Bruno Gambini, 27 anos, é formado em Jornalismo pela Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM) e em Teatro pelo Teatro Escola Macunaíma.
Na área jornalística, já atuou como assessor de imprensa na Secretaria de Estado da Saúde e também como Atendimento PR no setor privado, atendendo marcas como o Grupo DPSP (Drogaria São Paulo e Drogarias Pacheco), Thermo Fisher Scientific, MELVER, Riachuelo, entre outras.
Ainda teve a oportunidade de integrar a equipe responsável pelo planejamento e execução da estratégia de comunicação da ARTEX durante o Big Brother Brasil 2023.
No teatro, teve a oportunidade de integrar quatro produções profissionais: sendo três peças direcionadas ao público infantil (O Cravo e a Rosa), (Madagascar) e (Salvando o Folclore).
Nesta última, também foi responsável pela dramaturgia e coreografias.
Além disso, participou de uma produção voltada ao público adulto, Amor para Obá, que ficou dois meses em cartaz no Teatro Bibi Ferreira.
Todas essas peças foram realizadas em parceria com o Grupo O’Filos, um grupo de teatro independente do qual faz parte, desempenhando principalmente as funções de ator e assessor de imprensa.
Bruno possui experiência em teatro musical (formação em curso ministrado pela Cia Nissi de Artes), atuação para câmera (Série Selva Cinza), e eventos (Hora do Horror — Hopi Hari e personagens lúdicos para eventos de Natal).
Atualmente, ele é Gerente de Relações Públicas para contas como Rei do Mate, Vivenda do Camarão, Abrafesta, Mundial Logistics Group, Plano Brasil Saúde, Safe Care, Heloísa Capelas, entre outras.
Agora, o ator e assessor nos fala um pouco de suas carreiras profissionais, novidades teatrais e muito mais.
Victor Hugo Cavalcante: Primeiro, é um prazer poder recebê-lo no Folk, e gostaria de começar perguntando: além de ator, você também é assessor, afinal, como é a sua experiência trabalhando como assessor de imprensa e ator simultaneamente? Houve alguma situação em que essas duas áreas se cruzaram inesperadamente?
Bruno Gambini: São campos de atuação bastante diferentes, mas para mim, eles têm uma conexão profunda, pois ambos se baseiam, essencialmente, em contar histórias.
Tanto o jornalismo quanto a atuação são sobre dar voz a narrativas.
É nesse sentido que vejo esses mundos se entrelaçarem.
Por exemplo, enquanto desempenho minhas funções de assessoria, muitas vezes me vejo aplicando técnicas aprendidas nos palcos.
Ao entrevistar alguém, por exemplo, é necessário deixar de lado meus próprios julgamentos, assim como quando estou interpretando uma personagem.
É fundamental entender e conectar-se com a humanidade da personagem e/ou da pessoa entrevistada, independentemente de concordar ou não com elas.
Essa interseção faz parte da minha jornada, especialmente agora que atuo tanto na área de comunicação como no teatro.
Além de expressar minha arte, também sou responsável por criar estratégias de comunicação, especialmente com a imprensa, tanto para meu grupo teatral quanto para as marcas que represento.
Essa dualidade me permite não apenas comunicar, mas também compreender e honrar a humanidade que existe em cada história que encontro.
Victor Hugo Cavalcante: Você participou da dramaturgia e coreografias da peça Salvando o Folclore. Como essas habilidades adicionais foram desenvolvidas para sua atuação?
Como jornalista, sempre estive imerso na criação de histórias, seja escrevendo matérias, artigos; escrevi, inclusive, um livro-reportagem que aborda a delicada questão do silicone industrial em mulheres transexuais.
Este é um assunto que, diante do aumento alarmante de casos e mortes, precisa ser discutido em uma esfera pública, por revelar os riscos de um mercado clandestino que alimenta um ideal de beleza inatingível, colocando em risco a vida dessas mulheres, especialmente mulheres trans.
