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Livro lança um olhar sensível para corpo, memória e afeto

Ressaca, obra de Thalita Coelho, explora luto, maternidade e autoconhecimento e revela como memórias e afetos impactam a saúde emocional e os processos de cura.

Capa do livro.

Crédito da foto principal: Divulgação.

A escritora e professora Thalita Coelho apresenta ao público seu mais novo romance, Ressaca, uma narrativa potente e sensível que entrelaça as vidas de Marcela, uma professora que vê seu mundo desmoronar com a perda de uma aluna, e o nascimento de sua filha Leo, cuja existência ecoa traumas há muito enterrados.

A obra utiliza o realismo fantástico como estratégia para abordar temas densos como o luto, o abuso sexual infantil e as complexidades da maternidade e das relações familiares não normativas.

O livro conta com texto de prefácio assinado pela escritora Monique Malcher e texto de orelha pela escritora Nalü Romano.

A narrativa fragmentada de Ressaca constrói sua força a partir de um evento traumático real que impactou a autora: o suicídio de uma ex-aluna.

Thalita explica que a motivação para o livro nasceu “da interrupção brusca da vida”, um episódio que desenterrou seus próprios traumas e a impulsionou a explorar, na ficção, a fina linha entre a vida e a morte.

A obra, no entanto, não se limita à dor.

Ela também é influenciada pela “vida que se inicia a partir de um nascimento, como ocorreu com Ravel, meu filho, que veio acalmar o luto das duas mães”, completando uma visão que entende a vida e a morte como “dois lados da mesma moeda”.

A construção do romance levou cinco anos, um período de intensa transformação pessoal para a autora, que vivenciou seu casamento, uma gravidez e a perda de sua avó.

Esse processo criativo resultou em uma obra repleta de símbolos.

A trama se desenrola em um cenário marcante: o litoral catarinense, com o mar atuando não apenas como pano de fundo, mas como uma força narrativa central, arrastando personagens e leitores para um turbilhão de emoções.

A presença constante do mar não é acidental.

Thalita, que sempre viveu em cidades litorâneas, afirma que “o mar é parte importante de minha escrita, especialmente em Ressaca, funcionando como uma metáfora para as memórias que insistem em voltar”.

Além da experiência pessoal com o luto, a vivência da autora como professora e como mulher lésbica impacta severamente sua escrita.

A relação sáfica entre Marcela e Pietra, sua companheira, assim como a dupla maternidade, são eixos centrais da trama.

A autora, doutora em Literatura pela UFSC e semifinalista do Prêmio Jabuti com o romance Desmemória, consolida com Ressaca uma literatura politicamente comprometida, que dá voz e protagonismo a experiências historicamente silenciadas.

Sobre a autora

Crédito da foto: Vinicius Brites.

Thalita Coelho é escritora, professora e doutora em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Lésbica e mãe, sua trajetória pessoal e intelectual se entrelaça em uma literatura marcada pelo afeto, pela resistência e pelo protagonismo de vozes dissidentes.

Estreou com Terra Molhada (2018), uma coletânea de poemas, e publicou o romance Desmemória (2020), semifinalista do Prêmio Jabuti.

Sua obra literária cruza a memória e a resistência, sempre com um olhar sensível e aguçado para as complexidades humanas.

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