Muito ainda haverá de ser dito sobre a pandemia do coronavírus e os impactos para a população mundial.
Passado o período crítico e com expansão da cobertura vacinal, permanece a indagação: o que a humanidade aprendeu com este inimigo invisível?
No livro Corina e Corona: aprendizados da pandemia, a autora capixaba Isabela Castello dialoga sobre o tema com um público específico: adolescentes e jovens.
A narrativa permeia a relação entre as duas personagens que dão título à obra: Corina, uma menina que perdeu a avó amada e admirada para a Covid-19, e Corona, o vírus personificado.
Esse encontro é estabelecido quando, reclusa em seu quarto, triste ao lembrar da avó, a protagonista mergulha em um sonho.
Na forma de diálogos, eles conversam não apenas sobre luto, mas sobre o descaso dos governantes e da população em torno das questões ambientais, sociais, de saúde, educação e cultura.
“É o que o Harari já falava antes mesmo da pandemia.
Corina e Corona, p. 40
Essas soluções precisam ser globais.
Não dá mais para pensar apenas em si mesmo ou no seu país.
Para conter uma pandemia dessas, é preciso incluir todos.
E essa inclusão passa, necessariamente, pela redução da desigualdade econômica global.”
Artista plástica, designer e colunista ambiental, a autora também incorpora aos diálogos outros personagens emprestados de clássicos da literatura, como os animais de A Revolução dos Bichos e A Fazenda dos Animais, de George Orwell.
O cenário de Alice no País das Maravilhas, e o Palácio Garnier, de O Fantasma da Ópera, também ajudam a enriquecer o enredo construído sob uma perspectiva bucólica.
Carregado de propósito, Corina e Corona atualiza e contextualiza a pauta da pandemia para o leitor infantojuvenil, e vai além deste público, para frisar a necessidade de as gerações atuais e futuras reverem suas atitudes com vistas a um amanhã melhor para todos.
“Parece que ao retomarmos nossas rotinas, no pós-pandemia, muitos dos aprendizados foram esquecidos. Estamos voltando ao mesmo padrão de consumo e estilo de vida de antes da pandemia. Precisamos urgentemente rever isso”, destaca Isabela.
A obra também presta uma homenagem a Judith Leão Castello Ribeiro, primeira mulher no Brasil a participar de uma eleição e a primeira deputada estadual do Espírito Santo.
Tia-avó da autora, Judith era professora, escritora e foi a primeira presidente da Academia Feminina de Letras do Estado capixaba.