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Mestre Zuza leva tradição familiar para a 24ª Fenearte

Artesão participará da maior feira de artesanato da América Latina, que acontecerá no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda.

Foto do Mestre Zuza de Tracunhaém com uma das suas obras.

José Edvaldo Batista, o Mestre Zuza, de 65 anos, Patrimônio Vivo da cidade de Tracunhaém, interior de Pernambuco, celebra sua 24ª participação na Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte).

Considerada a maior feira de artesanato da América Latina, a programação será realizada entre os dias 03 a 14 de julho, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda.

Com 120 anos de tradição familiar na arte do barro, Zuza continua a encantar o público com suas peças únicas que retratam a ancestralidade e cultura nordestina.

Este ano, ele vai ocupar mais uma vez o espaço Alameda dos Mestres, com uma coleção especial de santos de barros.

O artista espera ter um incremento de 25% nas vendas de suas peças.

A produção das peças comercializadas na Fenearte começou a ser produzida desde janeiro deste ano.

O processo de fabricação das peças acontece em um espaço montado no quintal de casa, onde o Mestre Zuza molda cada detalhe com muito amor e dedicação.

“A argila é retirada bruta das jazidas em torrões. Em seguida, ela é molhada e, na medida que vai amolecendo, cortamos esse barro com uma enxada por dois ou três dias. Depois, esse barro é pisado, retirados todas as pedras e impurezas até ficar macio” explicou.

“Após isso, eu levo para uma mesa de madeira onde é feito um segundo processo de retirar pedrinhas menores. E tudo isso feito à mão. Feito essa parte, o barro está pronto para ser modelado e transformado em arte”, pontuou.

A medida que cada peça vai ficando pronta, elas são levadas para um forno à lenha, em uma temperatura acima de 900ºc.

“A medição da temperatura é feita a olho nu. Um processo totalmente analógico e ancestral. Depois de ‘queimadas’, elas passam por uma fase de acabamento, que inclui pintura, lixamento e, por fim, são selecionadas e colocadas à venda”, explica o artesão.

Além de modelar santos, Mestre Zuza trabalha com uma variedade de estilos de obras.

“Sim, eu trabalho com a arte sacra, o lúdico, decorativo e o utilitário. Eu sou um artista que faço de tudo. Uma das obras mais valiosas da minha coleção são as Xifópagas, esculturas que eu faço desde a década de 1980. Essa foi uma das maneiras que encontrei para criar uma peça autoral e diversificar minha produção”, observou.

A inspiração para suas obras sacras vem da fé das pessoas do Nordeste.

“Percebi que cada cliente tem um pedido diferente baseado na sua crença. Uns são devotos de São Francisco, outros de Santa Clara e muitos de Nossa Senhora da Conceição e Aparecida. E essa mistura de pedidos, por exemplo, é o que me dá inspiração e sensibilidade para criar a minha própria arte”, comentou ele, que vem de uma família na qual pai e mãe foram artesãos, além dos seus onze irmãos.

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