*O título deste artigo foi adaptado para fins de SEO.
Entre o impulso e a estratégia, pular etapas profissionais pode custar o seu futuro
Escrito por César Silva, diretor-presidente da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT). Crédito da foto principal: Divulgação.
Vivemos uma era em que tudo cabe na palma da mão: respostas, conexões, validações e, talvez, o mais perigoso: a ilusão do sucesso instantâneo.
A Geração Z cresceu cercada por tecnologia, agilidade e recompensas rápidas.
Assim, não é surpresa que a ideia de “atalho” pareça tentadora.
O problema é quando essa lógica do imediato é aplicada ao que, por natureza, exige processo: conhecimento, carreira, maturidade profissional e construção de competências.
Frases como “faculdade é perda de tempo”, “empreender é melhor do que estudar” ou “basta coragem para vencer” viralizam facilmente.
Mas, longe da timeline, o mercado é menos romântico e mais pragmático.
É muito perigoso estimular a crença, desta geração, de que existem atalhos ou jornadas mais rápidas para se atingir objetivos.
Muitos jovens não sabem que é na jornada que se empreende, que se aprende a usar ferramentas de gestão, básicas e simples, mas fundamentais na organização dos dados e na tomada de decisão.
A regra dos 80 – 20, lei da demanda e da oferta, ciclo PDCA (planejar = Plan, fazer = Do, verificar = Check e agir = Act) ou matriz SWOT (forças = Strengths, fraquezas = Weaknesses, oportunidades = Opportunities e ameaças = Threats).
Entender o kit de sobrevivência de quem precisa alocar capital, entender risco, definir prioridades e antecipar cenários não acontece ao acaso: exige tempo, repetição, reflexão e erro com contexto.
Quem ignora essas ferramentas tende a aprender no método mais caro de todos: o erro repetido.
Pular etapas pode parecer ousadia, mas, muitas vezes, é apenas inconsequência travestida de coragem.
Quebrar a etapa de aprendizado leva esses jovens desta geração a não consumir energia boa, na hora certa, no momento de mais valor: o de aprendizagem.
Caso esteja pensando em largar a faculdade para “empreender” ou, até mesmo, não tentar o acesso ao caminho que leva à obtenção de um diploma, seja ele de Técnico Nível Médio ou de nível superior, pode ser a escolha mais errada em sua trajetória pessoal e profissional.
Os dados reforçam isso.
Um diploma técnico pode aumentar o potencial de renda entre 18% e 58%.
Um diploma superior pode elevar o salário em até 148%.
No mundo das startups, que simboliza ruptura e ousadia, apenas 5% dos fundadores bem-sucedidos não tinham formação formal.
Os outros 95% tinham currículo estruturado com graduação, especialização, mestrado ou doutorado.
Até no universo da inovação radical, o conhecimento é o lastro.
A natureza também ensina essa lógica.
Em física e química, nenhuma transformação ocorre sem energia de ativação.
Nada simplesmente acontece, é necessário esforço.
Não existe almoço grátis, nem nos átomos, nem no mercado.
O esforço é parte do processo e a jornada forja caráter e competências, o perfil de quem a percorre.
É claro: estudar não garante sucesso.
Mas abandonar a formação aumenta exponencialmente o risco do fracasso.
Ou pior, se recai na mediocridade confortável, onde a pessoa nunca descobre seu verdadeiro potencial porque quis chegar antes de aprender a caminhar.
Isso não significa escolher entre diploma e empreendedorismo.
Significa reconhecer que o diploma, seja técnico ou superior, não é o fim, mas o alicerce.
A jornada acadêmica não é um obstáculo: é um acelerador.
Até para empreender com sucesso, é importante que se tenha trilhado uma jornada de formação formal científica, o tão falado (sonhado por uns e desprezado por outros) diploma é importante pelo que ele expressa na ciência e na vivência da jornada dos que o obtêm.
Para cada Bill Gates que abandonou Harvard e se tornou ícone, há milhares de outros que só construíram empresas sólidas porque tiveram acesso às bases científicas, matemáticas, estratégicas e humanas necessárias para competir.
No final, a pergunta que a Geração Z precisa responder é simples: você quer apostar sua vida na exceção ou construir seu futuro baseado no que funciona para 95% das pessoas?
Audácia é bem-vinda. Impulsividade não é coragem, é risco mal calculado.
O caminho mais rápido é raramente o mais inteligente.
E no mundo real, não no feed, quem chega mais longe não é quem apressou o processo, mas quem foi consistente o suficiente para merecer o resultado.
Mais do autor do artigo
César Silva é formado em Administração de Empresas, com especialização em Gestão de Projetos, Processos Organizacionais e Sistemas de Informação.
Além de ser diretor-presidente da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT), César é docente da Faculdade de Tecnologia de São Paulo — FATEC-SP há mais de 30 anos e também foi vice-diretor superintendente do Centro Paula Souza.
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