O grupo de dança contemporânea Laboratório 60 se apresentará neste sábado, dia 5 de abril de 2025, às 16h30, na exposição Fazer o Ar, da artista Iole de Freitas, no Paço Imperial RJ.
Formado por Bea Aragão, Bento Dias, Cecília Carvalhosa, Gil Duarte e Ísis Lua, o grupo fará uma apresentação inédita e gratuita no espaço expositivo, interagindo com as obras da artista.
O grupo vem acompanhando o trabalho de Iole de Freitas há cerca de um ano e criou a apresentação Atrás do Ar especialmente para a ocasião.
“É o resultado nos nossos corpos do que foi o convívio no ateliê da artista, acompanhando o nascer das obras e o processo de trabalho. Então, é tudo o que a gente conseguiu imprimir dessa longa convivência”, afirmam os integrantes do Laboratório 60.
A exposição Fazer o Ar, de Iole de Freitas tem curadoria do poeta Eucanaã Ferraz e apresenta 16 trabalhos inéditos, que exploram o volume e o ar.
Obras em grandes dimensões chamadas Mantos, feitas com papel glassine, com tamanhos que chegam a quase 4 metros, esculturas da série inédita Algas, em aço inox, e a obra Escada, feita há dois anos, mas que ganhou uma montagem inédita na exposição.
Grandes volumes brancos da série Mantos, produzidos este ano, ocupam as paredes e o chão das salas da exposição.
Originalmente, o papel glassine é usado como embalagem para obras de arte, conservando e acondicionando-as.
“É um papel que foi pensado para proteger uma obra, aqui ele não existe como um envoltório, mas como algo que, trabalhado, guarda em si a expressão de uma linguagem. Gosto de deslocar a funcionalidade das coisas, subvertendo-as: tomo a capa da coisa e faço dela substância da forma”, afirma a artista.
A pesquisa para estes trabalhos começou há cerca de quatro anos.
Para realizá-los, o papel é preenchido com ar, inflando-o e criando grandes superfícies, que então recebem água, areia e cola, que vão moldando, esculpindo e estruturando o papel até formarem os Mantos.
Alguns ainda ganham novos elementos, como cobre, palha e pedras gipsitas.
“Iole testa em cada obra as verdades físicas de seu corpo e do material que utiliza. Basta ver para inferirmos o quanto as formas nasceram da peleja, da disputa entre o gesto e o papel. É flagrante a atuação de uma inteligência física. O papel era liso, neutro, sem corpo nem memória, sem ar, inerte, ausente. Iole soprou nele. Deu a ele o sopro da vida. O papel, agora, está vivo. Veja: ele respira”, afirma o curador Eucanaã Ferraz.
Um único manto vermelho faz parte da exposição.
“A cor vermelha/rubra traz uma dramaticidade, que vem também das grandes e pesadas cortinas, que emolduram os palcos, como as do Theatro Municipal, no Rio de Janeiro, onde dancei. Esta experiência ficou impregnada em mim como um momento dramático de determinada cena”, conta a artista que estudou e trabalhou com dança contemporânea.
Dialogando com os Mantos, também é apresentada a série inédita de esculturas Algas, produzidas em aço inox, também trazendo em sua poética a questão do ar.
Na última sala da exposição está a obra Escada, composta por uma estrutura em aço inox, feita de cortes, dobras e solda, que se assemelham a degraus.
Ela está na parede, dividida em duas partes, junto a um vídeo com o registro de performance que a artista realizou com seu neto Bento Dias, que fez parte da videoinstalação Escada, apresentada no Instituto Tomie Ohtake, em 2023.
A obra tem montagem inédita na exposição.