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Bate-Papo com Elder Fraga

Profissional há mais de 25 anos, Fraga vem nesse período desenvolvendo seu trabalho como cineasta, diretor de produção em teatro, roteirista e ator, conheça mais desse artista multifacetado no bate-papo abaixo.

Há 27 anos o diretor Elder Fraga vem desenvolvendo seu trabalho entre longas-metragens, curtas-metragens, videoclipe, publicidade e teatro na Fraga Films.

Fraga já dirigiu três longas-metragens,11 curtas-metragens e acumula em sua carreira, 135 prêmios e 326 indicações em várias categorias, além de 12 prêmios no teatro, dois prêmios como personalidade da arte, 11 prêmios de melhor diretor e 30 prêmios de melhor filme.

E hoje ele nos conta tudo sobre sua carreira, seus trabalhos recentes e muito mais.

Victor Hugo Cavalcante: Primeiro é um prazer poder recebê-lo em nosso site, e gostaria de começar perguntando: Como começou sua relação com o cinema e com as artes cênicas enquanto ator?

Elder Fraga: Estou completando 27 anos de carreira esse ano, já é uma jornada longa e minha relação com o cinema começou na adolescência.

Sempre fui um cinéfilo faminto de passar à tarde no cinema assistindo a três filmes em um dia, era uma delícia.

Mas meu interesse pelas artes cênicas demorou um pouco, só quando eu troquei Rio de Janeiro por São Paulo, resolvi experimentar o teatro, comecei fazendo um curso livre no Teatro Vento Forte em 1997 para 1998 e depois fui fazer um curso profissional no INDAC e de lá já sai para minha primeira montagem profissional Barrela do Plínio Marcos onde tive o prazer de conviver e trabalhar com ele, era um super elenco composto por Jairo Mattos, Antônio Petrin entre outros.

Cena do espetáculo Barrela – Crédito: Divulgação

Victor Hugo Cavalcante: O documentário O Artista e a Força do Pensamento, que conta sobre a vida e obra do dançarino Marcos Abranches participará da OFFCINE 22, qual tem sido o feedback do público para este trabalho?

O festival acontece em abril, estamos felizes com o retorno desse projeto, o feedback tem sido muito positivo, o filme já passou por mais de 10 estados do Brasil e seis países, estamos recebendo críticas positivas por onde o filme passa.

Temos ainda todo o ano para trabalhar o filme dentro dos festivais e pensar em uma distribuição a partir de 2024, vamos buscar parceiros para fazer o filme ter um alcance maior.

Victor Hugo Cavalcante: Artista e a Força do Pensamento já foi premiado em diversos eventos (inter)nacionais, entre eles o 11º BREAKING DOWN BARRIERS International Film Festival que aconteceu em Moscou/Rússia em 2022; o 15º LABRFF: Los Angeles Brazilian Film Festival que aconteceu nos EUA em 2022; o 20º Arouca Film Festival que aconteceu em Portugal; o Campinas Film Festival que aconteceu em 2022 e o 10º Festival Internacional de Filmes Sobre Deficiência de 2021, para você o quanto essas premiações e suas exibições podem ajudar a dar mais representatividade à causa PcD entre os artistas e não artistas?

Os prêmios são consequência de um longo trabalho, esse filme sempre estava entre as minhas prioridades.

O Marcos Abranches não gosta do termo “deficiente”, ele sempre usa “diferente” e durante todo esse processo do filme aprendi muito com ele, na nossa viagem em novembro para Moscou na Rússia com o filme, foi uma grande escola para mim, ficamos somente eu e ele juntos por quase 20 dias com muita neve e um pouco de vodcas (Risos).

Marcos Abranches (lado direito) e Elder Fraga (lado esquerdo) no 11º BREAKING DOWN BARRIERS International Film Festival – Crédito: Divulgação

Então minha cabeça abriu muito para esse assunto, o Marcos é uma referência para as pessoas com diferença, o que ele vem conquistando com o trabalho dele, abre muitas portas para que novos artistas com diferença surjam.

O filme, que já passou por 24 festivais, vencendo 12 prêmios, vem fazendo uma carreira linda por que o Marcos é um ser iluminado e um grande artista completo.

