Written by 09:28 Artigo de opinião, Economia, Tecnologia Views: 5

Tecnologia excludente

Diante do debate sobre inteligência artificial, que está em todos os noticiários por conta de uma carta assinada por Elon Musk e outros pedindo a suspensão do desenvolvimento da IA por supostos riscos, Francisco Gomes Junior, advogado especialista em direito digital, fala em artigo sobre a revolução digital na hipervelocidade que está acontecendo.

Primeiro, fomos bombardeados por publicidade mostrando que o início das operações com 5G no Brasil elevaria a velocidade e qualidade na transmissão de dados.

Depois, o Metaverso chegou com tudo, a partir de um evento de lançamento com apresentação de Mark Zuckemberg.

Definitivamente, a era digital estava propiciando alterações rápidas e significativas.

E quando achávamos que nada mais surgiria de imediato, fomos surpreendidos com o ChatGPT, um mecanismo de inteligência artificial que interage conosco. 

Mas, e na realidade, até onde essas mudanças tecnológicas estão sendo sentidas?

São muitas dúvidas: A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) tão alardeada que impõe uma série de obrigações para as empresas, mas não nos protege de vazamentos de dados, é uma boa lei?

O 5G realmente está funcionando ou permanece restrito a poucas localidades?

Muitas pessoas até agora não perceberam a tão alardeada mudança de velocidade e qualidade.

Em relação ao ChatGPT, qual o percentual das pessoas terá acesso a essa plataforma?

O Twitter, de Elon Musk, passa a cobrar pelo selo de verificação e pode ser seguido por outras plataformas, isso é bom?

A verdade é que, com exceção dos países do G7, poucos países não possuem sequer a estrutura necessária para se beneficiar dessas tecnologias.

Um levantamento feito pela Unctad, área da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre comércio e desenvolvimento, concluiu que países de renda baixa e mesmo de renda média estão ficando cada vez mais para trás em termos tecnológicos em relação aos países ricos.

Ou seja, a distância entre riqueza e pobreza deve aumentar. 

E agora, quando a inteligência artificial começa a invadir cada vez mais o dia a dia da sociedade, os países em desenvolvimento devem ficar pressionados entre a mudança tecnológica inevitável, sem ter resolvido problemas anteriores, como preparar a força de trabalho, elaborar políticas públicas e criar um arcabouço regulatório mínimo.

A tendência é que tais países sejam atropelados, com risco de desorganização social e do trabalho.

Mais uma vez, trocando o pneu com o carro em movimento.

Mais sobre o autor

Francisco Gomes Júnior também é presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP) e autor da obra Justiça sem Limites.

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