Num momento histórico repleto de desafios e urgências, após uma pandemia planetária de consequências catastróficas, em especial no nosso país, e com a humanidade tentando adiar o fim do mundo, por que a poesia ainda importa?
É a partir dessa pergunta central que nasce O poeta toma a pólis (Editora Patuá), terceiro livro do escritor Teofilo Tostes Daniel.
Nessa obra, a poesia ocupa um lugar de resistência e testemunho, além de servir de matéria essencial para sonhar um mundo onde a diversidade humana é celebrada.
Dividido em duas partes, o livro começa em tom de perplexidade diante das injustiças, da indiferença e da crueldade vistas em nosso país nos últimos anos.
Teofilo denuncia a psicopatia cotidiana, em que “uma horda derradeira segue / a monetizar o inaceitável / costurando olhos onde se leem / obscenos gritos de socorro”.
A intenção era mesmo cutucar a ferida e expor males tão naturalizados em nosso dia a dia.
“A gente vivia no auge do domínio do ódio dentro do debate público, quando se iniciou uma pandemia mundial, e no momento mais dramático da pandemia, convivendo com a iminência da morte, senti necessidade que minha escrita se voltasse para o horror em que estávamos todos imersos”, conta Tostes.
Já na segunda parte de O poeta toma a pólis, a conexão é com a esperança.
É quando o autor deixa claro por onde deseja que sua escrita conduza os leitores: pela delicadeza, pela sensibilidade e pelo afeto como ferramentas eminentemente poéticas e políticas.
“Acredito que, além de ser uma forma poderosa de testemunho em tempos extremos, a arte tem ainda a possibilidade de resgatar sensibilidades embotadas pela secura dos dias, promovendo e ampliando a capacidade de diálogo, que é uma ferramenta fundamental para a construção de um novo amanhã”.
O poeta toma a pólis é, sobretudo, fonte de inspiração para os fãs da boa poesia contemporânea produzida no Brasil.
Nas palavras do autor, seu novo livro é “um projeto de saúde, força e potência por meio das palavras”.