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Cinemateca Brasileira homenageia Zé Rubens em retrospectiva

Mostra exibirá filmes restaurados e digitalizados inéditos ao público, entre eles o primeiro de filme de Sônia Braga e clássico protagonizado por José Wilker.

Imagem-montagem com banner de divulgação do evento.

A Cinemateca Brasileira apresenta, entre os dias 20 e 23 de março, a Retrospectiva José Rubens Siqueira, uma homenagem ao cineasta paulista falecido no dia 17 de fevereiro.

A mostra exibe quase a totalidade de sua filmografia, inédita há décadas e praticamente desconhecida pelo público.

Nascido em Sorocaba, em 1945, José Rubens Siqueira, ou Zé Rubens, como era conhecido, é mais lembrado por sua carreira no teatro.

Dramaturgo, diretor, ator, cenógrafo, figurinista, ele foi responsável pela montagem de algumas peças que marcaram a história do teatro paulista nas décadas de 1980 e 1990.

Ou mesmo por sua atuação como tradutor, que atravessa mais de 200 livros, oferecendo aos leitores brasileiros autores como Salman Rushdie, J.M. Coetzee, Toni Morrison, Pedro Juan Gutiérrez, entre muitos outros.

O que poucos sabem é que Zé Rubens teve também uma inventiva carreira cinematográfica ao longo das décadas de 1960 e 1970, assinando a direção de 18 filmes, entre longas, médias e curtas-metragens, que foram exibidos e premiados em grandes festivais, como o de Gramado, Brasília, Tehran e Berlim.

Entre os filmes exibidos destacam-se: Atenção: Perigo (1967), a primeira incursão de Sônia Braga no cinema; Amor e Medo (1974), longa-metragem protagonizado por Irene Stefânia e José Wilker, exaltado por críticos como José Carlos Avellar, Jairo Ferreira e Carlos Reichenbach; e Clepsuzana (1969), fotografado por Jorge Bodanzky e que integra o filme coletivo Em Cada Coração um Punhal, hoje um clássico do cinema marginal paulista.

José Rubens Siqueira dirigindo Sônia Braga em Atenção: Perigo (1967) — acervo pessoal.

A mostra conta ainda com um debate com Fernando Severo, cineasta e amigo de longa data de Zé Rubens, que idealizou o projeto de restauro e digitalização de sua obra há mais de 20 anos, e mediação de Matheus Rufino, produtor da Mostra.

A iniciativa finalmente tornou-se realidade no início de 2024 através do financiamento do Ministério da Cultura via Lei Paulo Gustavo, a partir de um edital da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

O processo foi supervisionado pelo próprio Zé Rubens e realizado pelos laboratórios da Cinemateca Brasileira e da Link Digital.

As novas cópias digitais elaboradas especialmente para a Retrospectiva José Rubens Siqueira garantem não apenas a preservação, mas a redescoberta de um artista multifacetado cuja filmografia, agora resgatada, se posiciona como peça fundamental da história do cinema brasileiro.

No dia 20 de março, às 18h30, a Cinemateca Brasileira recepciona o público com um coquetel para marcar a abertura da mostra e celebrar a vida e obra de Zé Rubens.

Após um período de exílio em Londres com o acirramento da Ditadura Militar, Zé Rubens, exímio desenhista, retorna ao Brasil e realiza uma série de curtas-metragens de animação que marcaram o desenvolvimento do gênero no país, exibidos à época no emblemático programa da TV Cultura, Lanterna Mágica.

Destacam-se o premiado Pequena História do Mundo (1974); exibido em festivais no Irã e na União Soviética; Hamlet (1975), eleito pela ABRACCINE como um dos 100 melhores filmes de animação brasileiros de todos os tempos; e Sonho de Glória (1975), filme encomendado por Elis Regina para a turnê do icônico espetáculo Falso Brilhante, que era projetado atrás da cantora durante os shows.

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