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Os benefícios da leitura infantil

Em 18 de abril se comemora o Dia Nacional do Livro Infantil, e nós fomos atrás de especialistas que nos contam da importância da leitura infantil acompanhada pelos pais ou responsáveis e dicas de como realizar esta atividade.

Em 18 de abril de 1882 o criador do Sítio do Picapau Amarelo, Monteiro Lobato, nascia na cidade de Taubaté.

Lobato foi o primeiro escritor a inserir nas histórias para crianças e os jovens os elementos da cultura nacional, como costumes do povo do interior e lendas de nosso folclore, e fez isso de forma única, combinando a identidade brasileira a elementos da literatura universal, como a mitologia grega.

Anos depois, em 2002, Lobato seria homenageado em um dia de celebração à literatura infantojuvenil no Brasil através da Lei n.º 10.402 de 8 de janeiro de 2002.

Esta data, conhecida como Dia Nacional do Livro Infantil, 18 de abril, comemora o nascimento daquele que seria criador de Emília, Narizinho e todos os personagens icônicos do Sítio, e também o precursor da literatura paradidática, que nas escolas tem o objetivo de permitir que a criança aprenda enquanto brinca e lê.

Mas essa data não se restringe apenas a Lobato, ela comemora também toda a leitura infantojuvenil e sua importância para o desenvolvimento de jovens e crianças do país.

A leitura como todos nós sabemos é um ponto principal para um bom desenvolvimento, mas como afinal, a leitura infantil pode ajudar no desenvolvimento mental e cerebral da criança?

Na parte mental, quem responde esta dúvida é a psicoterapeuta Myriam Durante:

“Na verdade, a leitura para as crianças tem o papel de ser um dos agentes mais importantes na questão da imaginação. Para as crianças, é através da imaginação que ela explora o mundo de modo mais intenso, fazendo descobertas e pensando em possíveis soluções”.

Ela ainda completa que a leitura trabalha esse lado lúdico e alimenta a capacidade da criança inventar histórias, construir cenários mentais e solucionar problemas ao seu modo.

Isso tudo, segundo a psicoterapeuta, é muito importante porque gera segurança, autoestima e a capacidade de racionalizar determinadas situações, enxergando potenciais saídas e é onde a capacidade lógica se desenvolve.

“Com a leitura, a criança consegue ter a autonomia necessária para construir sua própria realidade, além de formar aos poucos traços de personalidade” completa.

Crédito: Foto cedida

Myriam (foto acima) ainda mostra cinco dicas de como os pais ou responsáveis podem incentivar as crianças a pegarem o gosto pela leitura:

  1. Dando exemplo: não adianta falar para criança ler se elas só veem os pais ao celular, jamais lendo um livro;
  2. Lendo junto: deixe no sofá ou na cama com o filho e cada um lê um parágrafo ou no final de um capítulo cada um dá a sua visão sobre o que acabou de ler;
  3. Leve o filho a biblioteca ou livraria e mostre como é divertido escolher um livro e passar algumas horas lendo;
  4. Compre livros sobre temas que a criança já se interessa;
  5. Insira os livros no dia a dia: por exemplo, se a criança quer um pet, convide-o para ir a uma livraria para juntos comprarem livros sobre pets e como cuidar deles (tenha o cuidado de escolher obras compatíveis com o nível de desenvolvimento da criança).

Além disso, a leitura infantil contribui para o desenvolvimento cerebral da criança, como afirma o especialista em Neuropsicopedagogia Sérgio De Carvalho Junior:

“A leitura é uma das principais atividades que estimulam o desenvolvimento da linguagem, do vocabulário, do ritmo, da criatividade, da imaginação e da semântica em crianças. No entanto, a falta de leitura pode prejudicar significativamente o desenvolvimento dessas habilidades, tornando a comunicação e a compreensão mais difíceis na vida adulta”.

Crédito: Foto cedida

Sérgio (foto acima) ainda explica que de acordo com Stanislas Dehaene na obra Os Neurônios da Leitura, a leitura é um dos principais meios pelos quais o cérebro humano aprende a processar e reconhecer símbolos linguísticos, permitindo o desenvolvimento da leitura e escrita.

“Dehaene enfatiza a importância de a criança ser exposta à leitura desde cedo, para poder desenvolver as conexões neurais necessárias para o processamento da linguagem escrita e a psicologia cognitiva argumenta que a leitura influencia no desenvolvimento cerebral infantil, especialmente nas áreas relacionadas à linguagem e à compreensão. Quando a criança lê, ela precisa processar informações de forma rápida e eficiente, estimulando o cérebro a criar novas conexões neurais e a aprimorar as habilidades cognitivas. Além disso, a leitura também pode ajudar a desenvolver a memória, a concentração e a empatia”.

