A quarta edição do Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo (Dona Ruth: FTNsp) vai acontecer entre os dias 17 a 26 outubro de 2025, após um hiato de três anos.
A programação ocorre em espaços como Itaú Cultural, SESC 24 de Maio, SESC Bom Retiro, Complexo Cultural Funarte SP e iBT — Instituto Brasileiro de Teatro, com programação inteiramente gratuita e recursos de acessibilidade.
Pela primeira vez, a programação conta com espetáculos internacionais, tendo como foco uma mirada pela ‘Améfrica Ladina’, conforme conceitua a intelectual Lélia Gonzalez, com duas obras, uma colombiana e outra cubana, ambas inéditas no Brasil.
De Cuba, o grupo Ritual Cubano Teatro traz a montagem Kid Chocolate, obra protagonizada pelo premiado ator Jorge Enrique Cabellero Elizarde, inspirada na vida do famoso boxeador cubano homônimo.
Na encenação acompanhamos a saga do personagem em busca do paraíso.
Da Colômbia, a Fundación Afrocolombiana Casa Tumac chega com Atarugao Rostros Invisibles.
Essa montagem explora a dança contemporânea, o teatro e a música afro-colombiana da região do Pacífico para dar luz à história de seis homens negros que, ao chegarem numa metrópole, enfrentam os desafios em busca de oportunidades para as suas vidas.
Os espetáculos nacionais que compõem o Dona Ruth: FTNsp — 4ª Edição são: Herança, da Cia. Burlantis (Belo Horizonte–MG), que celebra os 50 anos de carreira do ícone da cultura afro mineira Maurício Tizumba; Terra Brasilis Top Trans Pindorâmica, da Cia. Sacana de Teatro e Dança(São Paulo–SP), que retrata a disputa de narrativas em um Brasil paralelo, sedimentado nas vivências entre pessoas trans e travestis; Danúbio, do Grupo Sutil Ato (Sobradinho–DF), inédito em São Paulo, que traz para a cena a relação com tempo por meio de um encontro lírico e de diferentes gerações; outro inédito na cidade, o Vamos pra Costa?, do Núcleo da Tribo (Itacaré–BA), traz a dança como ferramenta de visibilidade para os modos de organização e ações cotidianas em Itacaré; o infantil Gotas de Saberes, da Cia. Arteatro (Boa Vista–RR), também inédito em São Paulo, é uma obra inspirada em histórias do povo Makuxi; e Samba de Muriquinho, do Núcleo Abre Caminhos (São Paulo–SP), faz uma roda de samba com composições autorais para crianças de todas as idades.
Além dos espetáculos nacionais e internacionais, a programação conta com atividades formativas do Quilombo Artístico-pedagógico, que totalizam quatro ações abertas ao público com inscrições prévias.
Serão três oficinas, ministradas pelos grupos Ritual Cubano Teatro (Cuba), Casa Tumac (Colômbia) e Núcleo da Tribo (BA).
E, por fim, uma residência artística, conduzida pela Cia. Arteatro (RR) e pelo Núcleo Abre Caminhos (SP), tendo como tema as infâncias indígenas e negras brasileiras, público para o qual os grupos dedicam suas criações.
Completam a programação as Giras de Conversa, com debates conduzidos pelos críticos convidados Deise de Brito e Guilherme Diniz junto a convidados e artistas presentes na programação, e diversos lançamentos de livros.
O Festival terá ainda a Casa de Francisca e a Aparelha Luzia como Pontos de Encontros durante os dias do evento.
Para o diretor-geral e curador do Dona Ruth: FTNsp, Gabriel Cândido, a 4ª edição “traz outras possibilidades de olharmos para as elaborações poéticas, estéticas e éticas das cenas negras diaspóricas contemporâneas. Essa é a principal razão de ser do festival. Por isso, é uma alegria imensa fazer esse evento, retornar após três anos com uma programação tão provocante. Ganha a cultura do país, a cidade, o teatro brasileiro e, principalmente, o público.”
A curadora convidada desta edição, Soraya Martins, espera com essa programação “poder fazer pulsar um festival no qual as subjetividades e estéticas são celebradas na sua multiplicidade e diferença como traço distintivo, com dias de festas, potências, criatividade, muitos encantamentos e de renovação de desejos para continuarmos recriando as formas infinitas de estarmos em cena e no mundo.”
Permanentemente, o festival homenageia a atriz Ruth de Souza (1921–2019) como um gesto afetivo, dando a este território o nome de “Dona Ruth”, reconhecendo esta mulher negra e artista como uma das atrizes mais importantes da história do teatro, cinema e teledramaturgia do Brasil, que através de sua excelência técnica e ativismo, tornou-se uma referência ética, artística e intelectual, bem como um símbolo de abertura de caminhos para pessoas negras artistas de diferentes gerações.
O Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo é uma idealização da atriz e gestora cultural Ellen de Paula e do diretor e dramaturgo Gabriel Cândido, cujas três primeiras edições ocorreram em 2019, 2020 (online) e 2021 (híbrido).
O festival ainda promoveu atividades como 100 Anos de Ruth de Souza: um sonho que se no tempo (2021), lançamento do livro Entre Mira, Serafina, Rosa e Tia Neguita: a trajetória e o protagonismo de Léa Garcia, de Júlio Claudio da Silva com participação da própria atriz e do cineasta Joelzito Araújo (2023); e a edição Pré-Festival: compartilhamentos curatoriais (2023).
Com curadoria do idealizador Gabriel Cândido, também à frente da direção-geral do evento, e pela curadora convidada Soraya Martins, a quarta edição do Dona Ruth: FTNsp conta com patrocínio do Banco Itaú por meio da Lei Rouanet e apoio do Programa Iberescena e sua realização é em parceria com o SESC SP.
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