Quanto à peça Salvando o Folclore, na verdade, a ideia original foi minha, que compartilhei com o diretor, Alexandre Battel.
A partir dessas ideias, ele construiu os diálogos e o roteiro, além de dirigir as cenas.
Tudo foi feito em colaboração, e até hoje o texto continua sendo trabalhado e refinado.
Recentemente, conseguimos um edital, por isso, revisamos o texto para aprofundar questões como a perda e a depressão infantil, de maneira sutil, mas com a intenção de dialogar subliminarmente com as crianças que nos assistem, pois, esses temas podem afetar muitos deles de maneira significativa.
Quanto à dança, sempre gostei!
Inclusive, gosto de aprender novas técnicas e compartilhar esses conhecimentos com meus colegas de grupo.
Sabendo que sou “pau para toda obra” e disposto a assumir qualquer desafio, meu amigo e diretor, queridíssimo, me convidou para cuidar das coreografias da peça.
Para mim, não existem limitações na arte; sou plural, sou tudo que a arte me permitir ser.
Victor Hugo Cavalcante: Na sua opinião, qual é a importância de participar de produções tanto para o público infantil quanto para o público adulto em termos de desenvolvimento artístico?
Participar de produções destinadas a públicos distintos, como o infantil e o adulto, é extremamente enriquecedor do ponto de vista artístico.
A diversidade de experiências proporcionada por esses dois tipos de público alimenta o imaginário do artista com uma variedade de histórias, personalidades e questões humanas.
No caso do público infantil, existe uma oportunidade única de explorar narrativas mais simples, porém profundas, que carregam muitas vezes mensagens importantes sobre valores como amizade, reciclagem e honestidade.
Trabalhar com crianças também permite uma conexão genuína com a inocência e a criatividade, estimulando a imaginação e incentivando uma abordagem mais lúdica e experimental na arte.
Por outro lado, a produção para o público adulto oferece um espaço para explorar temas mais complexos, ambíguos e desafiadores.
É uma oportunidade para mergulhar em questões sociais, políticas, emocionais e existenciais que podem ressoar mais fortemente com o público maduro.
Trabalhar com adultos exige uma compreensão mais profunda da psicologia humana e uma capacidade de lidar com nuances e sutilezas nas performances e nas histórias contadas.
Participar de produções tanto para o público infantil quanto para o público adulto é fundamental para o desenvolvimento artístico, por proporcionar uma rica diversidade de experiências, alimenta o imaginário do artista com histórias diferentes e desafia-o a crescer e evoluir em sua prática artística.
Victor Hugo Cavalcante: Como você equilibra suas responsabilidades como Gerente de Relações Públicas com suas atividades no teatro? Existe alguma sinergia entre esses dois papéis?
Encontrar um equilíbrio entre minhas responsabilidades como Gerente de Relações Públicas e minhas atividades no teatro é um desafio, mas vejo uma forte sinergia entre esses dois papéis.
Em ambos, estou envolvido na arte de contar histórias.
No cenário ideal, todos poderíamos sustentar nossas vidas exclusivamente com a arte.
No entanto, muitos artistas, incluindo eu, precisam ter outras profissões para viabilizar esse sonho e cobrir as despesas mensais.
Tenho a sorte de também amar minha profissão como jornalista, mas sei que nem todos têm essa mesma sorte.
Victor Hugo Cavalcante: Poderia compartilhar uma experiência marcante ou desafiadora que representou durante a produção de Amor para Obá e como isso influenciou sua jornada como ator?
Cada produção traz consigo experiências únicas, e a energia do elenco e a resposta do público podem tornar algumas apresentações especialmente memoráveis.
Durante a produção de Amor para Obá, vivenciei um momento significativo que destacou a interseção entre minha função como assessor de imprensa e o teatro.
Implementei uma estratégia de divulgação de PR que resultou em uma sessão lotada no Teatro Bibi Ferreira.
