Crédito: Divulgação/Clície Maria Covizzi Alvarez
Jovem e rica, de família inglesa, Christine nasceu na Índia Imperial e foi enviada pelos pais a um colégio interno na Suíça até os 15 anos.
Com a morte da mãe, ela se muda com a família para a Inglaterra onde permanece até os 20, quando é levada à Escócia.
Lá, Christine atua como preceptora dos filhos de Lord Albert, um nobre banqueiro casado com Lady Melanie, cuja saúde está comprometida.
É desta forma que o leitor é apresentado à protagonista de Sonho e Realidade, de Clície Maria Covizzi Alvarez.
No romance, a beleza e a cultura da personagem imediatamente despertam os olhares dos frequentadores da casa de Lord Albert, que desconhecem sua real identidade.
Simultaneamente aos ciúmes dos serviçais da mansão, a garota se torna o centro das atenções, especialmente de duas pessoas: o próprio Lord Albert e Cristopher, o maestro que ensina piano à filha do banqueiro.
Em seu íntimo, Christine corresponde ao sentimento de Albert, mas suas convicções e firmeza de caráter jamais permitiriam que cedesse a qualquer tentação.
Já o banqueiro se vê aprisionado pelas emoções e precisa lutar com todas as suas forças para não sucumbir.
“Tomou sua mão e a beijou, imprimindo nela o calor de seus lábios.
Sonho e Realidade, p. 384
Não podia tocar nos dela, como desejava ardentemente, então deixou sua marca,
na parte interna de sua mão. Era o grito surdo de seu amor desesperado;
de seu desejo afogado, de seu coração angustiado.
Era o ferro em brasa que o dilacerava por não poder tocá-la, possuí-la.”
Autores, pintores, músicos e obras que circulavam entre a aristocracia europeia do século XIX passeiam pelo texto da autora santista.
Embora lance mão de alguma licença poética, Clície não abdica do rigor científico quando cita os livros A Origem das Espécies de Charles Darwin e O Capital de Karl Marx, o quadro A jornada de uma cortesã, de William Hogarth, ou a música Noturno número um, de Chopin.
Tal como um Eça de Queiroz, em Sonho e Realidade, primeiro volume da trilogia A vida Continua,Clície Maria encanta o leitor pela riqueza nos detalhes.
É possível sentir o toque do “veludo havana” da cadeira estofada e dos “tapetes na cor café” ou o estômago contraído pela ansiedade de uma viagem que mudará a vida da personagem central.