primeira responsável por garantir uma vida digna e plena) e nem pelo estado, que muitas vezes não garante os direitos descritos na lei.

Na política de Assistência Social voltada às pessoas idosas, por exemplo, temos previstos serviços de proteção para esta faixa etária, são eles: proteção básica (Centros de convivência que atuam na prevenção de dependências, o caso da ASJ), média complexidade (Centros Dias) e alta complexidade (Instituições de longa permanência, moradia).

Como organização social, acreditamos que é importante participar da incidência e da conscientização nas políticas públicas.

Não podemos garantir o direito à socialização e tantos outros para todas as pessoas do município, por isso atuamos nos Conselhos de Direitos para ampliar a abrangência do trabalho social realizado por meio da participação na esfera política.

Cidadania é conhecer direitos e deveres e contribuir para serem cumpridos em sociedade, por nós mesmos e pelas outras pessoas envolvidas na nossa rede.

Victor Hugo Cavalcante: E como você entende que nós, enquanto povo, podemos contribuir para uma qualidade de vida maior aos mais idosos?

É exercendo a nossa cidadania que conseguimos assegurar nossos direitos civis, políticos e sociais. Esta tarefa começa em casa!

Como cidadãos temos deveres e direitos, entre eles: liberdade, vida, igualdade, voto, moradia, educação e saúde, por exemplo.

Apesar de a lei valer para pessoas de todas as idades, há 20 anos foi criado o Estatuto da Pessoa Idosa, que ressalta a prioridade das pessoas 60+ na garantia de seus direitos e os detalha.

Se foi preciso criá-lo, é porque como sociedade não respeitamos historicamente os direitos de quem conquista muitos anos de vida.

E também porque as pessoas estão vivendo mais, afinal, sabemos que o envelhecimento da população é um fato para o qual precisamos nos preparar. Pois, se tudo der certo, todos nós chegaremos à velhice.

E para isso não basta termos leis, precisamos também dar um novo sentido ao envelhecimento também nas nossas famílias, valorizando – o como parte essencial do ciclo da vida.

Por isso, a tarefa é de cada um(a) de nós! Devemos valorizar nossos parentes assim como gostaríamos de ser tratados. Todas as pessoas ganham!

Precisamos estar atentos e conscientes no papel de cada pessoa na construção de um mundo para todas as idades.

É preciso buscar ajuda, envolver toda a família e construir uma rede de apoio, compartilhar desafios e soluções e nos fortalecer para participar e criar realidades mais justas, começando por quem está próximo. Envelhecer é uma conquista!

Victor Hugo Cavalcante: Infelizmente quando se fala em pessoas idosas e serviço de convivência de idosos já se pensa em idosos abandonados pelos seus filhos/netos, como você enxerga esse abandono parental e como a ASJ procura driblá-la?

O trabalho da ASJ inclui também a conscientização das famílias sobre o seu papel de garantir as necessidades das pessoas que envelhecem.

No entanto, percebemos, pela atuação nos conselhos, que a negligência, infelizmente, é um crime ainda bastante comum.

Em famílias de baixa renda as dificuldades são ainda maiores para as famílias.

Por isso, é tão importante os municípios garantirem os serviços de assistência e saúde preconizados na lei, bem como a atuação em rede para serem cumpridas.

Victor Hugo Cavalcante: Para quem deseja obter informações sobre a associação, como falar com vocês?

Adoramos receber visitas!

Ficamos na R. João Fasoli, 701, próximo à Granja Viana e à Praça da Aldeia de Carapicuíba. E também podemos conversar por e-mail ou por telefone: saojoaquim@saojoaquim.org.br e 11 41860520.

Entre em contato!

Victor Hugo Cavalcante: Algo mais que gostaria de acrescentar?

Convidamos todas as pessoas para refletir sobre a velhice.

Já pensou que, se tudo der certo, todos nós chegaremos à velhice?

Cuidar da valorização das pessoas 60+ é essencial para uma vida plena e uma sociedade justa.

Qual é o caminho para que cada vez mais pessoas possam completar o ciclo da vida com dignidade, propósito e sentido? Que velhice queremos?

Deixamos aqui este vídeo na esperança de contribuir na construção de um novo conceito de envelhecimento, com possibilidades para uma vida digna e plena para todas as pessoas maduras!

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