O escritor e jornalista Marçal Aquino realiza sessão de desagravo de autógrafos de três dos seus livros Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, Faroestes e Baixo Esplendor nesta quarta-feira, 10 de maio, às 18h, na Livraria da Travessa (Rua dos Pinheiros, 513, Pinheiros, São Paulo).
As três publicações são da Companhia das Letras.
O evento, que faz parte da campanha #censuranão, é realizado como forma de protesto contra a Universidade de Rio Verde (UniVR), de Goiás, por retirar do seu vestibular a obra Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, simplesmente para atender ao pedido do deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO) que classificou o livro de “pornográfico”.
A exclusão do livro do vestibular da UniVR provocou uma série de reações contra a censura e em defesa do autor e de sua obra pelas principais instituições do país, entre elas a Academia Brasileira de Letras (ABL), Federação Nacional dos Jornalistas (FEJAJ), e Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJPSP).
Desde o episódio, o autor tem sido convidado para noites de autógrafos e palestras por todo o país.
“Não me surpreende esta tentativa de censura partindo de um deputado de perfil conservador, que muito certamente não leu o livro e, de resto, é mais conhecido por seu envolvimento com fake news do que pelo exercício da crítica literária. O que me choca é a universidade aceitar essa tutela, sem nenhum tipo de debate ou contestação. De que vale então ter uma comissão que seleciona os livros que serão indicados ao vestibular?”, questiona o escritor.
Sobre o livro
O livro Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, lançado em 2005, está em sua 23ª edição, já ultrapassou as 50 mil cópias vendidas, foi traduzido para oito idiomas, deu origem a dois longas-metragens e a uma peça de teatro que ganhou o Prêmio Shell de Dramaturgia.
Marçal também ganhou o Prêmio Jabuti por outro livro, o volume de contos O amor e outros objetos pontiagudos, em 2000.
Em nota, a Academia Brasileira de Letras (ABL) se solidariza com escritor Marçal Aquino e deplora a censura de que foi alvo seu romance Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios, lamentando que a Universidade do Rio Verde, de Goiás, tenha cedido a pensões políticas obscurantistas.
“Engajamo-nos ao lado de todos os que desejam revogar a arbitrar a proibição”.
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) também repudiaram a censura ao livro, após o deputado criticar a obra e espalhar nas redes sociais que o romance tem “absurdos pornográficos”.
As duas instituições, em nota conjunta, afirmaram que “lamentam o ocorrido e repudiam atitude da Universidade, que cedeu às pressões políticas de pessoas que criam polêmicas para se promover e não considerou o conteúdo, que segundo a nota da própria Universidade ‘é uma obra de literatura brasileira contemporânea, trabalhada nos principais cursinhos pré-vestibulares e presente na lista obrigatória de diversos concursos do país’”.
“Isso não deveria nem chocar a gente, é um deputado de perfil conservador. O que me choca é a comissão do vestibular e a universidade aceitarem essa tutela tão inapropriada e retirar o livro da lista do vestibular”, diz o autor.