“O show que Clara Nunes apresenta vale mais que muitos livros de história“, escrevia um crítico a época da estreia do show Clara Mestiça, espetáculo que a cantora estrelou com imenso sucesso, em 1981, sob direção de Bibi Ferreira.
O show trazia através da arte de Clara, muito da nossa ancestralidade, fosse no figurino, no cenário ou no canto eterno desta, que fez da história do nosso povo, o motivo da sua música.
A carreira de Clara volta a inspirar, e a Companhia Ágata de Artes e a Trinca Produtora, estão em fase de pré-produção do espetáculo Terreiro dos Aflitos, onde músicas do repertório de Clara como Canto das Três Raças, Misticismo da África e do Brasil, Nação e Juízo Final, foram enormes fontes de ideia para a dramaturgia contar a estória de Mãe Anaya, que luta contra a intolerância religiosa e os interesses capitalistas de Jesus dos Santos, na defesa de seu Terreiro de Umbanda e Candomblé.
O processo de pesquisas para o espetáculo será aberto ao público, trazendo uma série de vivências sobre Ancestralidade, Técnicas Teatrais, Mitologia dos Orixás, Danças Indígena e Africana e, claro, a carreira de Clara.
Maiores informações sobre como se inscrever para a vivência Teatro e Ancestralidade, poderão ser obtidas através do WhatsApp: (11) 9.8678-5420.
A vivência está aberta a todos que se interessam por Ancestralidade, Religião de Matriz-Africana ou Teatro, com ou sem experiência.
Racismo religioso atual
Uma pesquisa coordenada pela Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras, aponta que, quase a metade de 255 terreiros registraram até cinco ataques a seus espaços religiosos nos últimos dois anos, tendo aumento de até 106% em denúncias entre os anos de 2021 e 2022.
“Toda forma de preconceito ou discriminação que a humanidade propõe há séculos, para si mesma, serve para manter acesa a essência selvagem, combinada com a necessidade de controle humano”, completa Alexandre Cuba, gestor da Trinca Produtora, que atualmente representa a Companhia Ágata de Artes e irá coproduzir Terreiro dos Aflitos.
Espetáculos que discutem a sociedade
Fundada em 2001, a Companhia Ágata de Artes vem perseguindo discussões sociais em seus últimos projetos, como a homofobia em O Retrato de Oscar Wilde, e o racismo sob a ótica feminina em Mulheres Negras.
Clássicos como Hamlet, de Willian Shakespeare, e O Cortiço, do brasileiro Aluísio Azevedo, também foram visitados.