Crédito: Divulgação/Evandro Aléssio
A Menina e o Trem resgata um dos momentos mais sombrios da história do Brasil: a tragédia do Hospital Colônia de Barbacena, o maior manicômio do país, onde pelo menos 60 mil pessoas morreram em quase nove décadas de funcionamento.
Por crescer no lugar que ainda hoje é considerado por muitos como a “Cidade dos Loucos”, o escritor Evandro Aléssio envolve os leitores em um livro de suspense, mas também apresenta fatos que inspiraram várias passagens e personagens da ficção.
O enredo se passa entre os anos de 1975 e 1979.
Júlia é a filha do fazendeiro mais rico de uma pequena cidade do interior de Minas Gerais e é atormentada por sonhos com trens nazistas.
Ela começa a namorar um jovem camponês quando é surpreendida por uma gravidez indesejada.
Então, em nome de uma suposta preservação da honra da família, seu pai a interna no manicômio.
A história se assemelha a de muitos pacientes do Hospital Colônia.
Estima-se que 70% das pessoas internadas não tinham doenças mentais; a maioria era composta por excluídos da sociedade, os chamados “calos sociais”, como pessoas em situação de rua, andarilhos e alcoólatras, além de mães solteiras, idosos e PcD.
As péssimas condições de tratamento estavam entre as principais causas de óbitos.
O escritor utiliza de vários recursos criativos na obra: variação de cenários, mudanças de narradores, protagonismo compartilhado, envolvimento de instituições como a Maçonaria, a Polícia Civil e a EPCAR, cortes na trama para introduzir fatos históricos, além de incluir duas “teorias da conspiração”.
Resultado de 16 anos de escrita, entrevistas com a comunidade de psiquiatria e mais de 10 mil horas de dedicação, A Menina e o Trem é um romance para os leitores conhecerem de perto uma das maiores tragédias do país.
É uma parte da história que a pacata cidade mineira de Barbacena gostaria de poder esquecer.