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Pesquisador resgata itinerário poético em livro

Em Estrangeiro no País de Mim-Mesmo, R. Brosso percorre os principais elementos de sua produção literária, que se conecta a nomes como Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Philadelpho Menezes.

Em Estrangeiro no País de Mim-Mesmo: Balada do Amor Concreto com Credo poético, o poeta, professor, artista plurimídia e ficcionista R. Brosso conduz o leitor pelos paradoxos de sua formação poética.

Crédito: Divulgação

Congregado ao Concretismo desde o início da década de 1980 pela convivência com Décio Pignatari, o autor propõe e resgata marcas líricas do início de sua jornada literária nos anos 1970, presentes nos primeiros trabalhos e nas suas referências iniciáticas, entre Fernando Pessoa e Vinícius de Moraes.

A partir dessas “invenções”, com sua formação acadêmica composta por um mestrado em Semiótica e um doutorado em Ciências da Comunicação, ele busca romper as ideias pré-estabelecidas sobre o que constitui um poema.

Quando era estudante, conviveu com os precursores do movimento concretista no Brasil, inclusive chegou a participar de encontros na casa de Haroldo de Campos.

Além disso, por decisão de Décio Pignatari, teve poema visual de sua autoria publicado na Revista Através I (1983), ao lado de nomes como P. Leminski, Nelson Ascher, Régis Bonvicino, Frederico Barbosa e Edgar Braga.

Sempre conectado ao concretismo brasileiro, o escritor, na sequência, enveredou pela produção poética “intersígnica”, tendência que o influencia neste que é seu nono livro.

Sendo assim, para a construção das séries ou percursos vigentes no livro, ele se utiliza de um repertório extraído das vanguardas.

Essa poesia contemplava elementos textuais, visuais, sonoros e plásticos sem hierarquias, com objetivo de extrapolar os limites da palavra.

R. Brosso foi, inclusive, um dos participantes da I Mostra Internacional de Poesia Visual (1988), organizada pelo próprio criador do conceito de intersignos.

“meu sentimento

distâncias de prata

segredo seco

fino como nata

acuado num beco

meu sentimento

que por fora douro

é forte como um touro

diamantes bobos no areal

rea  tar  momentar

cada des.atar

romã-amor  amor diz

cicatriz desespelhos os sóis

só espelho se desfaz z.i.a.r                                                                                  r.a.i.z   ar de fugaz

a par sagaz

despertei o mundo real

arrul.

.ho  oh  luar”

Estrangeiro no País de Mim-Mesmo, pgs. 32 e 118

Estrangeiro no País de Mim-Mesmo é dedicado a todas as pessoas interessadas em uma literatura contestadora, que propõe debate sobre os padrões de escrita atuais e a tradição.

É, ainda, um livro para o público que se encanta pela linguagem do amor e pela demonstração íntima dos sentimentos.

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