Utilizamos diversas ferramentas de divulgação, como lives, promoções, parcerias com terreiros e entidades de matrizes africanas, que esgotaram os ingressos!
A receptividade do público foi calorosa, e passamos horas interagindo e tirando fotos com os espectadores após a apresentação.
Embora seja desafiador quantificar o impacto exato das estratégias de comunicação, naquele dia, senti que fiz um bom trabalho.
Victor Hugo Cavalcante: Neste ano, o Grupo O Fi’los de Teatro entrará novamente em cartaz com Salvando o Folclore que será apresentado nos CEUS (Centros Educacionais Unificados) da periferia de São Paulo, você poderia compartilhar algumas expectativas ou objetivos específicos que você e o grupo têm ao levar o espetáculo para esses espaços comunitários?
É com muita alegria que voltamos às comunidades periféricas de São Paulo com Salvando o Folclore, reafirmando nosso compromisso com a cultura descentralizada.
Já fomos contemplados com o apoio de um edital da Prefeitura de São Paulo para iniciativas similares no passado.
Levar arte para lugares onde o teatro é uma novidade é sempre uma experiência encantadora.
As crianças, com sua imaginação sem barreiras, nos proporcionam momentos únicos e recompensadores.
Estamos enfrentando desafios na captação de recursos, mas nossa motivação continua firme.
Acreditamos na educação como base de nossos valores e, além das peças, queremos levar oficinas educativas para essas crianças.
É uma chance de compartilhar nosso amor pelo teatro e contribuir para o desenvolvimento educacional dessas comunidades.
Assim, convidamos empresas e possíveis patrocinadores a se unirem a nós.
O texto é lindo e nosso projeto pode enriquecer a vida dessas pessoas, oferecendo-lhes novas habilidades e experiências que podem fazer a diferença em seus futuros.
Victor Hugo Cavalcante: Como a oportunidade de apresentar Salvando o Folclore nos CEUS da periferia de São Paulo, através do edital PROMAC, impacta sua visão sobre o papel do teatro na promoção da cultura, educação e identidade local?
O teatro desempenha um papel fundamental e multifacetado na promoção da cultura, educação e identidade local, sendo uma poderosa ferramenta de expressão e transformação social.
Em relação à cultura, o teatro atua como um espelho da sociedade, refletindo suas tradições, valores, histórias e dilemas.
Ao apresentar peças que abordam temas locais, mitos, lendas e costumes, o teatro contribui para a preservação e celebração da rica diversidade cultural de uma comunidade ou região.
Ele ajuda a manter viva a memória coletiva, transmitindo conhecimentos e tradições de geração em geração, e promove o diálogo intercultural, incentivando o respeito e a valorização das diferenças.
No que diz respeito à educação, o teatro é uma ferramenta pedagógica poderosa que estimula o pensamento crítico, a criatividade e o desenvolvimento socioemocional.
Por meio das apresentações, os espectadores são convidados a se colocarem no lugar do outro, a compreenderem diferentes perspectivas e a refletirem sobre questões sociais, éticas e morais.
Além disso, as oficinas teatrais oferecem um espaço seguro e colaborativo onde crianças e jovens podem desenvolver habilidades interpessoais, como comunicação, trabalho em equipe e empatia, fundamentais para sua formação integral como cidadãos.
Quanto à identidade local, o teatro desempenha um papel significativo na construção e fortalecimento do senso de pertencimento e identidade comunitária.
Ao abordar temas e histórias que são específicos de uma determinada região ou grupo social, o teatro ajuda a reforçar o orgulho local e a valorizar as peculiaridades que tornam cada comunidade única.
Ele também pode ser uma ferramenta poderosa para a inclusão social, dando voz aos grupos marginalizados, promovendo a diversidade e combatendo estereótipos e preconceitos.
O teatro é muito mais do que uma forma de entretenimento; é uma arte que pode enriquecer, educar e transformar vidas.
Sucesso sempre!!!!!