Crédito da foto principal: Corky Lee.
O Sesc Avenida Paulista inaugura, a partir de 14 de novembro, a exposição Cartas à memória, com curadoria de Yudi Rafael.
A mostra reúne cerca de 90 obras de 29 artistas das Américas e da Ásia, que investigam as complexas relações entre arte, política, identidade e memória nas experiências da diáspora asiática.
Inspirada no livro Letters to Memory (2017), da escritora nipo-americana Karen Tei Yamashita, Cartas à memória propõe uma reflexão profunda sobre os vestígios da história e os fantasmas do presente.
Por meio de pinturas, fotografias, vídeos, instalações, documentos e cartazes, a mostra revisita episódios de repressão, deslocamento e resistência vividos por comunidades asiáticas no Brasil, nos Estados Unidos e em países da América Central.
“A exposição dialoga com a forma como a autora expande o imaginário geográfico asiático-americano, inscrevendo nele o eixo norte-sul, para além do leste-oeste, de modo a percorrer tempos e geografias ao mesmo tempo distantes e interconectados, e reúne trabalhos de 29 artistas de diferentes países do continente americano, do Caribe e do leste e sudeste da Ásia”, conta Yudi Rafael, que estrutura a exposição em eixos temáticos transversais, como lugares, guerras, ativismos e comunidades.
Esses temas permeiam o conjunto de aproximadamente 90 obras, propondo um percurso histórico e artístico que ressalta como os séculos XX e XXI foram marcados por guerras e crises políticas.
Tais eventos promoveram movimentos migratórios de diversos países do leste e sudeste asiático em direção às Américas, e consequentemente seus desdobramentos na experiência das comunidades e em suas construções identitárias.
Dentre as obras que compõem a exposição: os arquivos do americano de ascendência chinesa, Corky Lee (1947–2021), apresentam o cotidiano, as celebrações, as manifestações e lutas por direitos civis e justiça social das comunidades asiáticas nos Estados Unidos; os cartazes revolucionários, do artista gráfico cubano René Mederos (1933–1996), produzidos a partir de suas visitas ao Vietnã; um filme do vietnamita Tuan Andrew Nguyen (1976), que mistura registro documental e linguagem mítica ao revisitar uma ilha de refugiados de guerra no Sudeste da Ásia.
A mostra também apresenta quatro projetos inéditos das artistas Caroline Ricca Lee, Mimiam Hsu, Alice Yura e Lina Kim, que investigam histórias de enclaves étnicos e trajetórias migrantes nas Américas.
O curador explica que a produção artística das últimas décadas combina um interesse pela fabulação à memória familiar, confrontando os legados históricos da exclusão e da guerra em um cenário frágil de pacificação altamente militarizada, e ressalta:
“A geografia quente da Guerra Fria aproxima a América Latina e a Ásia também pelos fantasmas que ela deixou, tensionando a linearidade da cronologia e colapsando os limites entre passado, presente e futuro.”
Os 29 artistas que compõem a exposição são: Albert Chong; Alice Yura; Alípio Freire; An-My Lê; Bridge; Carlos Takaoka; Caroline Ricca Lee; Chantal Peñalosa Fong; Corky Lee; Danh Vo; Dinh Q. Lê; Dorothea Lange; Flavio Shiró; Gidra; Hisako Hibi; Jane Jin Kaisen; Kiyoji Tomioka; Lina Kim; Mario N. Ishikawa; Masayo Seta; Mimian Hsu; Rea Tajiri; René Mederos; Ryan Villamael; Susan Meiselas; Taís Koshino; Toyo Miyatake; Tuan Andrew Nguyễn e Yoshiya Takaoka.
Continue navegando pelo Jornal Folk e descubra conteúdos que inspiram, informam e conectam diferentes realidades.






