A peça Isabel das Santas Virgens e sua Carta à Rainha Louca estreia no Sesc Pinheiros no dia 8 de agosto.
Baseada no romance homônimo de Maria Valéria Rezende, finalista do Prêmio Jabuti 2020, a montagem é uma adaptação idealizada e protagonizada por Ana Barroso.
Com direção de Fernando Philbert, a peça explora a narrativa de Isabel, uma mulher do século XVIII confinada em um convento por sua luta contra as injustiças e opressões da época.
A trama foca na carta fictícia escrita por Isabel à Rainha Maria I de Portugal, conhecida como Rainha Louca.
Em seu texto, Isabel busca expressar a dor e as injustiças vividas por mulheres e escravizados, revelando as crueldades de um sistema patriarcal e colonial.
A peça retrata a luta de Isabel para manter sua identidade e liberdade, mesmo em meio às adversidades, assumindo identidades masculinas para exercer seu talento com a escrita.
Ana Barroso traz à tona a voz de uma mulher desafiadora e ousada para sua época.
A direção de Fernando Philbert realça a força e a resiliência da protagonista, destacando a importância da luta feminista ao longo da história.
A temporada da peça segue até 13 de setembro no auditório do Sesc Pinheiros.
As apresentações ocorrem de quinta a sábado, sempre às 20h, com ingressos a partir de R$ 12.
No dia 7 de setembro, a sessão será excepcionalmente às 18h.
Sinopse do espetáculo
Convento do Recolhimento da Conceição, Olinda, 1789.
Isabel das Santas Virgens está enclausurada, acusada de loucura e rebeldia por lutar pela sua autonomia numa sociedade patriarcal colonial.
Ela escreve uma carta à Rainha Dona Maria I, conhecida como a Rainha Louca, com quem se sente irmanada na opressão pelo mundo dos homens.
Tida por muitos como também lunática, Isabel relata os destemperos e injustiças praticados pelos homens da Coroa, e por outros tantos, contra mulheres, escravizados e todos que se encontravam em situação de vulnerabilidade.
A saga de Isabel das Santas Virgens, uma mulher do século XVIII, uma saga ainda atual
Isabel das Santas Virgens foi uma menina branca, filha de portugueses pobres recém-chegados ao Brasil para trabalhar num engenho de cana-de-açúcar no Recôncavo Baiano.
Com a perda precoce dos pais, é criada entre a senzala e os aposentos da jovem sinhazinha Blandina, filha única do poderoso Senhor do Engenho.
Com o passar dos anos, Blandina e Isabel, já crescidas, se apaixonam pelo mesmo homem, o aventureiro Diogo.
A sinhazinha acaba se entregando ao “pecado da carne” sendo punida, com Isabel, com a clausura num convento.
Mais adiante, com a morte de Blandina e já em liberdade, Isabel assume uma identidade masculina para atuar em trabalhos que envolviam a escrita e não eram permitidos às mulheres, e acaba novamente presa.
A personagem é uma heroína feminista: sem recursos ou proteção de quem quer que seja, enfrenta perigos e desafios munida de suas únicas ferramentas: a inteligência e a capacidade de ler e escrever, adquirida durante a convivência na casa grande.
Com suas cartas, Isabel expõe, com algum humor e uma boa dose de ironia, o pano de fundo da colonização brasileira e da situação da mulher que ousava desafiar o status quo.
Foi subjugada de todas as formas porque ousou ir além do que lhe era permitido.
É a história da luta de uma mulher que, por sua própria sanidade, através das palavras e do exercício de organização mental, consegue manter um pouco de si, escrevendo, escrevendo e escrevendo.