Written by 07:43 Cultura, Notícias, Teatro Views: 11

Núcleo Negro de Pesquisa e Criação apresenta espetáculo em teatro de SP

Com dramaturgia e direção de Gabriel Cândido, a montagem Fala das Profundezas que apresenta uma realidade pautada pela exploração da força de trabalho em troca do básico para sobrevivência será encenada no Teatro Cacilda Becker.

Cena do espetáculo Fala das Profundezas

Crédito: Thaís Alves

O Núcleo Negro de Pesquisa e Criação (NNPC) apresenta a peça Fala das Profundezas no Teatro Cacilda Becker, nos dias 15, 16 e 17 de setembro, sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 19h, com ingressos gratuitos e interpretação em Libras.

A peça mostra a insurgência de um povo contra uma engrenagem que precariza a vida para acumular poder.

As contradições deste povo despontam junto aos seus anseios, sonhos e prazeres no território em que vivem, tendo como pano de fundo a iminência de uma combustão social.

Fala das Profundezas busca ativar imaginários de mobilização coletiva, no sentido de fazer crer que, mesmo em um contexto de exceção, repleto de contradições e de escassez, é possível criar movimentos em prol de melhores formas de viver.

“Este ‘possível’, na peça, é apresentado, ao longo da narrativa, como uma espécie de centelha que vai se desdobrando em mais centelhas e, assim, animando essas personagens que, apesar de tudo, sonham, festejam e confabulam como um ato contra o marasmo do sistema capitalista” comenta o autor e diretor Gabriel Cândido.

A encenação do NNPC acontece em formato de arena, no qual as atrizes e os atores propõem um jogo cênico de aproximação e distanciamento com o público durante toda a narrativa, assumindo-o como parte do acontecimento teatral.

O diretor comenta:

“Um teatro negro que não está pautado pelo racismo gera estranhamento, por ser o que sempre esperam de nós. Penso que Fala das Profundezas não corresponde a essas expectativas porque buscamos o exercício da alteridade radical, quando debatemos questões presentes em toda a sociedade brasileira, desde relações afetivas até as relações de terra, trabalho e capital”.

O enredo é conduzido por um coro heterogêneo denominado Outras-Pessoas, que por sua vez representam o povo, e por cinco personagens que emergem deste coro:

Dafina (Maria Gabi) e Anele (Tásia d’Paula)são duas mulheres que tentam lidar com uma relação de amor mal resolvida enquanto confabulam sonhos perigosos; Thato (Deni Marquez) se torna uma das exceções ao conquistar o básico, mas suas atitudes geram revolta e perseguição do povo ao qual ele se recusa a pertencer; Luísa e Frantz (Ellen de Paula e Fábio Lopes) que, ao confidenciarem as situações absurdas que ocorrem nas Profundezas, ativam em Luísa a motivação necessária para sair em busca de mobilização coletiva para lutar contra aqueles que detêm o poder.

As histórias acontecem em tempos plurais, numa dinâmica de encontros e desencontros, permeados por ideias e desejos de uma revolta popular que se espalha de um a um, até se concretizar em uma ação coletiva.

Estas apresentações integram o projeto Escombros — Parte I: Fala das Profundezas, contemplado pela 16ª edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura.

A circulação de Fala das Profundezas, iniciada em junho, no Centro Cultural Grajaú, prevê 20 apresentações gratuitas, com intérpretes de Libras, em diversas regiões da capital.

Atividades como bate-papos (Outros Olhares) com convidados, após cinco apresentações, e sessões para sete grupos de escolas públicas, instituições e projetos de formação e movimentos sociais integram a programação.

(Visited 11 times, 1 visits today)
Close
Pular para o conteúdo