Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida como Maria Bonita, nasceu na Bahia e era uma dona de casa antes de se juntar ao cangaço ao lado de seu companheiro Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião.
Ela foi a primeira mulher a integrar o bando, que espalhou terror em vários estados do Nordeste, contando com o apoio de figuras importantes da política e da polícia da época, o que atraiu até a atenção da imprensa internacional.
Apesar da violência, para parte da população sertaneja, o cangaço simbolizava bravura, heroísmo e honra.
A peça Maria, A Bonita, da Companhia Àgata de Artes, com texto de Silvio Tadeu e protagonizada por Gigi Santos, retrata a vida de Maria Bonita, desde sua infância até sua morte pela polícia de Sergipe, passando pelo encontro com Lampião e o nascimento de sua filha.
A encenação, que será realizada no dia 05/07/2024 às 19h, também aborda a insubordinação de Maria diante do machismo da época, e sua data de nascimento, que coincide com o Dia Internacional da Mulher, embora haja controvérsias sobre isso.
Agora, você poderá conferir uma entrevista exclusiva com Silvio Tadeu, que também é fundador da Companhia Àgata de Artes, onde ele compartilha mais detalhes sobre a criação e produção da peça.
Victor Hugo Cavalcante: Primeiro é um prazer recebê-lo no Jornal Folk, e gostaria de começar com a seguinte pergunta: O que o motivou a escrever um monólogo sobre a vida de Maria Bonita? O que você espera que o público leve dessa experiência?
Sílvio Tadeu: Primeiro o prazer é todo meu, tenho o Jornal Folk como uma referência na comunicação cultural.
O texto Maria, A Bonita, foi escrito junto a uma safra de textos durante o momento de isolamento social da Covid-19.
O Retrato de Oscar Wilde, Mulheres Negras, Mário Descobre o Brasil, Pessoas em Casa, são também dessa safra.
Falta apenas o Maria ir ao público.
Chegamos a fazer uma pré-estreia, ano passado, no Espaço Cultural Nordeste A Mesa e foi muito bem recebido.
O empoderamento feminino atual foram inspiradores.
Mas Maria Bonita nunca perdeu o feminino apesar dessa carga que ela recebia de força.
Espero que o público perceba essa mensagem.
Victor Hugo Cavalcante: Como foi o processo de pesquisa para escrever o texto? Quais foram as suas principais fontes de inspiração e informação?
A biografia Maria Bonita, mulheres, sexo e violência no cangaço de Adriana Negreiros foi a grande inspiração.
Victor Hugo Cavalcante: Como você descreveria a abordagem do espetáculo em relação à figura histórica de Maria Bonita? Há algum aspecto particular de sua vida que você quis destacar?
Quis descobrir a mulher por trás da foragida, do ícone Maria Bonita.
E que essa mensagem seja forte para mulher atual.
Victor Hugo Cavalcante: Quais foram os maiores desafios ao transformar a vida de Maria Bonita em um monólogo teatral?
O desafio maior foi resgatar o “mágico” do Teatro.
O próprio roteiro mostrava o caminho a seguir.
Victor Hugo Cavalcante: Como foi a escolha de Gigi Santos para interpretar Maria Bonita e que qualidades ela traz para a personagem?
A Gigi é uma das atrizes de ponta da Companhia Ágata.
Sua interpretação de Rita Baiana para o nosso espetáculo O Cortiço foi inesquecível.
Ela traz a força e simplicidade necessárias para a criação de Maria Bonita.
Victor Hugo Cavalcante: O espetáculo aborda a insubordinação de Maria Bonita diante do machismo da época. Como você pretende explorar essa temática no monólogo?
Maria Bonita, Maria de Déa, na verdade, Bonita foi apelido inspirado em personagem de um filme na época, não foi sequestrada como as outras mulheres do cangaço, desfez um casamento e seguiu com Lampião por livre e espontânea vontade.
Bendita é a mulher que sabe optar que é dona do seu caminho!
Não é escrava nem mesmo de sua vaidade, do feminismo e do sistema.
Victor Hugo Cavalcante: Que aspectos da vida pessoal de Maria Bonita você considerou mais importantes para a construção da narrativa do monólogo?
Como escrevi acima, a manutenção do feminino é muito importante na sua vida.
Victor Hugo Cavalcante: Quais elementos cenográficos e de figurino foram escolhidos para dar vida ao espetáculo? Há algum detalhe específico que você gostaria de destacar?
Usamos a técnica de contação de história, onde adereços e tecidos ajudam a ilustrar a história.
Victor Hugo Cavalcante: Qual é a importância de apresentar o espetáculo no Centro Cultural Vila Itororó? Como o espaço contribui para a narrativa da peça?
O local é um espaço mágico no coração de São Paulo.
Cheio de vielas, escadarias, riachos… é a catinga de Lampião e Maria Bonita.
Tinha de ser lá esse espetáculo.
Victor Hugo Cavalcante: Quais são suas expectativas para a estreia do espetáculo? Há planos para apresentações futuras ou turnês em outras cidades?
A Trinca Produções, produtora que hoje representa a Companhia Ágata de Artes, está trabalhando na agenda do espetáculo.
E já temos uma nova data, em 01 de setembro, no Teatro Ruth Escobar.
Devemos voltar ainda esse ano ao Espaço Cultural Nordeste A Mesa.
Assim que tivermos as novidades, informamos a todos, inclusive aos queridos parceiros do Jornal Folk.