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Alta no IOF pode aumentar inadimplência entre PMEs

CEO da Global alerta que imposto mais alto encarece crédito, pressiona o capital de giro e exige revisão urgente das políticas financeiras das empresas.

Imagem ilustrativa de uma pessoa com a mão na cabeça em frente a uma loja fechada.

Crédito da foto principal: Cunaplus_M.Faba/Getty Images.

O aumento das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) que entrou em vigor no final de maio traz novos riscos de inadimplência para médias empresas, segundo avaliação de Silvano Boing, CEO da Global, maior recuperadora de crédito B2B do Brasil.

Segundo o especialista, as mudanças no imposto acontecem em um cenário de juros elevados, o que encarece ainda mais o crédito e prejudica o acesso a capital de giro.

“A alta do IOF chega em um momento particularmente sensível para as médias empresas, que já vinham enfrentando dificuldades para manter o caixa saudável com taxas de juros elevadas e crédito restrito”, afirma Boing.

“A elevação do custo do dinheiro deve afetar diretamente o capital de giro, essencial para manter a operação rodando em setores como comércio, serviços e indústria”, completa o especialista.

As novas alíquotas do IOF fazem parte do esforço do governo federal para aumentar a arrecadação e equilibrar as contas públicas.

As medidas anunciadas em maio previam a geração de até R$ 20 bilhões em receitas adicionais ainda em 2025.

No entanto, o recuo em algumas mudanças, anunciado no início de junho, deve reduzir essa estimativa para R$ 7 bilhões.

Mesmo retrocedendo em alguns pontos, o ambiente de incerteza segue pressionando o planejamento financeiro das empresas.

Inadimplência entre empresas segue crescendo

Dados da Serasa Experian mostram que, em março, o Brasil bateu um novo recorde de inadimplência B2B: são 7,3 milhões de empresas com pagamentos em atraso, totalizando R$ 169,8 bilhões em dívidas.

Os altos índices de atraso nos pagamentos têm sido registrados pela Global que, em 2024, negociou mais de 1,5 milhão de títulos vencidos, que representaram cerca de R$ 1,5 bilhão.

O levantamento faz parte do Índice Global de Recuperação de Crédito B2B, que traz uma análise da inadimplência entre empresas.

A busca por crédito é outro fator a ser observado.

O Indicador de Demanda das Empresas por Crédito, também apurado pela Serasa, mostrou que em março a tendência de alta desacelerou, com crescimento de 0,9% frente a 13,1% do levantamento anterior.

Porém, esse avanço mais modesto foi puxado por micro e pequenas empresas, uma vez que as de médio porte registraram queda de 4,8%, enquanto as grandes tiveram redução de 4,7%.

Para Boing, o impacto tem risco de se espalhar de forma sistêmica entre cadeias produtivas e fornecedores:

“A inadimplência entre empresas difere do varejo, porque se propaga e compromete relações de longo prazo, gerando um efeito dominó nas operações, especialmente em setores que dependem fortemente de insumos financiados ou prazos longos de negociação”.

Empresas devem fazer ajustes em suas políticas de crédito

As mudanças no IOF têm sofrido resistência no Congresso, o que já fez a equipe econômica recuar em alguns pontos.

Boing diz que isso cria uma indefinição prejudicial às empresas, que não podem esperar para definir seus negócios, muitas vezes fruto de planejamento de médio e longo prazo.

Diante dessa conjuntura de instabilidade, agravada pela alta dos juros, a orientação do especialista é para os gestores financeiros anteciparem cenários e façam ajustes em suas políticas de crédito.

“A insegurança jurídica e tributária torna o ambiente ainda mais volátil. Por isso, recomendamos ações preventivas, como a revisão dos limites concedidos, renegociação antecipada com clientes estratégicos e uso de inteligência de dados para identificar riscos antes que se concretizem”, ilustra o executivo.

Ele explica que, na prática, essas ações funcionam como blindagem contra calotes.

A revisão dinâmica dos limites de crédito trava novas vendas a prazo de alto risco.

Já a renegociação antes do vencimento insere a empresa num diálogo preventivo por meio de uma cobrança estratégica, reduzindo a inadimplência ao oferecer alternativas de pagamento antes que a dívida atrase ou envelheça.

E a inteligência de dados identifica padrões de atraso em tempo real e ativa réguas capazes de proteger a empresa.

“Por mais que a volatilidade traga riscos elevados de inadimplência, existem diversas estratégias preventivas que podem auxiliar as empresas a se protegerem de atrasos que comprometam seu fluxo de caixa”, conclui.

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