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Artigo: A criatividade pode virar Prompt?

Diretora de criação da Make ID reflete sobre os impactos da IA no setor criativo e se a tecnologia está ampliando ou limitando a originalidade.

Foto da autora do artigo.

Escrito por Graziela Mônaco, diretora de criação da Make ID (Crédito da foto principal: divulgação).

O avanço da inteligência artificial tem transformado práticas profissionais em diferentes setores, especialmente no campo criativo.

A discussão sobre até que ponto a tecnologia substitui ou veio para potencializar o trabalho humano, vem sendo fomentada em diversas escalas mundo afora, inclusive, no ano passado foi tema de destaque em um dos maiores festivais de inovação e cultura do mundo — O SXSW 2024 — em Austin nos Estados Unidos.

Na ocasião, uma frase se repetia durante todo o evento:

“A IA não vai roubar seu emprego, mas quem usa vai”.

A mensagem resumia a sensação de urgência em adotar a tecnologia como ferramenta indispensável.

Para muitos, no entanto, a experiência também trouxe uma espécie de “ressaca”:

A impressão de que a tecnologia havia se tornado maior do que as pessoas.

Um ano depois, na edição europeia do festival, em Londres, a abordagem foi distinta.

O debate ganhou tons mais humanos, menos centrados nas tecnologias.

Em uma das palestras, uma frase chamou a atenção:

“A questão não é quão inteligente podemos tornar um dispositivo, mas quão humana podemos tornar a experiência.”

O contraste entre os dois eventos expõe um dilema central: enquanto a IA se mostra eficiente em tarefas de repetição e previsão, a criatividade depende de saltos inesperados e conexões improváveis, onde somente um humano é capaz de fazer.

Em ambientes profissionais, esse “choque” já é realidade.

Profissionais da publicidade e do design relatam que em alguns processos, diferentes equipes chegam a soluções praticamente idênticas ao usar ferramentas de IA, reflexo de um processo que tende a reforçar padrões e reduzir a imprevisibilidade.

Em um caso do setor, duas duplas criativas trabalharam em paralelo, sem qualquer troca entre si, e chegaram a propostas quase idênticas, não equivocadas, mas previsíveis e pouco originais.

Esse fenômeno tem sido descrito como um “eco”: um ciclo em que as soluções não geram novidade, apenas se redescobrem em versões semelhantes.

Neste cenário, apenas a capacidade humana de dar saltos mentais, cruzando territórios distantes e provocando o inesperado, pode romper a previsibilidade.

Especialistas afirmam que o risco não está na tecnologia em si, mas na forma como é usada.

A IA pode agilizar tarefas, ampliar repertórios e liberar tempo para que pessoas explorem ideias mais ousadas.

No entanto, quando se torna apenas um atalho, tende a produzir o óbvio.

O desafio, portanto, não é abandonar a IA, mas compreender que sua força está em potencializar a capacidade humana de pensar criticamente, criar narrativas originais e desafiar o óbvio.

A criatividade continua sendo um processo essencialmente humano, que depende de coragem crítica e olhar singular para transformar informações em algo novo.

Mais sobre a autora do artigo

Graziela Mônaco é diretora de criação da Make ID, agência criativa e estratégica que transforma marcas por meio de branding, comunicação integrada e experiências de impacto.

Com mais de vinte anos de experiência como diretora de Arte e Criação, desenvolveu campanhas para grandes marcas como Bacardi, Nokia, Sony, Brastemp, MasterCard, Natura, Colgate, John Deere e Scania.

Apaixonada por criar e acreditar no poder das ideias e na importância da diversidade para construir uma comunicação de relevância e impacto, é bacharel em Design Gráfico pelo Centro Universitário Belas Artes com mestrado em Marketing Organizacional pela UNICAMP.

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