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Estudo revela a influência do diabo na moral e nos costumes

Professor de Sociologia da Religião, Edin Sued Abumanssur apresenta no livro O Diabo uma abordagem socioantropológica e histórica sobre maneira como o povo ocidental lida com o mal.

demônio está presente nas raízes daquilo que a humanidade entende por injustiça e violação dos direitos.

Ele inspira a arte, a música, a literatura, o cinema e surge como resposta para a dor e o sofrimento.

Um profundo estudo sobre esse ser mítico à luz das Ciências Humanas dá origem ao livro O Diabo, do professor de Sociologia da Religião e escritor Edin Sued Abumanssur, lançamento da editora Almedina Brasil, pelo selo Edições 70.

Pesquisador do fenômeno religioso nas expressões populares, o autor revela como o anjo caído se manifesta nas raízes culturais e espirituais da sociedade ocidental.

Para ele, o legado cristão é marcado em extensão e profundidade pela presença do tinhoso.

Abumanssur destaca que satanás é, na verdade, o sustentador da moral e dos bons costumes.

É quem pune o adúltero, o avarento, o mentiroso, o egoísta.

E, assim, funciona como o fiador da ordem social.

Para o pesquisador, tanto Deus quanto o diabo foram, cada um à sua maneira, razão e motivo para exercícios de controle social ou subjetivo.

O livro não aborda sobre teologia ou demonologia, mas revela o demônio como articulador e estruturador da cultura, da forma de ver e de viver no mundo.

Os capítulos apresentam as origens de belzebu, os diversos nomes que recebe, a magia representada pela figura onipresente e sua imortalidade no imaginário popular e até mesmo a possibilidade de um pacto com o chifrudo.  

“A gestão do mal – e de sua expressão temporal, a maldade – é o que subjuga e ao mesmo tempo motiva o ser humano em seu empreendimento civilizatório. Portanto, o diabo nos interessa apenas enquanto a maneira como, no Ocidente cristão, nós administramos o mal que nos rodeia. As religiões são, entre outras coisas, sistemas de controle das incertezas e do mal.”.

O Diabo, p. 10

Em O Diabo, Abumanssur busca desviar o olhar do personagem e voltá-lo para as sociedades e comunidades que tiveram de se entender com o mal e a maldade.

“Nossas lutas por equidade de raça, de gênero e por um desenvolvimento sustentável têm as digitais do diabo; aquilo que entendemos por liberdade e democracia foi construído nos embates entre uma ordem cada vez mais secular e uma igreja que ameaçava a tudo e a todos com os tormentos do inferno”, destaca o professor.

O autor observa o capiroto não com os olhos da Igreja, ou com os da religião, mas como produção cultural necessária para se fechar a conta da maldade.

Com mais nomes do que o próprio Deus, o Cão, Cramunhão, Pé-de-Bode, Sete Peles, Cabrunco, Galhardo, Tisnado, Coisa-Ruim, Malamém… atravessa os séculos e se perpetua para atender os interesses da sociedade e abraçar suas culpas.

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