A Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo (APETESP), possui sob a sua direção, um dos mais importantes complexos teatrais na cidade de São Paulo, o Teatro Ruth Escobar, fundado em 1963 pela atriz e produtora cultural portuguesa, radicada no Brasil, Ruth Escobar.
Mantendo-se ativo pelos esforços da não menos importante entidade, o teatro promete para esse mês de agosto uma programação intensa e diversificada e com vantagens ao espectador que quiser prestigiar essa variedade de opções.
O teatro oferecerá alguns espetáculos voltados ao público adulto, embora esteja também em sua grade, ótimas opções de infantis para a garotada.
Freud e ditadura no centro do drama
Freud e o Visitante com a tradicional companhia de teatro paulista, o Grupo Tapa, está em cartaz na Sala Dina Sfat, nas sextas, sábados e domingos até o dia 01 de setembro.
O texto do autor belga Eric-Emmanuel Schmitt coloca em cena o pai da psicanálise, Freud, recebendo um inesperado visitante, na noite em que a sua filha Anna é presa pela polícia nazista.
A direção de Eduardo Tolentino de Araújo é cativante, trazendo leveza e humor a densos conflitos e aproveita bastante o talento de todo o elenco.
As obras de Freud foram queimadas pelos nazistas, que decretaram que, a psicanálise era uma “ciência judia”.
Ao assistirmos ao espetáculo e fazermos uma ponte com a realidade atual, impossível não respirarmos aliviados, ao saber que o Brasil tenha escapado de suas várias ditaduras, ainda que ela insista em vociferar em nossas portas.
Ainda na temática “luta contra a opressão”, o Teatro Ruth Escobar apresenta mais um interessante espetáculo com dramaturgia nacional, Se chovesse, vocês estragavam todos.
As cenas se passam ora na escola, ora na casa da aluna.
Na escola, a professora seduz pela beleza e utiliza-se do ensino como um instrumento de poder a serviço dos interesses do Estado.
Em casa, a aluna tem como interlocutores familiares que ousaram duvidar do sistema.
Esse é um espetáculo imperdível apresentado em um teatro, cujo nome e fundadora, fez trincheira a ditadura brasileira e o teatro era um de seus alvos preferidos.
E surge a comédia
Permanecendo há séculos como uma arte menor, é difícil hoje imaginar uma programação onde a comédia não tenha o seu vitorioso reinado.
Para os apreciadores do estilo, o Teatro Ruth Escobar traz duas irresistíveis opções:
O espetáculo A Banheira, com um elenco carismático, conta as confusões causadas quando um pai de família leva para a sua casa uma amante e acabam presos em um banheiro por um assaltante!
Para completar a amante é parente da esposa do infeliz marido.
A receita de uma boa comédia, está no talento do elenco para essa difícil linguagem e as surpresas que texto e direção possam proporcionar.
Todos esses ingredientes são encontrados nessa divertida “banheira”.
O stand-up, que tomou força na capital há mais de dez anos, também se faz presente nesse leque, prezando muitas vezes por uma simplicidade, geralmente um ator ou atriz, um microfone e um hilário roteiro, onde vida pessoal do artista e ficção se misturam, provocando risos, ou melhor, gargalhadas.
Desventuras de um quarentão com Wagner Rodrigues se apresenta às 23 horas na Sala Miriam Muniz, confirmando a tese de que a vida começa aos quarenta e também as muitas confusões.
Facilidades aos espectadores
Quem quiser desfrutar de todos os espetáculos da casa, a APETESP coloca à disposição o Cartão Fidelidade que garante a quem assistir a um espetáculo, desconto nos demais.
Apoio aos produtores culturais
Atualmente presidida por Chico Cabrera, diretor e produtor cultural, a APETESP ou Associação de Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo, vem desenvolvendo nessa gestão, um trabalho de reaproximação da entidade com a classe artística e as políticas culturais da cidade, bem com o público, ausente das apresentações presenciais por dois anos durante a pandemia de Covid-19.
Para isso, as Leis de Incentivo garantiram reformas estruturais e manutenção das salas de ensaios e apresentações tanto do Teatro Ruth Escobar, como do Teatro Maria Della Costa, também administrado pela entidade e adquirido em 1972, sendo a primeira sede da instituição em São Paulo.
Desta forma a APETESP continua seu trabalho e relevância no cenário artístico e cultural, zelando pelo passado, ao manter espaços históricos, caminhando para o futuro, ao abrigar e oferecer novas produções ao público.
Eita teatro que se levanta, parabéns