Victor Hugo Cavalcante: O documentário O Artista e a Força do Pensamento reflete a relação entre equilíbrio e desequilíbrio dentro da parcialidade de movimento do dançarino Marcos Abranches que oscila o corpo para despertar do vazio e isolamento causado pelo desequilíbrio, como foi que surgiu a ideia deste documentário e seu contato com o artista?

Eu conheço o Marcos a mais de 20 anos, somos próximos por que trabalhei sete anos com a mãe dele, Eliety Teixeira, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, fui produtor dele em várias oficinas dentro da casa, sempre fomos próximos, só que nossas carreiras ia a todo vapor, ele na dança e eu no teatro sempre em viagens e montagens.

Quando comecei a dirigir cinema, a gente teve um primeiro papo, entre nossas conversas até chegar de fato a fazer o documentário foram mais de 10 anos, quando a gente ia começar ele pegava uma turnê pela Europa e a gente não conseguia.

Em 2018 finalmente sentamos e começamos a trabalhar juntos, foram muitos meses para eu fechar o roteiro ideal para a filmagem que realizamos em 2019, o lançamento ia acontecer em 2020, aí veio a pandemia e seguramos até as coisas melhorarem, enfim… o filme segue firme e forte.

Victor Hugo Cavalcante: Para quem ainda não assistiu ao documentário sobre o Marcos Abranches, o que pode esperar dele e por quê?

Pode esperar um artista inquieto que está sempre em atividade, o Marcos depois d’O Artista e a Força do Pensamento, já fez serie nacional, longa internacional e curta como ator, e já lançou três projetos inéditos na dança, hoje, por exemplo, ele está reestreando O Grito no Kasulo com direção do Sandro Borelli, um dos maiores coreógrafos do Brasil.

E não para tem vários projetos novos que chega em breve.

Victor Hugo Cavalcante: Quais foram os trabalhos mais complicados que você já desenvolveu? Por quê?

A cada projeto o desafio é gigante, sempre são complicados, venho a muitos anos trabalhando no cinema de forma independente, ou seja, investindo do bolso e isso é muito complicado, porque quem assiste quer ver qualidade e não é fácil entregar projetos de qualidade com um orçamento baixo.

Confesso que ando um pouco cansado e acho que preciso de umas férias longas… (Risos)

Mas acho que o projeto mais difícil, na parte técnica, que já realizei foi meu primeiro longa-metragem de ficção, SP Crônicas de Uma Cidade Real, era um elenco gigantesco, muitas locações e uma verba mínima para produzir, mas o resultado foi gratificante, o filme conquistou 42 prêmios no circuito de festivais, vários internacionais, deu um folego e teve distribuição da O2 Play.

Gravação de SP: Crônicas De Uma Cidade Real – Crédito: Vivian Fernandez

Já o mais difícil, na parte humana, foi meu terceiro longa-metragem Linha de Frente Brasil, um documentário que eu e o diretor de fotografia Tomires Ribeiro junto ao Dr. Netto entramos em UTIs de Covid para documentar o trabalho dos profissionais da saúde na luta para salvar vidas.

Gravação de Linha de Frente Brasil – Crédito: Divulgação

A parte difícil disso é que começamos a entrar nas UTIs em março de 2020 e fomos até setembro e a vacina só chegou em fevereiro de 2021, ou seja, a gente poderia ter morrido nessa filmagem, durante esses meses convivemos com a morte do nosso lado, foi muito difícil para toda a equipe.

Victor Hugo Cavalcante: Como ator, você já foi dirigido por grandes nomes do cinema nacional, como Laís Bodanzky, José Mojica Marins, Roberto Moreira, Helena Ignez, André Ristum, Tadeu Jungle, Kapel Furman, dentre outros e ainda atuou ao lado de atores, como Tônia Carrero, Beth Faria, Leonardo Villar, Daniel Oliveira, Cauã Raymond, Rodrigo Santoro, Sergio Mamberti, dentre outros, quais as produções que você achou mais incríveis e mais difíceis de atuar?

Eu sempre amei atuar, fiz trabalhos incríveis com grandes nomes do cinema nacional, é difícil falar de um e deixar o outro de fora, mas tenho um carinho muito grande pelo longa Chega de Saudade da Laís (Bodanzky), ali foi uma grande escola para mim, foram três meses do lado de artistas incríveis como Elza Soares, Tônia Carrero, Betty Faria, Leonardo Villar, Marly Marley, Jorge Loredo entre outros, fizemos uma grande família ali, saudades.

