O setor de tecnologia está entre os que mais crescem no mundo, impulsionando inovações que transformam a sociedade.
E, apesar dos desafios, as mulheres têm conquistas notáveis nessa área, embora seus nomes raramente sejam lembrados.
Você sabia que o Wi-Fi só existe graças a Hedy Lamarr, que desenvolveu um sistema de comunicação sem fio durante a Segunda Guerra Mundial?
Ou que a programação moderna foi fortemente influenciada por Grace Hopper, criadora do primeiro compilador de linguagens de programação?
Mesmo com contribuições fundamentais para o avanço da tecnologia, a história frequentemente apaga ou minimiza o papel feminino, reforçando a falsa ideia de que esse é um setor predominantemente masculino.
Disparidade de gênero
Embora tenha havido um aumento na presença feminina, a disparidade de gênero permanece evidente.
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), entre 2015 e 2022, houve um crescimento de 60% na participação de mulheres na área de tecnologia.
No entanto, os homens ainda representam 83,3% dos profissionais do setor, indicando que as mulheres ocupam apenas 16,7% das posições disponíveis.
A desigualdade salarial também é um desafio persistente.
Estudos apontam que, em média, mulheres recebem 19,4% a menos que homens em cargos equivalentes, e essa diferença pode chegar a 25,2% em posições de liderança.
No setor de Tecnologia da Informação (TI), uma pesquisa realizada pela Ponglê revelou que diretoras nesse setor ganham, em média, 48% menos que seus colegas homens em posições equivalentes.
Barreiras culturais e sociais
Desde a infância, meninas são desencorajadas a seguir carreiras em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM).
Apesar de representarem 60% dos estudantes que concluem graduação no Brasil, apenas 15% delas estão entre os formandos em TI e computação.
Essa realidade se reflete na formação acadêmica e, posteriormente, no mercado de trabalho, onde ambientes pouco acolhedores podem dificultar ainda mais a permanência das mulheres.
A predominância masculina e a pouca abertura para a diversidade ainda é comum em muitas empresas de tecnologia, tornando o ambiente menos receptivo para profissionais femininas.
E como vencer esses obstáculos?
Para mudar esse cenário de desigualdade na tecnologia, é essencial que as soluções sejam implementadas de forma estruturada e abrangente.
O primeiro passo é investir na educação e na representatividade desde cedo. Iniciativas que incentivam meninas a explorar carreiras em tecnologia, como feiras científicas, programas de mentoria e cursos acessíveis de programação, são fundamentais para quebrar a ideia de que esse setor é predominantemente masculino.
Projetos como o Meninas Digitais e o PrograMaria já demonstraram impacto positivo ao conectar jovens mulheres com oportunidades no setor.
Dentro das empresas, a mudança passa pela adoção de políticas de equidade salarial e promoção baseada em mérito, garantindo que mulheres tenham oportunidades reais de crescimento e liderança.
Empresas que investem na equidade de gênero não apenas criam ambientes mais inovadores, mas também apresentam melhores resultados financeiros e operacionais, como demonstram estudos da McKinsey e do Fórum Econômico Mundial.
Sobre a autora

Andrea Rivetti é CEO da Arlok, empresa fundada há mais de 15 anos, que tem como propósito impulsionar negócios e viabilizar o acesso à tecnologia.