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Democracia à venda: A compra de votos deveria ser legal?

Essa prática comum e ilegal expõe hipocrisia eleitoral; por isso, faço a seguinte pergunta, legalizar resolveria ou aprofundaria as distorções do sistema?

Foto do autor do artigo.

Crédito da foto principal: Arquivo pessoal

Escrito por Victor Hugo Cavalcante, editor e jornalista do site Jornal Folk.

A cada ciclo eleitoral, um velho fantasma insiste em rondar o Brasil: a compra de votos.

Se é ilegal e imoral, por que ela persiste, especialmente nas periferias e comunidades vulneráveis?

Surge então a provocação: e se legalizássemos essa prática? Será que isso resolveria nosso sistema político?

À primeira vista, a ideia até é sedutora.

Afinal, legalizar a compra de votos poderia expor a hipocrisia do sistema, tornar transparente uma prática hoje disfarçada por favores e doações veladas, e até representar uma “redistribuição” direta de renda nas comunidades mais pobres, ainda que momentânea e limitada.

A venda de votos poderia, na superfície, valorizar o eleitor, atribuindo peso econômico e até político real à sua decisão.

Afinal, nada irrita mais o brasileiro do que perder dinheiro sem retorno — uma reação humana legítima.

E, se grupos de poder já compram influência, por que o cidadão não poderia negociar seu voto?

É uma visão atraente essa ideia não? #SQN

Essa pergunta e sua resposta, feita para chocar e provocar, revela uma dura realidade: o sistema político atual já está longe de ser justo ou transparente, e a legalização da compra de votos não é mais do que um sintoma do que precisa ser radicalmente reformado.

Essa ideia, apesar de aparentemente lógica, é uma armadilha perigosa.

Transformar o voto em moeda de troca não fortalece a democracia, mas corrói a cidadania e reduz o eleitor a um simples vendedor — ignorando seu papel fundamental como protagonista do processo político.

Legalizar a compra de votos aprofundaria a desigualdade política, permitindo que o dinheiro fale ainda mais alto e consolidando um sistema onde a política deixa de ser um espaço de debate para se tornar um verdadeiro leilão.

Essa prática marginalizaria candidatos sem poder econômico, sufocando qualquer renovação e desmobilizando a participação social.

No fim das contas, não se trata de negar que a compra de votos existe — ela é uma triste realidade que precisa ser combatida — mas sim de entender que a legalizar seria aceitar um retrocesso grave, onde o poder econômico se sobrepõe à vontade popular e aos princípios básicos da democracia.

E você, leitor, acha que a compra de votos deveria ser legal? Não queremos “comprar” sua opinião, somente saber o que pensa de verdade.

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