Victor Hugo Cavalcante: Quais as principais dicas que você dá para quem deseja algum dia se tornar produtor de cinema, cineasta ou ator?

Eu digo que faça com amor…

É uma carreira cheia de altos e baixos, se alimente dos grandes, lute e lute muito pelo que acredita, eu comecei como ator, depois fui produzir e dirigir, hoje trabalho um pouco de cada, mas não é fácil, estude e muito, tenha sempre um plano B, os grandes artistas sempre me falaram isso, “Tenha sempre um plano B”.

Victor Hugo Cavalcante: Se fosse possível contracenar com algum ator/atriz brasileiro, quais seriam suas preferências e por quê?

Essa é fácil, meu sonho sempre foi a Fernanda Montenegro, vi tudo que pude dela, no teatro e cinema.

Por quê? É a maior desse país.

Victor Hugo Cavalcante: A Fraga Films é uma produtora de audiovisual independente que completou 17 anos de vida em 2022, para você enquanto fundador o quanto o Brasil ainda pode evoluir na questão de apoio a produtoras independentes e arte independente no geral?

Essa pergunta eu teria que responder em umas três páginas, falta muito ainda para as produtoras independentes serem notadas.

A Fraga Filmes, em 17 anos de vida, já ganhou 135 prêmios e recebeu 326 indicações em várias categorias, além de 12 prêmios no teatro e eu ganhei dois prêmios como personalidade da arte, em 2018, venci 11 prêmios de melhor diretor e 30 prêmios de melhor filme.

E nesse momento estou buscando patrocínio para o meu 4º longa-metragem como diretor e são muitos nãos para uma história super necessária, enfim… Brasil.

Victor Hugo Cavalcante: Quais produtores, diretores de cinema e atores mais te influenciam e no que eles te influenciam?

O diretor que me fez apaixonar por cinema foi o Martin Scorsese, para mim é o maior diretor de todos os tempos, a obra dele me fascina, e claro tem outros que gosto de acompanhar como David Fincher, Christopher Nolan, Denis Villeneuve entre outros.

Victor Hugo Cavalcante: Conte-nos o que podemos esperar para os próximos trabalhos além do que já foi comentado nas perguntas acima.

Vou lançar agora em abril um curta-metragem que tenho muito orgulho, Fã Número 1, com dois grandes amigos de várias jornadas no teatro e cinema, os atores Ricardo Gelli e Rogério Brito.

Nós trabalhamos juntos a quase 20 anos e esse projeto é uma celebração a nossa amizade, e claro ao lado de novos parceiros especiais como os produtores desse projeto Tomires Ribeiro e Leonardo Granado ao lado da minha grande parceira Gabriela Wazlawick.

Capa do filme Fã Nº 1 – Crédito: Divulgação

O curta-metragem mostra dois cunhados que se reencontram depois de três anos do assassinato daquela que era o elo entre eles, a atriz Nataly, e nesse encontro eles discutem vingança, justiça, perdão e Shakespeare.

O elenco conta com Ricardo Gelli, Rogério Brito, Niz Souza e Adriano Merlini, a direção de fotografia é de Tomires Ribeiro e o roteiro, 1ªAD e produção foram realizados por Leonardo Granado.

A direção de arte é minha autoria; o figurino, 2ªAD e maquiagem são de responsabilidade de Nicolle Albiero; Gaffer foi realizado por Renan Rocha; o making of ficou sob a responsabilidade da Magnus Crow; fotografia still ficou por conta de Glauco Bernardino; o técnico de som direto foi o Márcio de Oliveira; o desenho de som foi trabalho de Junior Aragaki; a trilha original foi criada por Willians Alves; a produção de set fica por conta de Karina Kiss; o assistente de elétrica é o Renato Alves Rocha e a arte do cartaz quem fez foi o Júlio Quinan.

Já a montagem foi dividida entre eu e Tomires Ribeiro; produção executiva foi divida entre a Gabriela Wazlawick, eu, Tomires Ribeiro e Leonardo Granado e a direção foi minha responsabilidade.

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