Crédito da foto principal: Criada pela IA do Canvas.
Mesmo após o mês da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, o debate sobre o racismo continua essencial ao se relacionar com a pauta da saúde mental.
Estudos recentes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que pessoas negras apresentam maior incidência de sintomas de depressão, ansiedade e estresse crônico em comparação com pessoas brancas, resultado direto da desigualdade social e da discriminação presente nas relações cotidianas e nos espaços institucionais.

Segundo Danilo Suassuna (foto acima), doutor em Psicologia e diretor do Instituto Suassuna, o racismo é uma forma de violência que produz efeitos emocionais contínuos.
“O sofrimento causado pela exclusão e pelo preconceito não é somente emocional, ele se manifesta no corpo, na identidade, nas relações e na saúde como um todo. O racismo cotidiano mina a autoestima e reforça a sensação de não pertencimento, o que pode gerar ansiedade, depressão e isolamento social”, explica.
A Fiocruz estima que pessoas negras tenham aproximadamente 40% mais chances de desenvolver transtornos mentais comuns, como ansiedade e depressão.
A desigualdade também se evidencia no acesso ao tratamento.
Segundo o IBGE, a população negra é a que menos consegue atendimento psicológico no Sistema Único de Saúde, mesmo sendo a que mais apresenta sintomas emocionais graves.
Para Suassuna, o enfrentamento dessa realidade exige políticas públicas que garantam acolhimento, representatividade e formação especializada nos serviços de saúde.
“É fundamental que profissionais estejam preparados para uma escuta que considere as dimensões culturais e raciais do sofrimento. Não se trata de neutralidade, mas de responsabilidade ética com o cuidado integral”, afirma.
O psicólogo destaca que o racismo estrutural presente em instituições, discursos e práticas deve ser reconhecido como um determinante da saúde mental.
“Quando o preconceito se disfarça de normalidade, ele impede que as pessoas negras sejam vistas em sua totalidade. Práticas antidiscriminatórias e políticas afirmativas não são somente reparação histórica, mas também formas concretas de prevenção em saúde mental”, aponta.
Ele ressalta ainda o papel da psicologia comunitária como instrumento de resistência e reconstrução.
“A psicologia precisa ocupar territórios vulnerabilizados, compreender histórias e realidades específicas e atuar de maneira próxima às comunidades. Essa presença torna o cuidado um ato político e transformador”, destaca Suassuna.
O Instituto Suassuna tem promovido formações e ações voltadas à saúde mental com perspectiva social e inclusiva, oferecendo cursos e seminários para profissionais interessados em práticas humanizadas e comprometidas com diversidade e equidade.
Para o diretor, ampliar o debate é fundamental para o cuidado chegar a quem historicamente foi excluído.
“Combater o racismo também é uma forma de salvar vidas. Quando a sociedade compreende que o sofrimento psíquico nasce da exclusão, damos um passo importante para construir uma rede de cuidado realmente democrática”, conclui.
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