A banda Cuba & Outras Ilhas, formada em 2018 na cidade de São Paulo, é composta por Alexandre Cuba, que lidera com voz, violão e guitarra; Alex Lobão na guitarra; Luiz Letras no baixo e backing vocal; e Gueda Gomes na bateria e backing vocal.
A banda, que mistura estilos como Indie Rock, Pop e MPB, já realizou apresentações em diversos espaços públicos, como teatros, casas de cultura, fábricas de cultura, Palco Culturando no Festival de Barretos e editais, e agora está gravando seu 4º trabalho fonográfico, agora literalmente com Outras Ilhas.
Nesta entrevista, Alexandre Cuba compartilha com a gente a experiência de sua trajetória musical e as influências que moldam o som único da banda.
Victor Hugo Cavalcante: Primeiro, é um prazer recebê-los no Jornal Folk, e gostaria de começar com a seguinte pergunta: Como a banda Cuba & Outras Ilhas se adaptou e evoluiu ao longo dos seis anos de atividade? Há algum momento ou projeto específico que tenha sido particularmente significativo para vocês?
Alexandre Cuba: O prazer é todo meu.
Quando decidi formar a banda, não conhecia os músicos que iriam iniciar esta empreitada.
Por meio de uma indicação de um cantor na qual eu estava em um projeto gravando canções autorais, conheci o baixista Maurício Camargo, músico conceituado na noite paulistana que tocou com a banda Maneva, Vanessa da Mata e entre outros.
Além de ser filho do escritor Oswaldo de Camargo.
No início, com o guitarrista Lake Persaud da Guiana Inglesa e Pedro Maprelian da Armênia, a banda produziu um material com influências diversas, mas com elementos do rock, funk e soul.
Ser selecionado para tocar em Barretos por três anos consecutivos tem um certo ar inusitado, pois não temos um trabalho necessariamente que combine com a festa.
No entanto, estas apresentações e editais aprovados em que pudemos circular com nosso repertório do álbum Chuva de Inseto e do EP Intelectualidade Selvagem nos estimulam na construção desta estrada.
Victor Hugo Cavalcante: O que você pode nos contar sobre o processo criativo por trás do 4º trabalho fonográfico da banda e quais são as principais características desse álbum?
Atualmente o trabalho se desprende um pouco desta ambientação com as influências apenas do rock arranjadas no primeiro EP Nem me viu e do próprio álbum Chuva de Inseto e dá espaço para outros gêneros como: Indie Rock, Pop, Latino, Música Brasileira e outros, que no meu entendimento se aproxima mais do conceito que gostaria de seguir a partir do próprio nome Outras Ilhas por conta das referências individuais e as minhas composições.
Victor Hugo Cavalcante: Como você equilibra a fusão dos estilos Pop e MPB nas suas músicas, e como isso se reflete no novo trabalho fonográfico da banda?
Não é uma tarefa fácil, mas as minhas composições tendem a direcionar o estilo e nessa hora as habilidades e referências de cada músico emergem nos arranjos e as combinações vão surgindo.
Quando sinto que não haverá encaixe com as Outras Ilhas, eu reservo a canção para o meu trabalho solo em parceria com o multi-instrumentista Júnior Mississippi.
Victor Hugo Cavalcante: Você mencionou que se sente como um “receptor” nas suas composições. Pode nos dar um exemplo de uma canção onde essa sensação foi particularmente forte?
É curioso falar sobre isso, porque componho algumas canções me baseando no que ouço de outras pessoas.
Acabo inserindo trechos de algumas histórias e construo a partir disso.
Há algumas que são inteiramente escritas em cima da história de alguém.
Isso aconteceu com uma canção chamada Sua Lei, que provavelmente estará no meu primeiro álbum solo que pretendo produzir em 2025.
Victor Hugo Cavalcante: Qual é a importância de ter uma produção assinada por Daniel Maia, especialmente considerando sua experiência com Tom Zé? Como isso influenciou o som do novo álbum?
O Maia é um grande amigo que a vida me trouxe e quem me apresentou foi o Maurício Camargo na Fábrica de Cultura Vila Nova Cachoeirinha.
