O mês de abril de 2025 foi o segundo mais quente já registrado globalmente, segundo o Copernicus Climate Change Service (C3S), programa europeu de monitoramento climático.
A temperatura média global ficou mais de 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, evidência da intensificação dos extremos térmicos com impactos diretos sobre a saúde, a produtividade e a infraestrutura de ambientes fechados.
“A realidade das mudanças climáticas já se impõe sobre o cotidiano de empresas, escolas, hospitais e espaços de grande circulação. Sem climatização adequada, esses ambientes se tornam insalubres, comprometendo saúde, bem-estar e segurança de seus ocupantes”, afirma Patrick Galletti, engenheiro mecatrônico, pós-graduando em Engenharia de Climatização e CEO do Grupo RETEC, empresa com mais de 42 anos de atuação no setor de AVAC-R (Aquecimento, Ventilação, Ar-Condicionado e Refrigeração).
Crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas estão entre os grupos mais vulneráveis ao calor excessivo.
“Temperaturas elevadas afetam diretamente o organismo, podendo causar desidratação, queda de pressão, fadiga extrema e agravar doenças respiratórias. Em escolas, hospitais e repartições públicas, isso não é somente uma questão de desconforto, mas de saúde pública”, complementa o especialista.
Climatização exige estratégia, não somente ar-condicionado

Para enfrentar os extremos climáticos, o uso isolado de aparelhos de ar-condicionado já não é suficiente.
A climatização eficiente, segundo Galletti, requer automação, renovação de ar com ventilação inteligente, controle de umidade e planejamento técnico.
Sistemas de água gelada e os modernos, como os de Volume de Refrigerante Variável (VRV), oferecem controle por zonas, conforto térmico e menor consumo energético.
A Organização Mundial da Saúde recomenda manter a umidade relativa do ar entre 50% e 60%.
“Abaixo desse índice, aumentam os problemas respiratórios; acima, há risco de mofo e sensação de abafamento. Por isso, não basta refrigerar o ar. É preciso garantir qualidade e equilíbrio”, explica Galletti.
Sensores de presença e qualidade do ar tornam-se aliados nesse processo, já que eles ajustam automaticamente a ventilação ou acionam modos de economia em áreas desocupadas.
“A tecnologia existe e está acessível. Falta incorporá-la como política de infraestrutura e manutenção”, pontua.
Manutenção negligenciada amplia riscos e custos
Dados da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA) indicam que até 40% das falhas em sistemas de climatização poderiam ser evitadas com manutenção preventiva.
Problemas recorrentes incluem filtros sujos, fluido refrigerante abaixo do ideal e posicionamento inadequado dos equipamentos.
“É comum vermos equipamentos colapsarem justamente nas ondas de calor, quando são mais necessários. Isso não é coincidência, é falta de planejamento e revisão constante”, alerta o engenheiro.
“A manutenção não é opcional: ela garante economia, segurança e confiabilidade do sistema.”
Climatização sustentável ganha força no Brasil
A climatização também tem papel estratégico na agenda ambiental.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), sistemas como o VRV, aliados a fontes renováveis como energia solar, podem reduzir em até 70% o consumo energético e até 90% das emissões de gases de efeito estufa.
“O clima está mudando aceleradamente, e isso exige uma resposta imediata das organizações. A climatização inteligente é uma ferramenta estratégica para garantir bem-estar, reduzir custos e minimizar impactos ambientais. Não é mais um diferencial: é uma necessidade”, conclui Galletti.