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Ellyan inspira inclusão e representatividade LGBTQIA+ com HQ

Em entrevista exclusiva, o criador de Vélox — O Campeão da Liberdade fala sobre os desafios e o poder da HQ de unir lutas sociais e aventuras.

Foto do quadrinista e entrevistado da semana: Ellyan.

Desde a infância, o produtor e ator Elenildo Lopes, que atende pelo nome artístico de Ellyan nutre uma paixão pelos desenhos animados, e na adolescência, o anime Cavaleiros do Zodíaco tornou-se sua maior referência, despertando em seu coração o amor pelos super-heróis.

O autor ingressou no universo dos quadrinhos em 2007, ao lançar o site Meu Herói, dedicado à valorização dos super-heróis brasileiros.

Em 2012, inspirado no filme Tropa de Elite, criou seu primeiro super-herói, o Capitão R.E.D, com uma HQ que obteve ótima receptividade.

Para fortalecer a cena dos quadrinhos nacionais, fundou o Movimento D.Q.B — Democracia ao Quadrinho Brasileiro, discutindo políticas públicas e leis para apoiar as histórias em quadrinhos do país.

Em 2014, lançou o DQB — Heróis Brasileiros: A ORDEM através de financiamento coletivo, ganhando visibilidade na mídia e, em 2016, reformulou o projeto, lançando o álbum ALFA — A Primeira Ordem, com personagens clássicos nacionais.

O super-herói Vélox foi criado para compor esse álbum, visando homenagear os atletas das Olimpíadas e as personalidades LGBTQIA+ brasileiras, tão importantes nas lutas e conquistas políticas para a comunidade.

O objetivo desta proposta foi desenvolver o primeiro volume de uma história protagonizada pelo herói, ao lado de uma equipe com alguns dos melhores artistas do gênero no Brasil.

Ele agora ganha sua própria HQ, Vélox — O Campeão da Liberdade, onde celebramos não apenas a força e a bravura dos heróis, mas também a importância da representatividade no universo dos quadrinhos.

Este projeto nasce do desejo de se criar uma história empolgante e inspiradora protagonizada por um super-herói fictício cujas identidades e coragem refletem as lutas e vitórias da comunidade LGBTQIAPN+.

Em um cenário repleto de desafios, Vélox não apenas enfrenta vilões poderosos, mas também explora questões de identidade, aceitação e empoderamento, dilemas com os quais muitos jovens LGBTQIAPN+ se defrontam diariamente.

E, aproveitando o mês de lançamento desta história em quadrinho, o Folk teve uma super conversa exclusiva com Ellyan sobre visibilidade, representatividade, quadrinhos e muito mais.

Victor Hugo Cavalcante: Primeiro, é um prazer recebê-lo no Jornal Folk, e gostaria de começar com a seguinte pergunta:como surgiu a ideia de criar o personagem Vélox e o que ele representa para você e pode representar para a comunidade LGBTQIA+?

Ellyan: Durante as Olimpíadas do Rio 2016 fiquei muito tocado pelas lutas dos nossos atletas em prol de conseguirem patrocínios de grandes marcas então me veio a ideia quando estava num momento ótimo da vida, numa praia onde vi uma asa de brinquedo e pensei que esse personagem simbolizaria e representaria a liberdade de voar e ser quem quiser.

Além de ser fã da cena drag que estava crescendo, com grande destaque para a Pabllo Vittar que é do maranhão, de onde vim.

Então ele surgiu assim, dessa profusão de ideias.

Victor Hugo Cavalcante: A HQ Vélox — O Campeão da Liberdade traz personalidades como Pabllo Vittar, Xuxa e a jogadora Marta como super-heroínas. O que você gostaria que o público sentisse ao ver esses ícones da diversidade como personagens na sua obra?

Queria que se sentissem mais próximas do gênero super-herói brasileiro.

A ideia, além de homenagear essas personalidades que tanto admiro e que fizeram e fazem parte da minha vida, é trazer a visibilidade que os super-heróis brasileiros precisam e merecem.

Afinal de contas, eles existem de forma quase invisível há tanto tempo, então acho que é gratificante estar falando deles no Jornal Folk, aliás, obrigado pelo carinho.

Queria que sentissem alegria e mergulhassem como quando a gente sentia quando era criança, vendo as entradas e saídas do show da Xuxa, das músicas e performances desses artistas, sim, porque o que a Marta faz nos campos é arte com as pernas também.

Victor Hugo Cavalcante: A representatividade e inclusão LGBTQIA+ são temas centrais na sua história. Quais aspectos da vida e dos dilemas enfrentados por Vélox você acredita que mais se conectam com o público jovem?

Acho que é um caldeirão de dilemas, contradições, sofrimento, rejeições da vida do Eron e que se suavizam na forma de esperança quando ele começa a se aceitar.

Isso aumenta seu poder e lhe dá esperança de voar, ou seja, ser livre de todas as amarras físicas e mentais.

Victor Hugo Cavalcante: Durante o Festival Niterói Expo Geek, você participará do Dia do Super-Herói Brasileiro. Como é para você lançar Vélox — O Campeão da Liberdade em um evento tão significativo?

É um sonho, além de ser o criador do personagem e do evento, é incrível poder dividir minhas criações com um público mais amplo.

Estou ansioso para ver a recepção e o legado que Vélox deixará para os leitores.

Victor Hugo Cavalcante: Quais desafios você encontrou ao criar uma história em quadrinhos que une aventura e lutas sociais? Como foi equilibrar o entretenimento com a responsabilidade de abordar temas tão importantes?

Acho que o maior desafio é evitar polarização, tudo que se aborda hoje em dia as pessoas levam para esses polos opostos e era isso que gostaria de evitar.

O problema de polarizar é que um anula o outro e isso é um desastre para a arte em geral.

Vélox é uma revista em quadrinho de um cara que tem uma história muito bonita e com problemas sociais e morais como todos nós já vivemos em algum momento, mas que procura vencer esses desafios de forma altruísta e honesta.

Costumo dizer que o fato dele ser homossexual é um detalhe e não o fim.

Assim como ter superpoderes, para mim, são coisas que enriquecem uma boa história e não o tema principal.

Eu gosto de contar histórias humanas.

Victor Hugo Cavalcante: Vélox — O Campeão da Liberdade promove a visibilidade e inclusão da comunidade LGBTQIA+ e visa reduzir desigualdades sociais. De que forma essa e outras HQs podem incentivar essas mudanças, especialmente em termos de desigualdade social para essa comunidade?

Acredito que tudo se resolve no diálogo, no entendimento e, quando não houver isso, se recorre à justiça.

Essa HQ e outras histórias possibilitam trazer esses temas para o debate e o diálogo, não é fingindo que não existe que algo deixa de existir.

Quando se coloca essa questão e o leitor lê, ele está tendo consciência que isso é importante e faz seu julgamento, mesmo que não positivo ele teve consciência de que aquilo gerou e modificou algo em seu inconsciente.

Eu acredito que a arte cura, salva, além de entreter.

Acho que deveria ter mais histórias e produções com questões que trazem essa discussão saudável.

Desejo que o Vélox tenha vida longa, assim como são seus sonhos de voar.

Gratidão a todos e lembrem-se de que o amanhã é hoje, força, meus heróis e heroínas!

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