“O autor de Best Sellers, Jordan Peterson, acredita que a escrita é fundamental para o pensamento, pois permite que as ideias sejam organizadas e expressas de maneira clara e coerente. Da mesma forma, a leitura ajuda a expandir o vocabulário, a compreensão e a capacidade de expressão da criança, não apenas linguística, mas também não verbal, de mundo, permitindo que ela desenvolva habilidades importantes para a vida, em resumo, a leitura é fundamental para o desenvolvimento do cérebro infantil, estimulando o processamento da linguagem, a criatividade, a imaginação e a compreensão. A exposição precoce à leitura pode ajudar a criar as conexões neurais necessárias para o processamento da linguagem escrita, enquanto a prática regular de leitura pode aprimorar as habilidades cognitivas da criança e ajudá-la a se comunicar e compreender melhor na vida adulta” finaliza oprofessor Sérgio de Carvalho Junior.

Quem também responde sobre os benefícios da leitura infantil e seu acompanhamento para o desenvolvimento escolar das crianças é a professora Cláudia Cruz:

“A leitura infantil ajuda a criança a se desenvolver cognitivamente, ela vai criando quadros mentais, fantasiando, e desenvolvendo a criatividade por meio das histórias que escuta e/ou lê, além de criar um hábito e gosto pela leitura”.

A professora Cláudia ainda exemplifica algumas ações que a escola onde trabalha realiza com as crianças para comemorar o Dia do Livro Infantil.

“Em nossa escola, por exemplo, fazemos café filosófico com leitura, feira de troca de livros, leitura em grupo, análise de livros que viraram filmes”.

O Dia Nacional do Livro Infantil é também o momento em que editoras e escritores podem aproveitar para discutir a importância da literatura infantil na cultura brasileira, expor os problemas que ela enfrenta, divulgar as histórias bem-sucedidas dela, e realizar o lançamento de novos livros e autores do gênero.

E para falar um pouco sobre os desafios do mercado literário para as crianças no Brasil nós conversamos com Karen Rodrigues (foto abaixo), escritora de livros como As cores de Cecília, A Florzinha e o Porquinho, Diário de Duda e outros livros infantis indicados para alunos do Ensino fundamental – Anos Iniciais que incluem atividades pedagógicas alinhadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC):

Crédito: Foto cedida

“Acredito que o maior desafio seja formar leitores. Estamos ‘competindo’ com brinquedos que brincam sozinhos, celulares e tablets, porém, são bem vistos pelos pais, pois entretém as crianças por mais tempo. No caso, precisamos ir à raiz de toda essa questão: a valorização da literatura. Pais que leem mais incentivam seus filhos a lerem também.”.

De nada serve um livro sem um leitor, e por isso conversamos com Otávio Muniz Neto (foto abaixo), que procura incentivar a pequena Iúna Carnasciali Muniz, 8 anos, a ler tanto de forma acompanhada por eles quando desacompanhada.

Crédito: Foto cedida

“Primeiramente, pelo exemplo. Ela nos vê lendo em casa e temos muitos livros por aqui. Sempre que possível compramos novos livros infantis para ela. No carro sempre tem também livros disponíveis para leitura durante os trajetos. Isso tem funcionado bastante. Ela algumas vezes tem pedido para ver nossos celulares no carro quando sabe que o caminho será longo e aí a gente oferece os livros e ela aceita super bem, já chegou a ler um livro inteiro durante um trajeto. Por isso, entendemos que é importante a oferta e o exemplo, se a criança não vê os adultos lendo em casa, pode questionar? Por que só eu tenho que ler se eles não leem? É como com a comida. Se queremos que ela coma frutas e saladas, ela precisa nos ver comendo também. E quanto à oferta, como ela vai ser se não ofertarmos livros interessantes a ela? Então, entendemos que o combo ‘exemplo + oferta’ tem funcionado bem”.

Quem também acompanha seu filho na leitura são os papais do pequeno Davi, Elisangela Mendes e Cristino Silva (foto abaixo), ambos donos do perfil literário 1 Dose Literária.

Crédito: Foto cedida

E como perfil literário, eles nos dão dicas de como os pais podem acompanhar o universo literário conforme a idade de seu filho.

A primeira dica é ler para seu filho, escolha uma linguagem simples!

“Nós começamos a ler para o Davi quando ele estava no ventre, ainda em formação!” comentam.

A segunda dica é que as crianças tenham livros interativos, com texturas diferentes, e eles citam como exemplo o primeiro livro do Davi que foi um livro de tecido.

“Invista nesses livros, são maleáveis e laváveis, e isso vale para bebês iniciantes no universo literário”.

A terceira dica é ter um cantinho da leitura.

“Não precisa ser aquele cantinho instagramavel, uma ou duas prateleiras na parede, tapete, almofadas ou puff já completa o cenário! Convide a criança a ter contato com os livros, recomendamos deixar o livro na altura dos olhos da criança, livros comprados em sebo é uma ótima opção para quem quer começar a introdução da criança nesse mundo mágico e cheio de fantasias!” completa o casal.

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