Claro que a presença dele nas captações, dicas e participações traz uma certa segurança e conforto pelo tamanho que ele tem.
Não tenho proximidade com o Tom Zé enquanto pessoa, mas é uma referência de persistência e luta artística.
Além de ser uma história inspiradora, pelo reconhecimento nacional que foi em um momento específico sinalizado pelo músico e produtor norte-americano David Byrne.
O Maia deixa o som acontecer como ele é concebido, então tem um lado legal nisso, ele acaba preservando a criação e o sentimento da obra, mas puxa a orelha quando precisa também.
Victor Hugo Cavalcante: A banda tem se apresentado em diversos espaços culturais e editais. Como essas experiências ao vivo influenciam a produção e a evolução da sua música?
Angariar público, quando se é independente, é uma jornada bastante desgastante que demanda muita persistência, resiliência, resistência e convicção do que se quer conquistar.
Como tenho mais de 150 letras de músicas a serem exploradas, inegavelmente traz certa esperança de que alguma canção possa contribuir significativamente para o avanço do trabalho.
As minhas canções possuem um tom teatral, cênico e, ao mesmo tempo, reflexivo.
É difícil dizer que isso não tenha mercado, aliás, com tantos meios e públicos variados ao redor do globo, uma hora alguns ouvintes se identificam com as canções e a evolução vai seguindo as demandas apresentadas no percurso.
Victor Hugo Cavalcante: Como a transição para uma carreira solo influenciou o trabalho com a banda? Há alguma diferença significativa na abordagem musical entre os dois projetos?
Ainda é recente o convívio destes dois produtos.
Desse modo, estou em um processo de adaptação para um não contaminar negativamente o outro, pois a diferença é bastante impactante na entrega das canções, arranjos e propostas sonoras.
No meu trabalho solo, deixo acontecer influências como Caetano, Lô Borges e Djavan afetarem no bom sentido as minhas canções, ao passo que com a banda estes artistas são distantes como elementos de referências nos resultados.
Victor Hugo Cavalcante: Pode nos falar um pouco sobre as expectativas e os objetivos para o lançamento do novo álbum? O que os fãs podem esperar em termos de novidades ou surpresas?
Espero que possamos ganhar maior visibilidade com o novo trabalho devido à diversidade oferecida neste novo álbum que lançaremos entre este segundo semestre e o primeiro de 2025, seguindo um pouco da receita de lançamento de singles.
Que, aliás, já começamos com a canção Voodoo e estão em todas as plataformas digitais lançadas pela gravadora Tratore.
Acredito que, como novidade, estamos explorando mais a diversidade sonora com naturalidade, não para pertencer a um público específico, mas para mostrar o que tenho de composição.
Canções como Vale a pena?, uma mistura de forró, samba e rock, ou até mesmo Tipo Drama, música com pitadas latinas,podem despertar interesse até então não exibido pelo público.
Victor Hugo Cavalcante: Pode nos falar sobre alguma música específica do novo álbum que você acredita que se destacará ou que tenha um significado especial para você?
Acredito que a canção A Rua te Abraça possivelmente terá um destaque, o qual é um Pop e pertence a essa salada musical que o álbum oferece.
No entanto, tenho um carinho especial com o indie rock Olhos Famintos, que dá nome ao álbum (ainda em estúdio).
Victor Hugo Cavalcante: Quais são os planos para Cuba & Outras Ilhas após o lançamento do quarto álbum? Há alguma nova direção ou projeto em mente?
Como dono da Trinca Produtora onde oferecemos diversos serviços, desde produção artística de inúmeros segmentos que vai do teatro, dança e música até exposições e assessoria de imprensa, a banda faz parte do casting da produtora e a ideia é participar de editais, fomentos e contratações que promovam a circulação do álbum, uma vez que a forma mais adequada para lançar trabalho autoral é com algum suporte como ocupação de espaço, parcerias e subsídios captados por patrocinadores culturais.
Obrigado ao portal Jornal Folk pelo carinho.