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Entrevista Folk: As cores de Augusto Mangussi

Artista autista transforma sua pintura em lenços que unem arte, moda e representatividade com sensibilidade e liberdade criativa.

Foto do artista que mostra orgulhoso alguns de seus quadros que viraram estampas de lenços.

Augusto Mangussi é um jovem artista cuja obra expressiva e colorida vem ganhando destaque por sua autenticidade e força emocional.

Seu trabalho, repleto de cores marcantes, paisagens sensoriais e elementos afetivos, tem ganhado novos suportes, como os lenços autorais lançados recentemente.

Embora seja ele o protagonista da trajetória artística, quem conduz esta narrativa é sua mãe e curadora, Larissa Lafaiete — voz central dessa entrevista.

Augusto e sua mãe Larissa Lafaiete. Crédito: Divulgação

Com sensibilidade e compromisso, Larissa compartilha os bastidores do processo criativo de Augusto e mostra como a arte pode ser um elo entre autonomia, inclusão e expressão pessoal.

Victor Hugo Cavalcante: Primeiro, agradecemos por nos conceder essa entrevista e gostaríamos de começar perguntando: Como surgiu a ideia de transformar as obras de Augusto em peças de vestuário como os lenços?

Larissa Lafaiete: O Augusto gosta de ver suas cores em lugares diferentes.

A ideia do lenço veio porque é algo que se move, que está perto do corpo, que pode ser tocado.

Achamos bonito pensar que sua pintura poderia ser usada pelas pessoas, virar parte delas também.

Victor Hugo Cavalcante: Que simbolismos ou mensagens vocês buscaram destacar nas estampas desta coleção, do ponto de vista dele como artista e do seu, como curadora e mãe?

As estampas traduzem os elementos que fazem parte do repertório sensível do Augusto: paisagens, símbolos de proteção, flores, mesas, cores marcantes e contrastes.

São imagens que ele transforma com muita liberdade, e que refletem como ele percebe o mundo, fragmentadamente, mas cheia de sentido emocional.

Como mãe e curadora, me preocupei em preservar essa linguagem e levá-la para os tecidos com respeito à identidade dele.

A coleção também carrega um discurso: arte como forma de inclusão, autonomia e representatividade neurodivergente.

Victor Hugo Cavalcante: Como tem sido a recepção do público e do mercado de moda ao lançamento da marca com suas obras?

Ficamos muito felizes.

As pessoas gostam de tocar, de vestir, de ver a pintura nos tecidos.

Nos dizem ser diferente, que sentem alegria nas cores. Isso nos deixa contentes, porque estamos mostrando o jeito do Augusto de ver o mundo.

Victor Hugo Cavalcante: De que forma você percebe que o autismo influencia o processo criativo e o estilo artístico do Augusto?

O autismo não é uma limitação, é uma forma de estar no mundo, e isso se reflete na obra do Augusto.

Ele tem uma percepção sensorial muito intensa, o que aparece nas cores vibrantes, nos contrastes e nas composições.

Seu processo criativo é muito intuitivo, ele pinta com emoção, com foco total.

Ele não segue convenções acadêmicas, resultando em uma estética muito própria, muitas vezes classificada como expressionismo ingênuo contemporâneo.

O autismo, nesse caso, amplia a potência criativa dele.

Victor Hugo Cavalcante: E por fim: quais os próximos passos que vocês enxergam para essa trajetória artística e empreendedora?

Nosso foco agora é consolidar a marca, ampliar a presença da arte dele em outros produtos e espaços.

Queremos levar os lenços para exposições, lojas colaborativas, feiras de moda e design.

Augusto: Quero pintar mais, quero fazer mais coisas com minhas cores e quero que mais pessoas vejam e sintam.

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