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Lady Gaga no RJ: Inclusão e Orgulho LGBTQIA+ em Copacabana

O fã rio-pretense João Pedro e a psicóloga Elaine Di Sarno destacam o impacto de Lady Gaga no orgulho e na saúde mental da comunidade LGBTQIA+ em Copacabana.

Foto de um punho cerrado com as cores pintadas da bandeira LGBTQIA+.

Na noite do dia 3 de maio, a Praia de Copacabana foi palco de um espetáculo que uniu música, emoção e resistência.

Diante de um público estimado em 2,1 milhões de pessoas, segundo a Riotur, a cantora Lady Gaga entregou um show gratuito e histórico, reafirmando sua trajetória como artista engajada na luta pelos direitos LGBTQIA+.

Desde o início de sua carreira, Gaga construiu uma relação única com seus fãs, os “Little Monsters”.

Muitos deles pertencem à comunidade LGBTQIA+ e encontraram na cantora um símbolo de acolhimento, liberdade e autoestima.

Referência afetiva e emocional para os LGBTQIA+

João Pedro, fã de São José do Rio Preto, conta como a música Born This Way o inspirou a se assumir com mais segurança. Crédito: Arquivo pessoal/João Pedro.

Com letras que exaltam a autenticidade e performances marcadas pela diversidade, Gaga se tornou referência afetiva e emocional para jovens que frequentemente enfrentam rejeição em seus próprios lares, escolas e ambientes de trabalho.

Para João Pedro, fã rio-pretense, Lady Gaga não é apenas uma estrela pop — ela é um símbolo de coragem, pertencimento e representatividade.

“Ela não foi a primeira diva a se aproximar da comunidade LGBTQIA+, mas foi a primeira a transformar isso em uma agenda política pessoal. Desde 2009, Gaga usava a música como plataforma de luta”, afirma.

Para ele, Born This Way foi um divisor de águas:

“Eu ainda não havia me assumido quando essa música estourou. Ver aquela letra sendo ovacionada no mundo inteiro me deu uma injeção de coragem. Um ano depois, saí do armário e percebi que as conversas sobre identidade estavam mais abertas”.

A influência da artista, segundo João, ultrapassa a música.

“Ela nos deu orgulho de sermos diferentes. Seus visuais ousados, sua autenticidade, o jeito de ser esquisita no melhor sentido da palavra… tudo isso nos tocou profundamente. Ela é queer, e nós também somos. Nós nos reconhecemos nela”.

A apresentação no Rio de Janeiro reforçou esse laço entre Gaga e seus fãs.

Apesar de não ter ido pessoalmente ao show em Copacabana, João assistiu à apresentação de casa, ao lado da mãe.

“A gente chorou em vários momentos. Ela entende o que a Gaga representa para mim. Estar ali, mesmo à distância, foi como reafirmar que somos uma comunidade imensa, que se apoia e resiste, e que tem em artistas como ela uma voz poderosa”.

Influência além dos palcos

Dr.ᵃ Elaine Di Sarno, psicóloga e neuropsicóloga especialista em TCC, destaca a importância da arte no cuidado com a saúde mental de jovens LGBTQIA+. Crédito: Carlos Alkmin.

A influência de Lady Gaga vai além dos palcos.

Com a Born This Way Foundation, a artista promove ações voltadas à saúde mental e ao bem-estar de jovens em situação de vulnerabilidade.

No Brasil, onde o índice de depressão e tentativa de suicídio entre jovens LGBTQIA+ ainda é alarmante, figuras como Gaga exercem um papel simbólico de grande importância.

Segundo a psicóloga e neuropsicóloga Dr.ᵃ Elaine Di Sarno, essa representatividade tem impactos reais.

A rejeição familiar ou social pode afetar diretamente a autoestima e a regulação emocional de jovens LGBTQIA+, gerando insegurança, medo e sentimentos de inadequação.

Por isso, “eventos como o show em Copacabana podem criar uma sensação de comunidade e pertencimento entre as pessoas que compartilham interesses e identidades semelhantes, permitindo que sejam autênticas e se conectem com outras que compartilham experiências semelhantes”, explica a especialista.

Além disso, pode trazer também o reconhecimento para grupos e identidades que podem ser marginalizados, permitindo que as pessoas se sintam mais confiantes e conectadas com sua identidade, aumentando a autoestima e a confiança, reduzindo, assim, a sensação de isolamento e solidão.

Elaine reforça ainda que a identificação com artistas como Gaga pode ter efeitos positivos na saúde mental, como aumento da autoestima, autoconfiança e compreensão das emoções.

“A arte, em geral, pode ser uma ferramenta para expressar sentimentos, lidar com a ansiedade e até mesmo com traumas, promovendo bem-estar emocional”.

Para os profissionais de saúde mental, a psicóloga destaca a importância de se aproximar da linguagem e das referências desses jovens, usando a escuta ativa e ferramentas culturais como a música, a arte e a literatura.

“Compreender o universo simbólico dos pacientes é essencial para oferecer acolhimento genuíno”, conclui.

Assim, mais do que uma diva pop, Lady Gaga se firma como uma aliada da saúde mental e do orgulho queer, transformando palcos em plataformas de amor, inclusão e cura coletiva.

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