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Paula Boechat e Karin Cagy apresentam exposição no RJ

A exposição Carne Viva das artistas no Centro Cultural Memorial Getúlio Vargas aborda o corpo como mensuração do tempo no universo feminino.

Fotos da artistas Paula Boechat e Karin Cagy.

Desde 17 de agosto de 2024 o Centro Cultural Memorial Getúlio Vargas apresenta 50 obras das artistas Karin Cagy e Paula Boechat na exposição Corpo Vivo, que recebe curadoria de Shannon Botelho.

Essas obras apresentadas na mostra transitam entre desenhos, pinturas e instalações.

Em Carne Viva, Karin Cagy (à esquerda na foto principal) e Paula Boechat (à direita na foto principal) exibem os seus trabalhos mais recentes, nos quais exploram ideias sobre o corpo e o tempo, destacando como ambos imprimem suas marcas, limitações e finitude.

A condição feminina em um contexto de pressões patriarcais, misóginas e do mercado da beleza ideal orienta os discursos das artistas.

O tempo, antes visto como mera sucessão de horas, agora se destaca como marca da experiência, sagacidade e consciência.

“Ao contrário do que se poderia imaginar, todos os valores que poderiam ser negativamente abordados, aqui assumem um caráter positivo frente à própria existência. Tempo, corpo e vida, operam nesta exposição como ferramenta de sublimação da dor e terreno fértil para os desejos”, destaca Shannon Botelho no texto curatorial.

Após anos trabalhando no mercado da moda, Karin Cagy agora se dedica a criar uma narrativa libertadora para os corpos femininos através de suas obras.

Em pinturas e desenhos a artista utiliza peles, rugas, rendas e tecidos como elementos visuais e instrumentos de reflexão acerca do cruel etarismo imposto às mulheres.

Os corpos fragmentados em seus trabalhos, rejeitam os padrões estéticos tradicionais, celebrando uma beleza que é um manifesto pela libertação do desejo autêntico.

Desde 2023, após uma meningite bacteriana, Paula Boechat ficou com surdez profunda, resultando em um intenso “zumbido de mar” no cérebro, similar ao som de uma praia deserta, como relata a própria artista.

Apesar da reabilitação auditiva e dos implantes ainda sem sucesso, esse zumbido tem influenciado as abstrações da sua pintura, trazendo à tona tons de azul que serão apresentados em Carne Viva.

Karin Cagy e Paula Boechat oferecem ao público uma oportunidade de repensar condutas, ressignificar a relação com o mundo feminino, e, sobretudo, de desconstruir preconceitos e estereótipos que interrompem os fluxos de vida e castram os sonhos”, reforça o curador.

O Centro Cultural Memorial Municipal Getúlio Vargas se localiza na Praça Luís de Camões, s/n, subsolo, Glória — Rio de Janeiro.

As obras

Telas de Paula Boechat e obra Venus de Karin Cagy na exposição Carne Viva.
Crédito: Marcos Rodrigues

Das 50 obras conjuntas apresentadas na exposição Carne Viva, Karin Cagy exibirá três instalações, desenhos e pinturas em pequenos formatos e em diversas superfícies, totalizando 38 trabalhos.

Confira mais sobre as instalações e as obras abaixo:

Instalação Vestido: Quantas camadas cabem no seu corpo

Criada a partir de uma moulage de 10 metros de diversos tecidos pregueados em algodão que “derretem” em várias direções.

Esta peça é um mix de fazeres ancestrais femininos passados de mãe para filha, incluindo crochê, rendas, tingimentos de chá e costura à mão.

Moulage é uma técnica de modelagem onde a construção é feita diretamente sobre o corpo de modelo vivo ou busto de manequim, respeitando as curvas do corpo.

Instalação Trajetória

Composta por 36 pés de madeira (o dobro do número cabalístico 18 que significa vida), formas de sapateiro antigas, garimpadas em feiras de antiguidade, onde a artista pintou em cada uma o pé de uma mulher madura em sua diversidade de cores, formas e ornamentos.

Instalação Superfície

A instalação inclui 15 espelhos nos quais a artista pintou um olho de uma mulher madura em cada um, acomodados em suportes feitos para objetos tecnológicos, como tablets e telefones celulares.

Outras obras

Além das instalações, serão apresentados 10 desenhos de partes do rosto de mulheres maduras em papel de renda; nove pinturas a óleo em pequenos formatos; duas pinturas em superfície de toalha plástica de renda; cinco desenhos com sanguínea em toalhas e lençóis antigos; seis pinturas a óleo e duas aquarelas.

Nas pinturas e desenhos de partes do corpo de mulheres maduras, há um paralelo traçado entre as rugas e as rendas, gerando um debate sobre a pele, a costura da pele, estética e intervenções.

Paula Boechat, cuja arte sempre se centrou no corpo e na sua matéria visceral, recentemente reposicionou sua abordagem artística.

Agora, suas pinturas revivem todas as sensações e percepções, com o corpo, ainda em processo de reabilitação motora, como protagonista.

Tendo o azul como cor predominante nas suas obras, Boechat apresenta em Carne Viva sete pinturas em médios e grandes formatos, de até dois metros, como Carne/Corpo, medindo 1,99 m por 1,50 m; Nas Profundezas, com 1,50 m por 1,22 m, ambas de técnica mista; e Sentindo na carne, acrílica sobre tela, de 1,50 por 0,83 cm, todas essas produzidas em 2024.

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