Written by 10:55 Cultura, esportes e entretenimento, Matérias do Folk Views: 18

Livro de Cesar Augusto de Carvalho reúne narrativa surreal

Em Folhetim, seu nono livro, o autor mistura o real e o absurdo, criando 11 contos visuais e envolventes que exploram a solitude e o nonsense.

Imagem-montagem com capa do livro Folhetim.

No último dia 17, o escritor e poeta paulista Cesar Augusto de Carvalho lançou Folhetim (Ed. Laranja Original), nono título de sua carreira, com direito a noite de autógrafos no Bar Balcão, às 20h, em São Paulo.

A literatura de Cesar Augusto de Carvalho segue um caminho peculiar, longe dos modismos de ocasião, marcada por narrativas no qual o acaso determina o movimento do mundo e o sonho invade a realidade, ou a realidade se transforma em sonho.

Ambos convivem e se reforçam.

É o que se vê nos onze contos de Folhetim.

A partir de um fato qualquer, abre-se uma fresta para o absurdo, o humor e o nonsense.

A lógica do real é sobrepujada por conexões inusitadas e elos inesperados.

Ali, nada é sólido, tudo está por um triz e cada história contém bifurcações que levam a outras histórias.

Essa técnica narrativa mise en abyme acaba mergulhando o leitor num torvelinho alucinante.

Os personagens são tipos com órbitas próprias, perdidos em sua solidão, anti-heróis apartados da máquina da cobiça e do sucesso a qualquer preço, mais voltados para a recompensa dos pequenos prazeres mundanos, ou da simples sobrevivência.

Os contos, com seus cortes e sobreposições, são bastante visuais, explorando recursos do cinema.

Não à toa, Cesar Carvalho incorpora em sua experiência a de roteirista antes de se aventurar nos livros.

Assim, o conto Flipando em Paraty, que abre o volume, mostra um escritor na bancarrota que consegue uma oportunidade de fazer a cobertura da badalada festa literária.

No conto de título cabalístico 13, um jornalista se lança numa reportagem que investiga um caso de racismo.

E no conto-título Folhetim, um escritor se envolve em um episódio de crime cuja trama é pura alusão, revestida de sátira, ao clássico godardiano Acossado, sendo o conto mais claramente cinematográfico do conjunto.

O livro inclui ainda uma incursão pela autoficção, no conto que encerra o volume.

Nela, o narrador afirma:

“Todas as histórias já foram contadas, muda só o jeito de as contar”.

Cesar Augusto de Carvalho, como seus contos demonstram, criou seu próprio caminho.

Sobre o autor

Crédito: Janaína Sant’Ana

Nascido em Pompeia–SP, Cesar Augusto de Carvalho é professor de sociologia aposentado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) no Paraná.

Autor de prosa ficcional e ensaios, publicou Viagem ao Mundo Alternativo: a contracultura nos anos 80 (contos, Unesp, 2008); Toca Raul (contos, crônicas e radionovela, Independente, 2014); Histórias de Quem (contos, Desconcertos, 2020), Raul & Eu (novela, Cintra, 2022); Lado B (contos, Laranja Original, 2022) e Folhetim (Laranja Original, 2024).

Como poeta, publicou Proesia (Independente, 2013); Lavras ao Vento, Pá (Benfazeja, 2017) e Curto-circuito (Patuá, 2019).

Vários de seus contos foram publicados em jornais e revistas; participou de antologias poéticas, além de organizar muitas outras, a exemplo de Antologia Gente de Palavra Paulistana (Patuá, 2023), nome homônimo ao Sarau do qual é curador, em São Paulo.

Juntamente com o poeta Hamilton Faria, criou o Canal do Poetariado, programa mensal de entrevistas com poetas veiculado pelo YouTube e Facebook.

Segundo o autor, que iniciou a carreira como cronista e pesquisou a contracultura, a atividade com os roteiros de cinema tem bastante influência sobre sua escrita.

E sobre o atual mercado literário, Cesar Augusto defende:

“Embora se constate uma queda estatística na venda de livros, felizmente ainda é grande a demanda de leitores ávidos pela boa literatura”.

(Visited 18 times, 1 visits today)
Close